Na China discrimina-se estrangeiros, principalmente pessoas negras, durante a pandemia
Uma verdadeira xenofobia trazida pela pandemia de coronavírus, contagia a China, particularmente a província de Guangdong: são discriminadas principalmente os negros, mas não só eles.
Cantão – China (Sexta-feira, 17-04-2020, Gaudium Press) A xenofobia trazida pela pandemia de coronavirus, contagia profusamente a China, particularmente a província de Guangdong no sudeste do país. E discrimina principalmente pessoas da raça negra, mas não só os negros.
Zhong Feifei é uma jovem famosa, filha de um chinês e de uma africana, portanto, chinesa. Mas, sua pele morena e cabelos crespos revelam suas origens genéticas oriundas do continente negro. Ela tornou-se famosa por ter participado em um programa de televisão de concurso bastante visto no país, e pode ser que agora esteja lamentando “seu salto ao estrelato”: chovem sobre ela os insultos via redes sociais.
“Volte para sua África, obrigado”, “você não é benvinda”, “o pior aconteceu: negros em programas chineses”, “os genes dos negros são mais fortes que os chineses, por isso, se isto se generaliza, cada vez seremos mais escuros e não gostaria de ver muitos meninos negros”, “sim, discrimino os negros. Isso é ilegal?”, são alguns dos ataques que ela está recebendo.
Um aviso colocado em um MacDonald’s
“Nos foi informado que, de agora em diante, as pessoas de raça negra não podem entrar no restaurante. Para sua proteção, contate com a polícia local para ser isolado. Desculpem o transtorno”: Este foi um aviso exibido por um MacDonald’s da cidade de Cantão, que foi conhecido no mundo inteiro, e suscitou as posteriores desculpas da empresa.
Informa o “El Confidencial” que são divulgadas fotos de residentes africanos supostamente contagiados com coronavirus, para que sejam evitados pelos chineses. Em complexos residenciais lhes é exigido fazer exames do SARS-CoV-2 em lugares públicos, enquanto que em outros casos os exames são feitos nos domicílios. Obriga-se inclusive a quem haja tido “contato com africanos” que tenham que realizar teste de coronavirus e que faça quarentena.
Circulam em profusão, via redes sociais, vinhetas com conteúdo contra a raça negra como os abaixo.
Razões para tentar justificar a discriminação? Variadas, mas sem base objetiva.
A discriminação não é só contra os negros
Porém, a discriminação já se estende a outros grupos. A aparência não chinesa, já pode ser causa discriminação.
Em Cantão já existem controles exclusivos para inspecionar cidadãos estrangeiros. Para usar o transporte suburbano é comum os pedidos e requerimentos só para os estrangeiros.
O “El Confidencial” mostra o caso de Carlos Miranda, empresário vinícola espanhol que há mais de 10 anos reside na China, e que nos últimos dias não encontra hotel que o hospede. “Não me aceitaram em sete só na cidade de Shenzhen, assim, ultimamente, de antemão, chamo para saber si me deixarão entrar”. Ele conta que as pessoas se afastam dele quando percebem que é um estrangeiro, porém, que realmente ´lhe afeta é a dificuldade para se alojar. Por isso suspendeu viagens ao interior da China até maio, para ver o que acontece.
Há também o caso de um basco, que não quer declarar seu nome, e que teve que deixar de ir ao ginásio de esportes que frequentava. Ao que parece, um dos frequentadores queixou-se e logo as autoridades chamaram sua esposa para “dizer-lhe que não posso voltar”. Ou o caso do andaluz em Zhejiang, que não pode ir a edifícios públicos ou centros comerciais: “Nem sequer me deixam passar com o código verde. Eu os expliquei que não saí da China e nada. Os espanhóis e os italianos não podem passar”.
Despois das primeiras e fortes reações contra a discriminação de cidadãos chineses no exterior, torna se paradoxal a discriminação agora de estrangeiros na China. Porém, por paradoxal que seja, não é menos real. As autoridades afirmam que aos estrangeiros são tratados como os chineses. Mas, pouca credibilidade têm as autoridades.
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