Gaudium news > Os bispos ucranianos expressaram ao Papa a tristeza de seu povo por suas declarações sobre a Rússia

Os bispos ucranianos expressaram ao Papa a tristeza de seu povo por suas declarações sobre a Rússia

Francisco se reuniu por duas horas com os bispos ucranianos de rito latino que participam de um sínodo em Roma.

Foto: Vatican media

Foto: Vatican media

Redação (07/09/2023 15:57, Gaudium Press) O Papa Francisco cumpriu ontem o tão esperado e não fácil encontro com os bispos ucranianos de rito latino, reunidos em sínodo, em Roma, após a tempestade desencadeada por suas declarações aos jovens em São Petersburgo, quando elogiou o legado cultural da “grande mãe Rússia”, e mencionou czares como Pedro I e Catarina, a Grande, causando a indignação de muitos ucranianos.

O Pontífice fez um gesto de deferência aos bispos, chegando uma hora antes do previsto para o encontro, e estando com eles por duas horas. Mas os prelados, que sabiam da repercussão mundial do que ali se passava, não pouparam ao Papa uma vírgula do que pretendiam dizer. Todo o episcopado expressou ao Papa a sua perplexidade com algumas de suas declarações.

O encontro com Francisco começou com a saudação do Arcebispo Maior, Dom Sviatoslav Shevchuk. Os bispos ucranianos explicaram ao Papa que “algumas declarações e gestos da Santa Sé e em particular de Sua Santidade são dolorosos e difíceis para o povo ucraniano entender, visto que neste momento luta e sangra para preservar sua dignidade e independência”.

Ademais, os prelados ucranianos disseram ao Pontífice que “as incompreensões entre a Ucrânia e o Vaticano são explorados pela propaganda russa para justificar, promover e sustentar a ideologia homicida do mundo russo”, deixando claro que suas palavras apenas transmitiam o que seus fiéis pediram para relatar a Francisco.

“Os fiéis de nossa Igreja são sensíveis a cada palavra de Vossa Santidade como voz universal da verdade e da justiça”, ressaltou o Arcebispo-Mor.

“Ele não perdeu tempo conversando conosco. Ele passou o tempo nos ouvindo e estando conosco”, disse o bispo Kenneth Nowakowski, da diocese católica ucraniana da Sagrada Família, em Londres, ao Catholic News Service. “Os bispos estavam à vontade e mencionaram todos os sentimentos de dor que seu povo tem. Foi algo importante para nós que o Santo Padre tenha ouvido isso, que tenha ouvido como as pessoas reagiram”, quando disse aos jovens russos para se orgulharem de sua herança.

Palavras de Francisco

Por seu lado, o Papa recordou as explicações já dadas no seu regresso da Mongólia, em 4 de setembro passado, quando respondeu aos jornalistas que as suas referências à grande Mãe Rússia, a Pedro, o Grande e Catarina II – czares que conquistaram nações vizinhas – não foram a melhor forma de destacar a sua real intenção, que era a de elogiar o legado cultural russo.

“O fato de vocês duvidarem com quem o papa está foi particularmente doloroso para o povo ucraniano”, disse ele aos bispos. “Quero assegurar-vos a minha solidariedade para convosco e a minha constante proximidade orante. Estou com o povo ucraniano”, afirmou o pontífice.

Procurando manifestar essa proximidade com um fato concreto, o Papa trouxe ao encontro um ícone de Nossa Senhora que lhe havia sido dado por Dom Schevchuk, quando era jovem bispo na Argentina. “Rezo pela Ucrânia todos os dias diante dela”.

Embora em grau muito menor, também nestes dias outra referência histórica de Francisco despertou ressentimento, quando elogiou o Império Mongol de Genghis Khan pelo respeito à liberdade religiosa e às culturas, e que “deveria ser valorizado e reproposto nos nossos dias”. Entretanto, Genghis Khan, criador do talvez maior império da história, também usou a violência. Suas conquistas viram o assassinato de 40 milhões de pessoas, ou seja, 11% da população global no século XIII.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas