O sacerdote vive para o Altar
“Todas as boas obras reunidas não igualam o valor da Missa”.
Redação (03/08/2021 10:40, Gaudium Press) “Igreja tem necessidade de sacerdotes santos”, afirmou certa vez Bento XVI em uma homilia. Pois o ministério ordenado, indispensável para a Igreja e para o mundo, requer plena fidelidade a Cristo e união incessante com Ele.
O presbítero deve tender constantemente para a santidade, como o fez São João Maria Vianney. A renovação interior de um sacerdote implica em um testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, e do seu impulso para a perfeição espiritual dependerá, primordialmente, a eficácia do próprio ministério.
Ora, o cerne do ministério sacerdotal — lembrava oportunamente o São João XXIII — se desenvolve em torno da Celebração Eucarística. “Que é, pois, o apostolado do padre, considerado na sua ação essencial, se não congregar, onde quer que viva a Igreja, em volta do altar o povo?”, perguntava-se o Papa do Concílio (Encíclica Sacerdotii nostri primordia, n. 34).
Com efeito, é no altar que “o padre, pelos poderes que só ele recebeu, oferece o Divino Sacrifício”. É também ali “que o povo de Deus, iluminado pela pregação da fé e alimentado com o Corpo de Cristo, encontra a sua vida, o seu crescimento […]. É ali, numa palavra, que, de geração em geração, em toda a parte, cresce espiritualmente o Corpo místico de Cristo, que é a Igreja” (Idem).
Essa centralidade do Santo Sacrifício na vida das paróquias e comunidades levou o famoso teólogo dominicano Fr. Antonio Royo Marín a proclamar que celebrá-lo “é a função sacerdotal por excelência, a primeira e mais sublime de todas, a mais essencial e indispensável para toda a Igreja, e ao mesmo tempo fonte e manancial mais puro de sua própria santidade sacerdotal. É-se sacerdote, antes de tudo e sobretudo, para glorificar a Deus mediante o oferecimento do Santo Sacrifício da Missa” (Teología de la Perfección Cristiana. 11. ed. Madrid: BAC, 2006, p. 848).
O sacerdote vive, pois, para o altar. É nele que oferece o Santo Sacrifício, é em torno dele que reúne e abençoa seu povo, e é junto a ele que santifica a própria alma.
Pois, como lembra o Beato João XXIII, “a santificação pessoal do padre deve modelar-se sobre o Sacrifício que ele celebra, segundo o incitamento do Pontifical Romano: ‘Sede conscientes do que fazeis, imitai o que tratais’” (Sacerdotii nostri primordia, n. 36).
Por isso, São João Maria Vianney estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: “[…] é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse uma coisa ordinária! […] Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do Sacrifício da Missa, porque aquelas são obras de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus”.
Mas é também no altar que o sacerdote haure as forças necessárias para o combate espiritual. Pelo Sacramento da Eucaristia, ele se une com Cristo e fortifica com a graça sua vida interior. Ela serve de alimento e remédio espiritual, para o próprio ministro e para o povo que lhe foi confiado.
Fortalecer os fiéis com o Pão descido do Céu é o maior benefício que o pastor pode proporcionar a seu rebanho. O primeiro pecado foi cometido pelo abuso de um alimento, e a salvação eterna nos vem através de outro.
A Eucaristia se apresenta como uma resposta, da parte de Deus, ao pecado original, dando aos filhos de Adão infinitamente mais do que haviam perdido. Ao comerem nossos primeiros pais do fruto proibido, foi introduzido o pecado no mundo.
Porém, a resposta divina proporcionou aos homens infinitamente mais do que estes perderam: deu-lhes o próprio Deus em alimento!
As considerações acima, extraídas dos ensinamentos do Papa Emérito, mostram bem a razão pela qual o ministério sacerdotal transcende o mero benefício espiritual do conjunto dos presbíteros e atinge uma dimensão pastoral que abrange a Igreja inteira.
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 92, agosto 2009.
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