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Nicarágua: perseguição religiosa continua, revela um novo relatório

Desde 2018 até o momento, foram registrados 1.010 ataques à Igreja e 16.564 procissões pelas ruas foram proibidas, revelou a última edição do relatório ‘Nicaragua: ¿una Iglesia perseguida? da advogada Martha Patricia Molina Montenegro.

Foto: aboodi vesakaran/ pexels

Foto: aboodi vesakaran/ pexels

Redação (01/09/2025 08:30, Gaudium Press) O estudo “Nicarágua: uma Igreja perseguida?”, da advogada Martha Patricia Molina Montenegro, apresentado esta semana nos Estados Unidos, onde a advogada nicaraguense se encontra exilada, detalha que, apesar de uma aparente redução dos números em 2025, a repressão continua com confiscações, ameaças e silenciamento forçado de sacerdotes e fiéis católicos.

Desde 2018 até o momento, foram registrados 1.010 ataques à Igreja e 16.564 procissões foram proibidas, revelou a última edição do relatório.

O texto, de 435 páginas, é uma atualização dos ataques contra a Igreja Católica naquele país centro-americano, que a advogada documentou desde que o governo de Daniel Ortega iniciou a perseguição religiosa em abril de 2018, devido ao apoio que a Igreja deu às pessoas que protestavam pública e pacificamente contra uma reforma do sistema de segurança social.

De acordo com esta sétima edição do relatório, estes são os números por ano:

em 2018, foram documentadas 93 agressões;

em 2019, 88 hostilidades;

nos anos de 2020 e 2021, houve uma redução nos ataques, com 64 e 56 registrados, respectivamente;

em 2022 aumentaram para 173 violações;

em 2023, ocorreram 321 abusos;

em 2024, foram documentadas 183 hostilidades;

e, até agora, em 2025, foram registradas 32 agressões.

As hostilidades estão diminuindo?

A advogada Martha Molina explica que a queda nos números refletida no ano de 2025 não significa necessariamente que esteja se estabelecendo um vínculo cordial entre a ditadura de Daniel Ortega e a Igreja Católica, mas que, nesta fase da repressão, a Igreja encontra-se dizimada.

Com efeito, atualmente “os clérigos não podem, em nenhuma circunstância, denunciar os abusos e a vigilância diária a que são expostos. Eles evitam expor publicamente seus sofrimentos devido às ameaças prévias que recebem de membros da Polícia Nacional: ‘quem falar será preso e exilado’”.

Por outro lado, os leigos não denunciam devido ao aumento da vigilância dos membros do Conselho do Poder Cidadão, policiais e os 80 mil paramilitares que foram contratados pela ditadura no início do ano de 2025 e que são usados para vigiar e reprimir.

Ademais, continuam confiscados os edifícios, o dinheiro das contas bancárias continua congelado, há um aumento na cobrança de impostos, na vigilância e assédio, nas proibições e restrições. E “se alguma agressão é exposta na mídia, ela é negada por alguns clérigos designados para realizar essa tarefa. São sacerdotes ou bispos afins à ditadura por algum motivo desconhecido”.

Do mesmo modo, “a maioria das escolas, congregações e sacerdotes são extorquidos pela ditadura sandinista, alguns centros de educação têm que participar e realizar atividades que são próprias das instituições do Estado”.

Novas agressões

Entre as agressões registradas até agora em 2025, o relatório contempla a proibição do governo de publicar a carta do Papa nos meios digitais da Igreja Católica; as visitas frequentes da polícia às igrejas para inspecionar os celulares dos sacerdotes a fim de saber com quem eles estão se comunicando; o cancelamento de algumas congregações religiosas e a confiscação de imóveis a serviço da Igreja, entre eles o centro espiritual La Cartuja e a Cúria em Matagalpa. Através da mídia oficial, a copresidente Rosario Murillo continua com seus discursos de ódio.

Destaca-se a detenção e o desaparecimento do sacerdote Pedro Abelardo Méndez Pérez, no departamento de Granada, quando viajava como passageiro em uma caminhonete Toyota; bem como a vigilância a que está sendo submetido o Cardeal Leopoldo José Brenes, arcebispo metropolitano de Manágua, por parte de agentes policiais do regime sandinista.

Um governo sem temor a Deus

A sétima edição do relatório foi prefaciada pelo sacerdote nicaraguense no exílio, Nils de Jesús Hernández de La Llana, que frisou sua importância: “A doutora Martha Patricia Molina apresenta histórias dolorosas e difíceis de entender, a crueldade de um governo criminoso contra a humanidade e terrorista que persegue seu próprio povo com descaramento e sem temor a Deus”.

O sacerdote enfatiza a veracidade das fontes de informação utilizadas por Martha Patricia, que são verificadas por organizações de direitos humanos.

O relatório está dividido em quatro capítulos. O primeiro deles explica a metodologia utilizada pela autora para a elaboração da pesquisa e sistematização. O segundo capítulo expõe as hostilidades contra a Igreja Católica no período de abril de 2018 a julho de 2025. O capítulo três desenvolve a sistematização das hostilidades contra a Igreja Católica nicaraguense. E, finalmente, o capítulo quatro apresenta uma cronologia de profanações, sacrilégios, atentados, roubos e ataques contra a Igreja Católica da Nicarágua.

Com informações AICA

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