O Papa no Canadá e a ‘farsa’ das valas comuns inexistentes
Não se deve acreditar em tudo o que uma determinada mídia diz, especialmente se for anticatólica.
Redação (24/07/2022 08:48, Gaudium Press) O Papa estará em breve no Canadá. Primeiro chegará em Edmonton, depois Quebec, a zona católica por excelência. Ele também visitará Maskwacis e Iqaluit, em uma viagem que irá até 30 de julho.
Contextualizando esta visita, Pablo Ginés fez, em ReligionEnLibertad, uma análise do catolicismo que o Pontífice encontrará neste país, descortinando um panorama um tanto sombrio, que, no entanto, não será tão diferente do visto em outros lugares que são novamente de ‘missão’ : “Secularização, contracepção e baixa natalidade, cultura do ócio, um sistema público de bem-estar que reduziu a importância dos serviços católicos, escândalos de abusos, imprensa hostil, políticos hostis, falta de impulso evangelizador… e para completar, a pandemia de coronavírus, que atingiu a economia das paróquias, altamente dependente do atendimento presencial e doações em dinheiro”.
“As valas comuns com mortos”
Entre outros pontos, Ginés aprofunda o tema da “farsa [falsidade] das valas comuns com mortos”.
Esta ‘farsa’ é um mantra que ainda se repete: Por exemplo, a manchete do jornal Deutsche Welle há dois dias sobre a visita de Francisco, intitulado “Uma viagem delicada: Papa Francisco visita o Canadá”, repete que “numerosas valas comuns foram descobertas nos últimos anos”. Supostas “valas comuns” de crianças indígenas, bem entendidas.
“Em maio de 2021, a imprensa anunciou que haviam ‘descoberto’ supostas 215 ‘sepulturas não marcadas’ na escola residencial em Kamloops, reserva indígena. Em 25 de junho, houve relatos de 751 corpos encontrados na Escola Residencial Marieval. E, em 30 de junho, falava-se de 182 descobertos na missão de St Eugene, perto de Cranbook”, lembra agora o colunista de ReligionEnLibertad .
Esses achados “tenebrosos”, que corresponderiam a crianças confiadas a internatos administrados por religiosos, foram o estopim para uma violência sem precedentes contra a Igreja no país, que incluiu a queima de inúmeros templos.
No entanto – e nas palavras de Ginés – “passaram 14 meses e nenhuma ‘tumba’ foi aberta, nenhum corpo foi encontrado, ninguém cavou. Parece que tudo se deve a um ‘radar geodésico’ que confunde raízes e rochas com ‘sepulturas’ imaginadas”.
Mas o fato de tudo não ter passado de uma farsa, não vai reconstruir as cerca de 60 igrejas incendiadas ou vandalizadas, algumas delas onde os católicos indígenas frequentavam.
De resto, quando alguém examina seriamente a história, confirma-se que “se uma criança morreu – de tifo, gripe, etc. – nesses internatos, a maioria era enterrada em sua aldeia. Assim, em Kamloops, apenas 4 crianças foram enterradas perto do internato (e não escondidas, mas no cemitério da cidade vizinha)”, ressaltou Ginés citando um historiador, professor emérito da Universidade de Montreal.
Análise anacrônica da história
“Não é uma farsa que os internatos governamentais – confiados às comunidades católica e protestante – funcionassem mal”, admite Ginés. Mas ele também lembra que não poucos dos pecados atribuídos a esses internatos, como castigos físicos, desprezo pelas culturas indígenas, trabalho estudantil, eram mais ou menos patrimônio comum da humanidade da época: “Os castigos físicos eram muito comuns (mas também o eram nas casas dos brancos, pobres ou ricos, e nas escolas de elite em Oxford ou Cambridge)”. “Nem no País de Gales nem na Escócia se estudava em galês ou escocês, nem em bretão ou catalão na Bretanha. Os impérios inglês e francês desprezavam línguas e culturas diferentes da imperial”.
Assim, já foi dado o reconhecimento das faltas que existiam:
“Depois que o governo canadense reconheceu esses fatos, o Papa Bento XVI, em 2009, recebeu uma delegação de nativos canadenses e expressou sua ‘tristeza pela conduta deplorável daqueles católicos que causaram imensa dor e sofrimento aos que frequentavam as escolas residenciais’. Ele estava se referindo principalmente a casos de punição física brutal. Uma Comissão de Verdade e Reconciliação, em 2015, finalizou um relatório de 6 volumes com recomendações. A Igreja Católica se comprometeu apoiar mais as comunidades indígenas hoje, com projetos solidários e com escolarização e bolsas de estudo, como vinha e continua fazendo”.
Em suma, ratifica-se o ditado de que não se deve acreditar em tudo o que uma determinada mídia diz, especialmente por ser anticatólica.
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