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O prêmio dos bons e o castigo dos maus

Enquanto os bons almejarem ser verdadeiramente íntegros, Nosso Senhor assegura que Ele mesmo dará “uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários” (Lc 21,15).

"O Juízo Final", por Fra Angélico - Foto: Gustavo Kralj

“O Juízo Final”, por Fra Angélico – Foto: Gustavo Kralj

Redação (16/11/2025 16:28, Gaudium Press) No penúltimo domingo do Tempo Comum, que evidencia a proximidade do término do ano litúrgico, a Igreja nos oferece, sobretudo por meio do Evangelho, a oportunidade de fazer considerações a respeito do fim do mundo e do Juízo Final.

O juízo final e a luta entre o bem e o mal

“Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. […] Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça” (Lc 21,12.18).

Na primeira leitura, Deus anuncia por meio do profeta Malaquias o castigo vindouro para aqueles que não andarem conforme as suas leis: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo. Para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas” (Ml 3,19-20).

Já na segunda leitura, São Paulo, em sua carta aos Tessalonicenses, nos ensina como alcançar a recompensa prometida por Deus, ao lembrar a seus discípulos a obrigação de seguir o bom exemplo que lhes foi ensinado: “Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade” e, logo abaixo, adverte-os para que prestem atenção, pois mesmo entre eles, havia “alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada” (2Ts 3,7.11). Ou seja, mesmo entre aqueles que eram chamados a ser filhos da luz, havia alguns que se importavam mais com os próprios interesses, contra os quais São Paulo teve de travar a luta mais difícil: não a de espada na mão, mas a da palavra, fazendo-se valer da mesma estratégia aplicada para desmascarar — certamente com base em fatos — a vida errada dos “falsos apóstolos” (Cf. 2Cor 11,13) os quais havia condenado anteriormente.

Por fim, no Evangelho, o Divino Mestre é ainda mais enfático nesse alerta quando diz: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente. Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim” (Lc 21,8-9).

“Porei inimizades”…

Ao mesmo tempo, as três leituras nos permitem considerar a continuidade histórica registrada desde as primeiras linhas do Gênesis, após o pecado original: “Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15), até a liturgia que acabamos de ver, que completa esse quadro histórico.

É muito curioso que tanto o Salvador quanto São Paulo tenham alertado a respeito dos lobos vestidos com peles de ovelhas (cf. Mt 7,15), como para prevenir seus discípulos de não se assustarem ao encontrar dentro do próprio Templo Santo os fariseus hipócritas os quais repreendeu, dizendo: “Vós fechais aos homens o Reino dos Céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar” (Mt 23,13).

A esse respeito, o Divino Mestre profetizou a sorte deles, simbolicamente representada pela alusão que fazia do templo que os judeus tanto elogiavam: “Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído” (Lc 21,5).

Portanto, no atual estado em que vivemos, quando nós virmos “levantar-se nação contra nação e reino contra reino” (Lc 21,10), lembremo-nos do ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo de procurar com todo o empenho extirpar de nossas almas todos os vícios que carregamos, por efeito do pecado de Adão, para que esse nosso templo interior nunca se encontre maculado, e nunca tenhamos medo de praticar a virtude, ainda que “odiados por todos por causa do meu nome”. O único juízo que verdadeiramente importa é o de Deus, já que, confiando na promessa do Salvador, Ele não permitirá que se perca “um só cabelo de vossa cabeça” (Lc 21,17-18). Desse modo, teremos a alegria de ouvir d’Ele no dia do juízo: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25,34).

Por Vinícius Mendes

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