“O mal nunca pode vir de Deus”, assegura o Papa Francisco
“É Ele (Deus) quem envia uma guerra ou uma pandemia para nos punir por nossos pecados? E por que o Senhor não intervém?”, questionou o Pontífice no Angelus.
Cidade do Vaticano (21/03/2022 17:03, Gaudium Press) No último domingo, 20 de março, antes de recitar a oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro, o Papa Francisco, comentou o Evangelho de São Lucas (Lc 13,1-9), que trata das notícias que chegavam a Jesus de mortes devido à violência de Pilatos e da queda da torre de Siloé.
Explicando essa passagem evangélica, na qual as pessoas procuravam descobrir quem era o culpado por essas tragédias, o Pontífice procurando desfazer a ideia de um Deus responsável pelas nossas desgraças. “Quando as más notícias nos oprimem e nos sentimos impotentes diante do mal, muitas vezes nos perguntamos: trata-se, quem sabe, de um castigo de Deus? É Ele quem envia uma guerra ou uma pandemia para nos punir por nossos pecados? E por que o Senhor não intervém?”, questionou.
Ao invés de colocarmos a culpa em Deus, devemos olhar para dentro de nós mesmos
O Santo Padre no entanto destacou que “quando o mal nos oprime, corremos o risco de perder a lucidez e, para encontrar uma resposta fácil para o que não podemos explicar, acabamos culpando a Deus. E tantas vezes o mal hábito das blasfêmias vem disto. Quantas vezes atribuímos a Ele as nossas desgraças, atribuímos as desventuras no mundo a Ele que, pelo contrário, sempre nos deixa livres e, portanto, nunca intervém impondo-se, apenas propondo-se; a Ele que nunca usa a violência e, de fato, sofre por nós e conosco!”.
Francisco esclarece que “o mal nunca pode vir de Deus porque Ele ‘não nos trata segundo os nossos pecados’, mas segundo a sua misericórdia. É o estilo de Deus. Não pode tratar-nos de outra forma. Sempre nos trata com misericórdia”. Ao invés de colocarmos a culpa em Deus, devemos olhar para dentro de nós mesmos. “É o pecado que produz a morte; são os nossos egoísmos que despedaçam os relacionamentos; são nossas escolhas erradas e violentas que desencadeiam o mal”, assegurou.
O Deus de outra possibilidade
Segundo o Pontífice, a verdadeira solução, é a conversão. “Convertamos-nos do mal, renunciando àquele pecado que nos seduz, abramo-nos à lógica do Evangelho: porque, onde reinam o amor e a fraternidade, o mal já não tem poder!”. Jesus sabe que “não é fácil converter-se, e quer nos ajudar nisto. Sabe que tantas vezes recaímos nos mesmos erros e nos mesmos pecados; que nos desencorajamos e, talvez, nos pareça que nosso esforço no bem é inútil em um mundo onde o mal parece reinar”, afirmou.
“Gosto de pensar que um belo nome de Deus seria ‘o Deus de outra possibilidade’: ele sempre nos dá outra oportunidade, sempre, sempre. Assim é a sua misericórdia”, frisou. O Papa ressaltou que Deus “não nos separa de seu amor, não desanima, não se cansa de nos devolver a confiança com ternura. Deus acredita em nós! Deus confia em nós e nos acompanha com paciência, a paciência de Deus conosco. Ele não desanima, mas sempre coloca esperança em nós. Deus não vê os resultados que você ainda não alcançou, mas os frutos que você ainda poderá dar; não leva em conta suas faltas, mas encoraja suas possibilidades; não se concentra no seu passado, mas aposta com confiança no seu futuro. Porque Deus está perto de nós”, concluiu. (EPC)
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