O Divino Espírito Santo: o grande santificador dos homens
Nesta Solenidade de Pentecostes, somos convidados a recordar a sublime atuação de Espírito de Deus na consecução da santidade para os batizados.
Redação (04/06/2022 18:31, Gaudium Press) Todos nós, de alguma forma, já tomamos contato com a morte – seja por meios reais, presenciando-a; ou de simples ficção, assistindo-a. Seja como for, ao nos depararmos com um corpo inerte, o impacto é marcante; e o contraste entre a vida e a morte, frisante; visto que a realidade é inequívoca: é a alma que se separou do corpo, e ali não habita mais.
É, pois, a morte que nos traz à memória o inestimável, singular e augusto dom que lhe é tão o contrário, a vida.
Vida esta que, num certo grau de semelhança com o corpo humano, Deus estabeleceu em sua Igreja, ao ideá-la como um Corpo Místico, cuja cabeça é o próprio Cristo; e os fiéis batizados, seus membros.
Contudo, nessa obra prima de sua criação – a Igreja –, Deus incutiu um espírito vivificador, princípio ativo de sua ação, à semelhança da alma (no ser humano), que cumpre ser nada menos que o Divino Espírito Santo.
E assim como, no homem, a alma vivifica tanto a cabeça quanto os membros, em sua Igreja, é o Espírito Santo quem comunica a vida – e, uma vida divina! – àqueles que fazem parte desse corpo, pelo sacramento do Batismo.
Consideremos, por exemplo, a diferença que há entre ser adotado por alguém de condição modesta ou por uma pessoa abastada. Sem dúvida, se nos fosse dado escolher, a grande maioria das pessoas optaria pela segunda possibilidade, pois significaria um aumento de projeção social, acompanhado de uma herança significativa. Ora, infinitamente mais do que conquistar qualquer dignidade ou possuir bens materiais é ser recebido por Deus como filho. Essa adoção sobrenatural não se efetua à maneira da humana, registrada em um cartório: enquanto os pais não podem dar sua vida biológica aos filhos adotivos, “Deus, pelo contrário, nos confere uma participação física e formal em sua própria vida” [1] fazendo com que circule em nossas veias o mesmo “sangue divino”.
A fim de corresponder a tão alta vocação, a nossa pobre natureza é insuficiente. É por esse motivo que recebemos pelo Batismo um cabedal de virtudes que precisamos cultivar para a consecução da santidade. Ademais, Deus nos dá também seus dons, os quais, atuando sobre essas virtudes, nos auxiliam no combate contra as tentações.
O dispensador de dons celestes
Ora, é precisamente para pedir tais dons que a liturgia de hoje nos convida, por meio do hino “Veni Sancte Spiritus”, que suplica:
Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz. Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.
De fato, sem esses dons, não nos é possível praticar estavelmente nenhum dos mandamentos, pois somos débeis e fracos.
Nessa toada, o hino rezará que “sem a luz que acode, nada o homem pode, [pois] nenhum bem há nele”. É justo, portanto, que a segunda parte dessa sequência recolhida pela Igreja para incrementar a solenidade litúrgica de Pentecostes esteja composta de inúmeras petições, já que ao pedir com insistência, o nosso próprio desejo aumenta e se robustece.
Logo:
Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte, uma santa morte, a alegria eterna. Amém.
Somos, pois, convidados a implorar ao Divino Espírito Santo que Ele lave as manchas de pecado que ainda nos maculam, que Ele regue as nossas aridezes espirituais, dobre as nossas inflexibilidades em relação à sua voz, e nos guie nas incertezas desta vida, até alcançarmos a glória eterna.
Destarte, devemos ter sempre fixo diante de nossos olhos sobrenaturais o papel inconfundível e intransferível do Divino Espírito Santo: ser O Paráclito, isto é, o Consolador, Aquele que dá força, que dá ânimo e incute vigor, apesar das vicissitudes da vida.
Peçamos, então, com o Salmista: “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai”. (Sl 103,30)
É o que desejamos nesta Solenidade de Pentecostes!
Por Jerome Sequeira Vaz
[1] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: Comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2012, v. 5, p. 387.
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