Nicarágua: ditadura tenta infiltrar espiões nos seminários e nas catequeses de crianças
“Tenho certeza de que a perseguição purificará a Igreja da Nicarágua e que Ela sairá mais forte de tudo isso’, afirma o jornalista Israel González Espinoza.
Redação (09/12/2024 17:21, Gaudium Press) A ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo tem intensificado sua perseguição à Igreja Católica, chegando ao ponto de espionar até mesmo as aulas de catequese para as crianças. Segundo relatos do jornalista especializado em questões religiosas, Israel González Espinoza, exilado na Espanha, as forças repressivas do regime tentam se infiltrar e monitorar permanentemente todos os centros de formação sacerdotal, seminários, na Nicarágua.
Para o analista católico, em uma entrevista publicada no site Articulo 66, a tirania sandinista está intensificando a espionagem contra todas as instituições ligadas à Igreja, porque ela é precisamente “a última instituição a escapar do totalitarismo de Ortega e Murillo. Como eles não podem dar ordens dentro da Igreja, eles a mantêm sob constante monitoramento”.
De acordo com González, a ditadura não pode influenciar ou condicionar a nomeação de bispos para colocar sacerdotes alinhados com o regime nesses cargos, visto que a Igreja deu sinais claros de apoio aos bispos que foram banidos. Por exemplo, Dom Silvio Báez, forçado ao exílio e que está há quase seis anos fora do país, foi confirmado como bispo auxiliar de Manágua pelo Papa Francisco. Com efeito, fontes próximas a Dom Báez afirmaram que o Sumo Pontífice teria dito ao bispo exilado que ele deve continuar assinando como “bispo auxiliar de Manágua”, porque ele ainda é formalmente bispo auxiliar de Manágua.
Tentativas de se infiltrar nos seminários
A lealdade dos bispos nicaraguenses e o apoio das mais altas autoridades do Vaticano estão deixando Ortega e Murillo tão desesperados que eles estão tentando manter todos os órgãos da Igreja sob vigilância e controle absolutos.
González denunciou que também recebeu relatos da Nicarágua de pessoas que entraram nos seminários, e de quem o regime de Ortega tenta obter informações sobre o tipo de treinamento recebido lá, se falam sobre política, se falam sobre a realidade nacional, quais aulas que fazem parte do currículo.
“Agentes do regime de Ortega tentam se aproximar dos seminaristas, daqueles que ainda estão nos seminários, para tentar obter algum tipo de informação deles, e eu sei que há seminaristas que deixaram a Nicarágua por causa da perseguição, porque foram destacados em seus bairros, em sua área, em seus municípios por serem seminaristas”, acrescentou González.
O jornalista conclui a entrevista afirmando que, “na Igreja Católica, sempre dizemos que a perseguição é a semente de novos cristãos. Estou certo de que, depois de toda esta onda de perseguição, a Igreja não só sairá mais forte, mas que muitos meninos e meninas que veem esta situação admiram Rolando Álvarez, Silvio Báez e os sacerdotes que deram o seu melhor para proteger o povo. Tenho certeza de que a perseguição purificará a Igreja da Nicarágua e que Ela sairá mais forte de tudo isso, no sentido espiritual”.
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