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Nada será igual?

Já vivíamos – antes da pandemia – uma época difícil. Os fatos foram nos mostrando, cada vez mais, que o mundo tem perdido toda e qualquer referência ao bem ao se afastar de Deus.

Nada sera igual

Redação (27/05/2021 10:47, Gaudium Press) Não há quem não reflita, no momento em que o mundo atual passa, sobre como será o “dia seguinte”; tanto na ordem civil – dentro das variadas características das sociedades em que vivem os homens deste século XXI – como dentro da Santa Igreja Católica.

Os que têm um mínimo de discernimento, assistindo aos acontecimentos humanos, tem certeza de que o que virá é consequência de um processo que vem de longe.

mundo sem deus

Mudanças de mentalidade, cultura, formas de viver e de se vestir

Expressivas ilustrações comparativas me ocorreram sobre as mudanças de mentalidade, cultura, formas de viver e de se vestir que a sociedade sofreu em um século.

Uma delas mostra um menino, com um avental bem passado e ordenado, oferecendo um buquê de flores para a professora situada em sua mesa, tendo ao seu lado o tradicional quadro escolar; em contraste, uma criança vestida de qualquer forma, ameaçando com uma arma seu professor, vestida de forma diferente da anterior, com um computador em sua mesa de trabalho.

Que tempos! Outra mostra um menino empinando uma pipa e, ao lado dele, 10 anos depois, outro pilotando um… drone. E assim as vinhetas correm.

Especialmente decisivo é o de uma mãe que puxa o filho pela orelha até a casa, porque… ele estava jogando futebol. Na outra ilustração… a mãe puxando o filho pela orelha, para a rua, celular na mão, para brincar.

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O mundo está mudando

Quantas diferenças com a vida do passado! Se sente que as transformações parecem ter se acelerado neste período de pandemia. A saúde, a educação, o trabalho, a vida familiar, a diversão, a rotina diária das pessoas foi quebrada. A quarentena nos deixou cheios de problemas. Um verdadeiro pesadelo hoje fere os lares, produzindo tensão e desânimo. Por isso, surge a questão crucial: nada será igual?

O mundo está mudando de tal forma que pessoas sensatas estão assustadas. Você passou de uma relativa tranquilidade na vida familiar, trabalho ou relações sociais, repentinamente, para uma situação de incerteza, de não saber o que vai acontecer. Tudo está assumindo peculiaridades que saem do contexto da pandemia.

Por um lado, compreendem o risco do contágio, eles se previnem, seguem as normas. Por outro, sofrem o golpe econômico que os aproxima da pobreza, da falta de trabalho e de um futuro incerto. Segundo o chamado “barômetro covid-19” de Kantar (maior empresa mundial de dados e consultoria), quase 90% dos latino-americanos perderam parte de sua renda.

Para aumentar as preocupações, começam convulsões em diversos países que não se sabe a que situação de caos poderão chegar. Alguns já sentem, e muitos estão convencidos, que nada será igual, o mundo não será o mesmo.

O Purpurado frisou categoricamente que os políticos “só podem ser chamados de católicos se aceitarem a obrigação de lutar pelos princípios fundamentais da ética social, que são os direitos dos homens”.

Uma ‘refundação’ sem Deus

Vêm à luz – visto que já existiam anteriormente na “sombra” – correntes de opinião que propõem uma reconstrução econômica e social sustentável e nova após a pandemia, mas que escondem um pano de fundo ideológico, propõem o “grande recomeço”. Querem construir sobre bases totalmente novas, começando pelos sistemas socioeconômicos, entre outros.

A respeito desta espécie de “refundação do mundo”, alertou o Cardeal Gerhard Müller, ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dizendo que utilizam a crise provocada pela pandemia como pretexto para uma remodelação fundamental da forma como os seres humanos coexistem nesta terra. Propõem uma nova imagem da humanidade, que omite Deus no plano do homem, desconsiderando que: “só a graça de Deus pode nos redimir e dar-nos a liberdade e a glória dos filhos de Deus” (8.2.2021). É impensável propor um “novo homem” e um “novo mundo” sem considerar Deus.

Já vivíamos – antes da pandemia – uma época difícil, a bem dizer a mais difícil de todas as épocas. Os fatos foram nos mostrando, cada vez mais, que o mundo tem perdido toda e qualquer referência ao bem ao se afastar de Deus. Se perdeu o bom exemplo que atrai os homens à virtude. Inclusive – espante-se leitor -, muitas vezes, aqueles que deveriam ser um baluarte da ortodoxia na Fé, se deixaram levar e dão mau exemplo.

640px Santuario de Fatima

Recordando a mensagem de Fátima

Tudo isto traz à nossa memória as palavras proferidas por Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos em 1917: “se não deixarem de ofender a Deus”, ao que seguiram outras palavras expressivas: “Ele castigará o mundo por seus crimes através da guerra, da fome e das perseguições à Igreja e ao Santo Padre”.

Por quanto tempo Deus continuará a permitir uma situação como a que testemunhamos?

Chama a atenção – neste panorama – que em uma parte de sua Mensagem afirmou: “Ainda voltarei uma sétima vez”, algo que ainda não aconteceu. Cheios de esperança, podemos dizer que caminhamos para aquela que pode ser considerada a maior manifestação do amor de Deus pelos homens em toda a História.

Mas nos perguntamos: quando Ela voltar, como nos encontrará? Os homens permanecerão descontrolados e imersos na imoralidade? Fica cada vez mais claro que o mundo se encontra assim por ter desprezado os conselhos maternos da Santíssima Virgem.

Fatima children with rosaries

Acreditamos que a humanidade confusa e atordoada buscará a verdadeira Igreja, a Santa Igreja Católica, em meio de uma tenebrosa noite, quando as águas dos acontecimentos previstos em Fátima toquem seus pés. Serão os “novos céus e uma nova terra”, parafraseando o profeta Isaías (65, 17-19), um novo estado de coisas, longe das angústias físicas e morais. “Recomeço” autenticamente cristão, cheio da presença de Deus entre os homens, que apresentarão, não poucos, o seu arrependimento, diante dos contratempos do momento, rumo ao triunfo do Imaculado Coração de Maria.

Por Padre Fernando Gioia, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 23 de maio de 2021)

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