Ex-núncio apostólico do Brasil encontra-se com Patriarca Ortodoxo de Moscou
Mons. Giovanni d’Aniello, núncio apostólico da Santa Sé junto à Rússia, visitou o Patriarca Ortodoxo Kirill. No trecho publicado pelo Patriarca não há referência à Ucrânia
Redação (05/03/2022 14:00, updated 15:00 Gaudium Press) O Patriarca Ortodoxo de Moscou recebeu a visita de Mons. Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico da Santa Sé junto à Rússia, na última quinta-feira, 3 de março.
Kirill relembra encontro com Francisco
Da reunião inteira entre os dois, só um vídeo de apenas 7 minutos foi difundido através dos meios de comunicação do Patriarca Kirill.
No referido trecho, o Patriarca Ortodoxo de Moscou disse que sempre fica contente de receber autoridades da Santa Sé.
O Patriarca acrescentou que guarda boas lembranças do encontro com Francisco, evento que “abriu uma nova página na história das relações entre nossas Igrejas”, explicou.
O Patriarca Kirill afirmou que “é muito importante que nossas igrejas não se tornem, voluntária ou involuntariamente, participantes da dinâmica complexa, e às vezes contraditória, da vida internacional hoje”.
Nenhuma menção à Ucrânia e críticas ao Patriarca
Kirill acrescentou elogiando “a posição sábia e equilibrada da Santa Sé sobre muitos temas da agenda internacional”.
Contudo, no trecho do encontro que foi publicado pelo Patriarca Ortodoxo, não há nenhuma menção à “Ucrânia”.
De fato, Kirill é considerado como muito próximo e influente junto ao governo do Kremlin. Influência que não passa despercebida e é alvo de críticas por parte de muitos em relação a neutralidade do Patriarca diante das atitudes do presidente russo Vladimir Putin.
Críticas que aumentaram, especialmente, após Kirill ter abençoado o exército russo nas vésperas da invasão à Ucrânia.
Mons. Giovanni D’Agnello transmite as saudações do Papa
Nas poucas palavras do Núncio Apostólico transmitidas pelo trecho publicado, ele afirmou que “há muito” desejava encontrar-se com o Patriarca dos Ortodoxos, mas a data foi atrasada por causa da pandemia.
Mons. D’Agnello, antigo núncio no Brasil, transmitiu a Kirill as saudações do Papa Francisco, que se recorda com afeição do encontro ocorrido entre os dois em 2016 na capital de Cuba.
Apesar de especulações a propósito de um novo encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscou, no trecho publicado não há referência a esse respeito.
O Patriarca, por sua vez, recordou que Dom Giovanni d’Aniello tem “experiência em contextos difíceis, inclusive em seu ministério na América Latina, que é um continente pouco fácil”. Comentou ainda que havia o problema da “injustiça”, mas que “ao mesmo tempo, jamais foi um lugar de desencontro entre Oriente e Ocidente”.
“Diplomacia ecumênica”
Segundo alguns observadores, a “diplomacia ecumênica” de Francisco em relação ao Patriarcado de Moscou explicaria a discrição do Papa ao abordar a invasão da Rússia.
Embora o Papa tenha ido pessoalmente ver o embaixador da Rússia junto ao Vaticano e ter pedido orações e ajuda humanitária para a Ucrânia, em suas intervenções recentes Francisco não responsabilizou explicitamente a Rússia.
Outras autoridades da Cúria Romana se manifestaram contra o conflito. O Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, pediu o fim imediato do ataque militar. O Cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas do Oriente, classificou a ação da Rússia como “injustificada” e “insensata”.
No dia mesmo dia 3 de março, o Patriarca Kirill recebeu Zhang Hanhui, embaixador da China junto à Rússia, no monastério de São Daniel. (FM).
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