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“Nunca se ouviu dizer”… Será a primeira vez comigo?

Do olhar da Virgem se depreende um imenso teor de santidade, que convida e encoraja a alma presa de pecados a rezar o “Lembrai-Vos”, a Lhe dizer, gemendo sob o peso de suas culpas, que n’Ela confia e n’Ela espera a salvação.

Redação (10/11/2020 09:11, Gaudium Press) É possível ser perdoado e auxiliado por Nossa Senhora em qualquer circunstância de nossa vida?

N Sra do Bom Conselho

Dizei-me, Senhora, dizei-me:

Quando eu partir desta terra,

Lembrar-Vos-eis de mim?

 

Quando forem divulgados

Meus tempos no mal gastados

E todos os pecados

Que eu, mesquinho, cometi,

Lembrar-Vos-eis de mim?

 

Quando o momento chegar

Do juízo de aterrar,

Remédio espero alcançar

De vossos doces rogos:

Lembrar-Vos-eis de mim?

 

Quando estiver na afronta

De prestar rigorosa conta

Dos muitos bens que de Vós

E de vosso Filho recebi,

Lembrar-Vos-eis de mim?

 

Quando minha alma aterrada,

Temendo ser condenada

Por se ver muito culpada,

Tiver mil queixas de si,

Lembrar-Vos-eis de mim?

 

Dizei-me, Senhora, dizei-me:

Quando eu partir desta terra,

Lembrar-Vos-eis de mim?[1]

***

No entanto, para Maria não existem palavras como “difícil”, “impossível”, “irrealizável”, “irremediável”. Ela é chamada de Onipotência Suplicante, pois seu Divino Filho jamais deixa de atender qualquer pedido seu.

O próprio Judas Iscariotes, o infame traidor, se houvesse recorrido a Ela, seguramente teria alcançado o perdão e se regenerado.

Esta oração do grande São Bernardo de Claraval deveria estar sempre em nossos lábios e em nossos corações: “Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido a vossa proteção, implorado vossa assistência e reclamado vosso socorro, fosse por Vós desamparado[…]”.

Um expressivo exemplo a este respeito é relatado por Frei Wenceslau Schepper, OFM, em seu livro “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia” (Ed. Vozes, 1993).

Um jovem francês, condenado à morte por seus numerosos crimes, aguardava com o coração cheio de ódio a Deus, o dia da sua execução.

Um sacerdote tentou visitá-lo, mas o criminoso o repeliu gritando: “Fora! Para fora! Não quero saber de padres!” Ele, porém, permaneceu pacientemente no local até conseguir entabular conversa com o infeliz condenado.

Após algum tempo, o miserável contou-lhe sua triste história. Mas ao ouvir falar em confissão, tomou-se de tal furor que quase agrediu o zeloso ministro de Deus. Este convidou-o, então, a rezar com ele o “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria”. Surpreendentemente, ele acedeu. A oração pareceu agradar-lhe e prometeu rezá-la outras vezes.

Finalmente, após repetidas visitas, o padre conseguiu convencê-lo a se confessar. Com a alma limpa, completamente mudado, o delinquente chorava de emoção, dando provas de sincero arrependimento.

Alguns dias depois, foi executado. Suas últimas palavras foram: “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria…”

Que este fato nos ajude a ter uma confiança pleníssima, sem limites, na Mãe de Deus apesar de todo o mal que possamos ter cometido nesta vida.


[1] Tradução do poema “Dime, Señora”, de Juan Álvarez Gato, 1445-1510

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.20, agosto 2003.

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