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Não nos esqueçamos: estamos em luta!

Na nossa vida cotidiana, muitas vezes somos levados, pelos acontecimentos, a nos esquecer de que nossa existência nesse vale de lágrimas é uma luta. Mas como conseguir as forças para perseverarmos em tal combate?

apocalipse

Redação (13/10/2025 10:15, Gaudium Press) A liturgia deste último domingo nos lembra que de estamos em batalha. Batalha? Sim. A segunda leitura, retirada do livro do Apocalipse, nos fala sobre uma guerra entre a serpente — também denominada como dragão — e a mulher — figura de Nossa Senhora. Essa guerra foi a única declarada pelo próprio Deus, como vemos no Gênesis: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a d’Ela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (3, 15). Não se trata de um confronto passado, mas de uma inimizade que perdurará pelos séculos, entre a descendência da mulher e a da serpente, de forma que também nós estamos inseridos nesse combate.

Mas que combate é esse? Em suma, é a luta entre o bem e o mal, eixo em torno do qual toda a história gira e que se trava de forma particular na alma de cada homem. Com efeito, já afirmava o Apóstolo: “Assim, pois, de um lado, pelo meu espírito, sou submisso à Lei de Deus; de outro lado, por minha carne, sou escravo da Lei do pecado.” (Rom 7, 26). Todos nós, concebidos no pecado original, temos uma tendência natural para o mal que nos acompanhará até a morte, e é justamente resistindo à essa inclinação que vencemos nossa luta e nos tornamos merecedores das alegrias eternas no Céus.

Mas onde conseguir forças para tão renhido combate? É o que nos ensina o Evangelho.

Fonte de energias para a luta

“Naquele tempo, houve um casamento em Caná da Galileia. A Mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e Seus discípulos tinham sido convidados para o casamento” (Jo 2, 1-2)

O Evangelho não nos traz esclarecimentos sobre a relação entre os nubentes e a Sagrada Família nem o motivo pelo qual Jesus, Maria e os discípulos foram convidados. Talvez sejam amigos do Santo Casal ou talvez alguém a quem São José tenha prestado algum serviço. Tais detalhes se perderam história adentro, talvez por vontade do próprio Deus, dando mais realce ao ensinamento que esse fato nos transmite.

“Como o vinho veio a faltar, a Mãe de Jesus Lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho’. Jesus respondeu-Lhe: ‘Mulher, por que dizes isso a Mim? Minha hora ainda não chegou’. Sua Mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que Ele vos disser’” (Jo 2, 3-5)

Nessa ocasião se dá, a pedido de Nossa Senhora, o primeiro sinal público de Nosso Senhor, mostrando a força da intercessão d’Ela, inclusive nas coisas práticas. Outro ponto que chama atenção é a atitude tomada por Maria ante a resposta de Jesus. À primeira vista parece difícil de se explicar, no entanto, comenta Mons. João Clá Dias,[1] contém um valioso ensinamento: algumas determinações de Deus não são absolutas, mas condicionadas ao nosso desejo, de forma que elas vão se realizar ou não dependendo dos nossos pedidos. Com efeito, se Nossa Senhora não tivesse insistido nessa ocasião, não se haveria dado tão grande milagre.

Afeto especial pelos seus guerreiros

Mas qual era o objetivo de Nossa Senhora com esse Milagre? Somente resolver o problema dos nubentes? Não será que, vendo os primeiros seguidores de seu Filho, Ela não quis de alguma forma fazer-lhes algum bem?

No Antigo Testamento, os profetas, quando faziam alguma previsão, operavam algum prodígio para testemunhar a veracidade daquilo que diziam. Ora, tendo sido há pouco chamados, certamente os discípulos ainda não estavam seguros e firmes na vocação, por isso, querendo fixá-los e transmitir-lhes força para vencerem as posteriores lutas próprias a tão alto chamado, Maria pede ao Divino Redentor que opere um milagre. O último versículo do Evangelho parece confirmar tal hipótese:

“Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a Sua glória, e seus discípulos creram n’Ele” (Jo 2, 11)

Dessa forma, o milagre realizado nas bodas de Caná pode ser considerado como a primeira manifestação pública da especial proteção dada por Maria àqueles que consagram suas vidas para combaterem ao lado d’Ela nessa grande guerra.

Peçamos, portanto, de forma especial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, forças para travamos esse combate e nunca nos esqueçamos de que Ela estará sempre intercedendo por nós junto ao Seu Divino Filho, basta que formulemos com confiança nossa súplica por meio d’Ela, que seremos atendidos.

Por Artur Morais


[1] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano-São Paulo: LEV-Instituto Lumen Sapientiæ, 2014, v. 7, p. 227

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