O inferno está cheio!
Os pregadores precisam voltar a falar do inferno nos púlpitos. Esqueceram-se deste ponto da doutrina cristã? É mister alertar os fiéis acerca dessa real possibilidade póstuma.
Detalhe de “O Inferno”, cópia do quadro pintado pelo diretor espiritual de Santa Mariana de Jesus – Igreja da Companhia de Jesus, Quito Foto: Gustavo Kralj
Redação (23/08/2025 05:57, Gaudium Press) Jesus não disse que o caminho da perdição é largo e o da salvação estreito? Não afirmou peremptoriamente o Divino Mestre que muita gente percorre a via da perdição e poucos logram achar o itinerário da salvação? (Mt 7, 13-14). Pois é. Infelizmente, há muitas almas no inferno, muitíssimas mesmo (bilhões?), cumprindo penas que jamais findam; suplícios horripilantes, indescritíveis. A Igreja não no-lo atesta expressamente, embora insinue através da sacratíssima doutrina messiânica que inculca. Os homens por acaso seguem os maravilhosos e salvíficos ditames de Jesus?
A condição apinhada do inferno se comprova pelo testemunho dos santos, como, por exemplo Santa Francisca Romana, no seu Tratado do Inferno. Aos próprios videntes de Fátima Maria Santíssima exibiu uma faceta do inferno, assistindo aquelas crianças com uma graça especial, para que não sucumbissem diante de tão caliginoso terror.
Então, todos se encontrariam no paraíso, fruindo da visão beatífica de Deus? Os nazistas escabrosos e os milhões de judeus trucidados, sentados à mesma mesa bem-aventurada? Será possível isto? Onde está a justiça?
E que pecados conduzem inexoravelmente ao inferno, fadando precitos a amargar sanções eternas? Ensina o Concílio Vaticano II: “[…] tudo que atenta contra a própria vida, como qualquer espécie de homicídios, o genocídio, o aborto, a eutanásia e o próprio suicídio voluntário; tudo que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, as torturas físicas ou morais e as tentativas de dominação psicológica; tudo que ofende a dignidade humana, como as condições infra-humanas de vida, os encarceramos arbitrários, as deportações, a escravidão, a prostituição, o mercado de mulheres e jovens, e também as condições degradantes de trabalho […]” (Gaudium et Spes, n. 27).
Quem mora numa cidade grande frequentemente se vê vítima do pecado mortal do furto, do assassínio… Os indivíduos que perpetram tais atos hediondos, se morrerem empedernidos, não terão outro destino diferente do báratro. Ensina o Catecismo da Igreja Católica: “As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem, imediatamente após a morte, aos infernos onde sofrem as penas do inferno, o fogo eterno” (n. 1035). O purgatório se reserva àqueles que se finaram em estado de graça, mas com certa fuligem oriunda do apego às criaturas.
Quem sonega impostos outrossim vulnera o sétimo mandamento do decálogo e se candidata ao inferno, se falecer sem a absolvição ordinária do Sacramento da Penitência, que perdoa pela mera atrição, e não houver restituído ao erário a pecúnia subtraída.
Os pregadores precisam voltar a falar do inferno nos púlpitos. Esqueceram-se deste ponto da doutrina cristã? É mister alertar os fiéis acerca dessa real possibilidade póstuma. É-nos defeso pecar mortalmente por conta da misericórdia infinita de Deus, crendo que não haverá castigos sempiternos.
O inferno já presenciamos no nosso dia a dia de péssima distribuição da renda, da fome e dos delitos atrozes que nos vitimizam. Comecemos a edificar o céu hic et nunc, aqui, agora. Contudo, meditemos sempre nos chamados novíssimos, vale dizer, nas realidades que nos depararão no futuro (não sabemos quando; pode ser hoje!): morte, juízo, céu e inferno!
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem! Que Maria Santíssima, a deípara, ajude-nos sempre, pois Deus predestinou-nos ao céu, à visão beatífica!
Por Edson Luiz Sampel
Professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina
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