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O bombeiro que se converteu no incêndio da Catedral Notre-Dame

Matthieu conta não apenas fatos do terrível incêndio, mas a visão daquela cruz luminosa que foi o elemento incentivador para que retornasse à fé.

Foto: Wikipedia

Foto: Wikipedia

Redação (03/12/2024 09:59, Gaudium Press) “Era o dia 15 de abril de 2019, eu estava no quartel e senti que havia muita agitação. Normalmente, sai apenas um caminhão para uma intervenção, mas dessa vez saiu um segundo caminhão, depois um terceiro… Os sinos de saída estavam tocando o tempo todo. Então eu disse a mim mesmo: ‘Vamos descer e ver o que está acontecendo’. Assim, eu soube que Notre-Dame estava pegando fogo…”: foi deste modo que o bombeiro Matthieu (não é seu nome verdadeiro, pois ele deseja permanecer no anonimato) descreve como tomou conhecimento de que a ‘catedral do mundo’ estava pegando fogo.

Cinco anos após o evento, e às vésperas da reabertura da grandiosa igreja que ajudou a salvar das chamas, Matthieu agora conta ao Les 7 routes de Notre-Dame não apenas fatos sobre o incêndio, mas também sobre sua conversão à fé romana, à fé de Notre-Dame.

“Não tínhamos ideia da gravidade do incêndio. Estavam procurando voluntários para reforço, então eu me ofereci; havia uma grande necessidade de homens, para trabalhos muito diferentes: ajudar os companheiros que já estavam no local combatendo o incêndio e integrar uma equipe dedicada a salvar as obras na sala do tesouro. Isso exigia muita gente, pois o incêndio era muito intenso. No caminho, percebemos a extensão do incêndio. O que mais me chamou a atenção, no início, foi a multidão na rua, que atrasou nossa chegada em Paris. Os parisienses tinham ido em massa para ver sua catedral queimar. Quando cheguei, fiquei impactado ao ver todas aquelas pessoas de joelhos, rezando. Foi muito impressionante! Elas cantavam e rezavam, e podíamos ver que estavam arrasadas. Todos estavam incrivelmente unidos! E foi muito bonito. Então, novamente, percebemos que isso era muito grave. A imensa fumaça não desmentiu nossa impressão. Quando chegamos, a torre ainda estava de pé, mas quando ela desabou, foi tomada a decisão de recuperar os objetos do tesouro, de valor inestimável. Entre eles estavam relíquias, a coroa de espinhos, pregos da crucificação de Nosso Senhor, bem como custódias e outros objetos litúrgicos. O encarregado da catedral pediu a brigada de incêndio que salvassem tudo isso e alguns objetos como prioridade. Toda nossa equipe foi até a sala do tesouro. Isto é excepcional por si só, então reconheço que sabia que estava vivenciando algo especial. O objetivo era salvar o maior número possível de obras, com muito cuidado”.

Quando criança, Matthieu ia à missa e era até acólito. Mas, como bombeiro, não conseguiu aliar a dor humana à bondade de Cristo: “Deixei tudo, não entendia porque Nosso Senhor permitia isso. Duvidei durante muitos anos e, no dia do incêndio, por mais surpreendente que possa parecer, saí da catedral convertido”. Como isso aconteceu?

“Quando entrei na catedral, havia um buraco aberto no teto. Na minha frente, estavam o altar e a famosa cruz, que acho que todo mundo viu nas fotos após o incêndio. Essa cruz brilhava com todo o seu esplendor. Mas veja bem! Ela NÃO estava iluminada. Era ela que difundia a luz. Via-se só a ela! E tenho que admitir que naquele momento senti uma paz muito grande e senti que não havia necessidade de ter medo, porque para mim era realmente o fogo do século! Fiquei ali parado por 10 ou 15 segundos, atordoado por essa visão… Eu estava totalmente tomado por essa cruz. Depois voltei ao trabalho. Em nenhum momento me senti em perigo, e isso foi um elemento detonador para minha reconciliação com Nosso Senhor. Eu fui preparado ao ver todos aqueles fiéis rezando, como lhes disse no início. Posso dizer agora que a presença de Nosso Senhor já estava lá para nos confortar. Era um sinal do céu. Deus queria ver como nos comportaríamos nessa provação. Essa visão mudou minha vida! É claro que vou à missa várias vezes por semana, quando possível, comecei a rezar novamente, assisto a muitos filmes para me atualizar sobre muitas coisas que não aprendi durante todo esse tempo sem Nosso Senhor. Também fui crismado e tenho prazer em acompanhar alguém no catecumenato. Mas, acima de tudo, estou muito mais atento ao Senhor e vejo todos os sinais que Ele nos envia através dos outros. Meu coração está aberto e procuro me doar. Fico muito feliz em dedicar meu tempo aos outros. Gosto de ouvir os outros porque percebo que as pessoas precisam falar, mas, sobretudo, precisam ser ouvidas. Nem sempre é fácil, tenho que admitir, mas é realmente o que as pessoas precisam no momento”.

A conversão foi algo como um retorno familiar: “Eles [sua família] me acompanharam nessa conversão; minha mãe voltou a ir à missa, meus parentes estão caminhando”.

“Todas as manhãs, começo meu dia com Nosso Senhor. Nem sempre é fácil, mas tento reservar um tempo para isso. Você verá que isso nos tranquiliza, e nos deixamos ser moldados”, conclui.

Com informações Les 7 routes de Notre-Dame

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