O Espírito da verdade
O princípio que nos permite distinguir a verdadeira ação do Espírito Santo de outras obras, más e desprovidas de substância religiosa, encontra-se no modo de proceder daqueles que realmente mantêm intactas a verdade da fé, dos mandamentos e dos bons costumes.
Redação (14/05/2023 09:06, Gaudium Press) As palavras de Nosso Senhor, recolhidas por São João no Evangelho da Missa deste 6º Domingo da Páscoa, fazem parte do que se poderia chamar o “Testamento de Jesus”: depois da última Ceia, o Salvador se despediu de seus Apóstolos através de exortações que, pela iminência dos trágicos acontecimentos da Paixão, possuíam uma unção e força extraordinárias.
Eu virei a vós
Sem dúvida, trata-se de um dos trechos mais tocantes do Evangelho. É o Bom Pastor que, vendo próxima a hora de sua partida, conforta suas ovelhas:
Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis (Jo 14,18-19).
Como se não bastasse tal garantia, Jesus nos promete um Defensor:
E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós (Jo 14,16-17).
De fato, nunca o Espírito Santo abandonou a Igreja, como podemos ver na primeira leitura de hoje, a qual narra que São Pedro e São João impuseram as mãos sobre muitos habitantes da Samaria, que “receberam o Espírito Santo” (cf. At 8,14-17).
A Terceira Pessoa da Trindade não só sempre protegeu e defendeu a Igreja contra toda sorte de perigos pelos quais passou, mas sobretudo zelou por suscitar n’Ela inúmeras instituições e movimentos que, por assim dizer, comunicam-Lhe uma “vida nova”. Ou seja, em cada período histórico, pode-se notar a ação deste Defensor ao surgirem na Igreja novos carismas.
Se me amais, guardareis os meus preceitos
Obviamente, sendo o Espírito Santo “Amor”, é indispensável que aqueles nos quais Ele age estejam plenos de amor a Jesus e à Igreja. Ora, como saber quem realmente ama a Nosso Senhor? Ele mesmo nos disse:
Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco (Jo 14,15-16).
Nosso Senhor diz claramente que o Espírito Santo será enviado àqueles que O amam. Mas quem é que O ama? Quem guarda os seus mandamentos.
Aquele que não o faz, torna-se indigno de ser morada do Paráclito e de ser impelido pelo seu sopro divino de proclamar a Boa Nova do Evangelho.
Esta inteira retidão é, ademais, a arma mais eficaz contra quaisquer calúnias, como ensina São Pedro na segunda leitura de hoje:
Então, se em alguma coisa fordes difamados, ficarão com vergonha aqueles que ultrajam o vosso bom procedimento em Cristo (1Pd 3,16).
Assim pois, o princípio que nos permite distinguir a verdadeira ação do Espírito Santo de outras obras, más e desprovidas de substância religiosa, encontra-se no modo de proceder daqueles que realmente mantêm intactas a verdade da fé, dos mandamentos e dos bons costumes.
Peçamos, então, ao Divino Espírito Santo que conceda à sua Igreja almas cada vez mais zelosas de amor e de entrega a Deus, para que desta maneira se produzam os frutos de que tanto necessita a humanidade para converter-se ao Criador.
Por Lucas Rezende
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