Nova Santa – Papa Francisco canoniza Margarida de Città de Castello
Além de estender o culto a Margarida de Città de Castello à Igreja em todo o mundo, o Papa reconheceu o martírio e as virtudes heroicas de Servas e Servos de Deus italianos e espanhóis.
Cidade do Vaticano (24/04/2021, 12:01, Gaudium Press) Na manhã deste sábado, 24 de abril, o Papa Francisco recebeu em Audiência o Cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Na ocasião, o Pontífice confirmou as conclusões da Sessão Ordinária dos cardeais e bispos membros da Congregação e decidiu estender a toda a Igreja o culto da Beata Margarida de Città de Castello, da Ordem Terceira dos Frades Pregadores inserindo a Beata no Catálogo dos Santos. A nova Santa nasceu por volta do ano de 1287, em Metola, na Itália, e morreu em Città di Castello, também na Itália, em 13 de abril de 1320.
Papa reconhece o martírio e as virtudes heroicas de Servas e Servos de Deus italianos e espanhóis
Ainda na Audiência deste sábado, o Papa autorizou à Congregação a promulgar os decretos relativos:
– ao martírio dos Servos de Deus Vicente Renuncio Toribio e 11 Companheiros, da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas), mortos pelos comunistas em Madri, em 1936, por óxio à Fé;
– às virtudes heroicas do Servo de Deus Pedro Marcelino Corradini, nascido em 2 de junho de 1658 em Sezze, na Itália e falecido em Roma em 8 de fevereiro de 1743.
O Servo de Deus foi bispo de Frascati, cardeal da Santa Igreja Romana, fundador da Congregação das Irmãs Colegiais da Sagrada Família;
– às virtudes heroicas da Serva de Deus Emanuele Stablum, religiosa professa da Congregação dos Filhos da Imaculada Conceição.
Emanuelle Stablum nasceu em 10 de junho de 1895 em Terzolas (Itália) e faleceu em Roma em 16 de março de 1950;
– às virtudes heroicas do Servo de Deus Enrico Ernesto Shaw, fiel leigo e pai de família; nascido em 26 de fevereiro de 1921 em Paris (França), faleceu em Buenos Aires (Argentina), em 27 de agosto de 1962;
– às virtudes heroicas da Serva de Deus Maria de los Desamparados Portilla Crespo. A Serva de Deus foi uma leiga, mãe de família que nasceu em 26 de maio de 1925 na cidade de espanhola de Valência e que faleceu na capital espanhola em 10 de maio de 1996;
– às virtudes heroicas da Serva de Deus Anfrosina Berardi, fiel leiga, nascida em 6 de dezembro de 1920 em San Marco di Preturo, na Itália e falecida na mesma cidade em 13 de março de 1933.
Santa Margarida de Città de Castello
A Beata Margarida de Città de Castello nasceu por volta de 1287 no povoado fortificado de Metola (Urbino, Itália), no seio de uma família da pequena nobreza.
Nascida cega e deformada, ela foi trancada pelo pai em uma pequena cela construída perto da igreja do castelo para que ficasse escondida dos olhos do mundo.
Aos cinco anos, com a esperança de obter o milagre da visão para a filha, seus pais a levaram até a Città de Castello, na Igreja de São Francisco, junto ao túmulo de um irmão leigo franciscano, Frei Tiago da Città de Castello, que havia falecido em 1292 com fama de santidade. Mas, o milagre esperado não aconteceu. Seus pais, então, decidiram abandonar definitivamente sua filha e confiá-la à caridade dos habitantes de Città de Castello.
A menina viveu algum tempo mendigando nas ruas da cidade até ser acolhida por algumas freiras da pequena comunidade religiosa de Città de Castello. Seu modo de vida muito mortificado e as suas advertências despertaram a inveja das monjas, que pouco tempo depois a mandaram embora…
Acolhida por um casal colocou seus dons espirituais à disposição da família e educou cristamente os filhos de Grigia e Venturino.
A menina foi salva por um casal de devotos pais católicos de nomes Grigia e Venturino. Eles a acolheram e ela passou a viver juntamente com os dois filhos que já tinham, reservando-lhe uma pequena cela na parte superior de sua casa, para que ela pudesse se dedicar livremente à oração, à contemplação e às práticas penitenciais, como o jejum, flagelações e o cilício.
Em retribuição e agradecimento, Santa Margarida colocou seus dons espirituais e intelectuais à disposição da família, dedicando-se à educação cristã dos filhos de Grigia e Venturino.
Uma vida difícil, dedicada às obras de misericórdia a apostolado
Apesar da cegueira, Margarida dedicava-se às obras de misericórdia e caritativas. Ela visitava os encarcerados e os enfermos de sua pequena cidade. Sinais de prodígios, milagres e curas extraordinárias além de outros fenômenos místicos começaram a ser atribuídos a intercessão de Margarida.
Margarida frequentava diariamente a Igreja da Caridade dos Frades Pregadores e fazia parte das “Mantellate Domenicane” que, mais tarde, passaram a ser denominadas “Terciárias Seculares de São Domingos”.
Dedicou-se à oração assídua, à confissão diária, à comunhão frequente, à recitação do Ofício da Virgem e ao Saltério e tinhja especial predileção à meditação constante do mistério da Encarnação.
Vida virtuosa caracterizada pelo abandono confiante à Providência e alegre participação no mistério da Cruz
A vida virtuosa da Nova Santa caracteriza-se sobretudo pelo seu abandono confiante à Providência, como uma alegre participação no mistério da Cruz, especialmente na sua condição de portadora de deficiência, rejeitada e posta de lado pelo mundo.
Ela meditava frequentemente sobre a vida de Cristo e essa ação amorosa foi acompanhada por intensas experiências místicas.
Curas milagrosas foram a ela atribuídas e isso contribuiu para torná-la um ponto de referência para muitos.
Sede de almas e desejo de fazer apostolado e levar almas a Cristo
Apesar da deficiência, seu zelo apostólico e caritativo a levou a exercer o magistério junto a alguns discípulos aos quais ensinou o Ofício da Virgem e o Saltério. Ela instruiu na religião os filhos do casal que a havia acolhido em sua casa; foi madrinha e formou na doutrina cristã uma sobrinha de seus pais adotivos; orientou a vocação de uma jovem, convidando ela e sua mãe a vestir o hábito religioso; ela ainda praticava seu apostolado junto às freiras de um mosteiro aconselhando-as a voltarem à observância perfeita das regras usando doces admoestações.
Margarida é exemplo santa que amadureceu uma profunda e fervorosa experiência de vida intimamente unida a Nosso Senhor.
A Beata Margarida morreu em 13 de abril de 1320, em Città de Castello, Itália. Como outras místicas da Idade Média, a Beata unia à oração assídua penitências extremamente duras: jejuns, vigílias, cilício, flagelação.
Em tudo isso ela procurava imitar Nosso Senhor Jesus Cristo que voluntariamente se entregou à paixão pela salvação da humanidade.
A agora Santa Margarida é um exemplo de mulher santa que amadureceu uma profunda e fervorosa experiência de vida intimamente unida a Nosso Senhor.
Sua enfermidade não a impediu de viver uma maternidade espiritual excepcional e fecunda, que ainda hoje recorda a importância dos cuidados espirituais para com os outros. Além disso, sua vida de sofrimento, abandono e intensa religiosidade é um forte convite para viver a esperança em qualquer situação adversa. (JSG)
(Informações e Foto Vatican News)
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