Nicarágua: proibidas procissões de Nossa Senhora de Fátima nas ruas
A comemoração de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio, que incluía procissões pelas ruas, teve que ocorrer dentro das igrejas, devido às restrições impostas pela ditadura de Ortega.
Redação (16/05/2024 09:34, Gaudium Press) Já se passaram mais de 4 meses desde a expulsão do país de Dom Rolando Álvarez e 17 clérigos, e embora possa parecer que a perseguição contra a Igreja tenha diminuído na Nicarágua, a verdade é que a repressão continua forte.
Segundo a imprensa local, “a ditadura obriga as paróquias na Nicarágua a celebrar Nossa Senhora de Fátima ‘dentro dos muros'”, informa La Prensa.
Tradicionalmente, o dia 13 de maio costuma ser comemorado em todo o país com romarias ou procissões que saem dos templos, carregando uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. No entanto, isso se tornou parte do passado, pelo menos enquanto o regime de Ortega durar.
Várias igrejas afirmaram em suas redes sociais que as celebrações de 13 de maio deveriam ter sido realizadas dentro das igrejas, ou no máximo, até o átrio.
Por exemplo, na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, localizada em El Salto, San Rafael del Sur, próxima ao Oceano Pacífico, esta festividade adquire uma importância similar ao dia da padroeira, tão importante que o próprio Cardeal Brenes, arcebispo de Manágua, havia sido convidado para esta ocasião. Porém, a procissão das velas, após a missa vespertina, foi realizada “na parte interna da nossa paróquia”.
É evidente que a “clausura intramuros” imposta pelo regime de Ortega não se limita apenas à proibição das celebrações de Nossa Senhora de Fátima ou das procissões, pois a ditadura também promove outras ações de asfixia.
No dia 8 de maio, uma importante festa em honra à Virgem de Cuapa foi celebrada no país. Embora a ditadura tivesse permitido a realização de uma missa solene em seu templo, que é Santuário Nacional, um enorme contingente policial foi mobilizado para bloquear o acesso dos fiéis antes da cerimônia.
O regime de Ortega também ventilou a ideia de substituir o culto a Cristo ou fazer competição com outros espetáculos.
Em 19 de abril, a ditadura organizou um dia de boxe, não em algum estádio, mas no átrio da Catedral de León, na praça Juan José Quezada. “As paredes da catedral ficaram urinadas e sujas”, disse Martha Molina, pesquisadora de direitos humanos e especialista em violações contra a igreja sob o regime de Ortega.
O ringue em frente à catedral foi “um funesto presente que a ditadura enviou ao Monsenhor Sócrates René Sandigo em seu aniversário. Nem isso foi respeitado pelos ditadores”, declarou Molina.
Na realidade, o que ocorreu na Catedral de León foi o cumprimento de uma diretriz do executivo para ‘comemorar’ nesse estilo a rebelião de abril de 2018 que de fato foi um protesto contra o regime, o qual resultou na trágica morte de 350 pessoas: “As missas tiveram de ser suspensas em algumas igrejas devido aos ruídos causados pelas atividades da ditadura, impedindo os fiéis de as ouvirem”.
Não, a perseguição não cessa, e está em andamento como parte de uma estratégia de asfixia.
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