Nicarágua: uma Igreja perseguida?
De acordo com os dados coletados, entre abril de 2018 e outubro de 2022, a Igreja foi objeto de quase 400 ataques, segundo a segunda parte do relatório Nicarágua: Uma igreja perseguida?
Redação (17/11/2022 16:48, Gaudium Press) Um pouco de história sobre os acontecimentos na Nicarágua. Em 2018, a população fez sérios protestos após a decisão do governo de reduzir as pensões em 5% e aumentar os impostos sobre as empresas. A violência policial deixou mais de 300 mortos e 2.000 feridos, que por ordem do governo não podiam ser atendidos em hospitais. Os postos de saúde das Filhas da Caridade foram os únicos locais que atenderam os feridos, sendo este o principal motivo pelo qual o governo Ortega decidiu expulsá-las do país em junho de 2022.
Além disso, deve-se acrescentar que, diante da repressão de do governo, muitos manifestantes só encontraram refúgio nas igrejas, pois os sacerdotes abriram as portas de suas paróquias para eles.
Assim, “depois dessa data, as hostilidades aumentaram e subiram de tom. A linguagem ofensiva e ameaçadora do casal presidencial contra a hierarquia católica tornou-se cada vez mais evidente e frequente; e as ações de algumas instituições públicas contra o trabalho de caridade da Igreja aumentaram”, apontou o relatório da advogada nicaraguense Martha Patricia Molina, intitulado Nicarágua: uma Igreja perseguida? (2018-2022).
A Igreja Católica na Nicarágua sofreu 396 ataques. Informações indicam que 127 ataques foram registrados em 2022, enquanto que, em 2021, foram 54. No entanto, o relatório de Martha Patricia Molina indica que os números do estudo estariam bem abaixo dos reais. Na verdade, ele aponta que esse número provavelmente teria que ser multiplicado por dez, devido às poucas denúncias e à falta de divulgação delas. “Encontramos casos em que os sacerdotes, cansados dos roubos e profanações, decidiram denunciar apenas o último deles. Outros optaram por permanecer calados, pois não acreditam no sistema judiciário da Nicarágua”, diz o estudo.
Se o sacerdote não guardar silêncio em relação à situação do país, os fiéis são proibidos de entrar nas igrejas. Desta forma, as autoridades tentam pressionar os padres para que não denunciem os abusos cometidos. Essa situação gerou mais de 150.000 refugiados, a maioria deles deslocados para a vizinha Costa Rica. Inclusive 50 sacerdotes nicaraguenses chegaram a pedir asilo em Honduras e Costa Rica. Eles temem por sua segurança depois que a polícia os procura em suas paróquias vários dias por semana com o objetivo de detê-los ou ameaçá-los.
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