Monsenhor Jonas Abib: um homem de sim, sim e não, não
Monsenhor Jonas viveu integralmente as palavras de Jesus, que aconselhou: “Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto procede do maligno” (Mt 5, 37).
Redação (16/12/2022 09:27, Gaudium Press) Faleceu esta semana, perto de completar 86 anos, o Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova. Uma morte que causou comoção na família salesiana, no movimento da Renovação Carismática Católica, do qual ele foi um dos principais representantes no país, e nos mais diversos setores da Igreja.
Amável, acessível, preocupado com o próximo, Monsenhor Jonas jamais deixava de responder uma carta que lhe fosse escrita, uma pergunta que lhe fosse feita e oferecer ajuda a quem lhe pedisse. Tinha um especial zelo pelo desenvolvimento das vocações e muitos sacerdotes são fruto de sua oração, incentivo e aconselhamento.
Além do grande triunfo da Comunidade Canção Nova, fundada por ele em 1978, na cidade de Cachoeira Paulista, na Diocese de Lorena, SP, Monsenhor Jonas Abib foi um pioneiro na evangelização através dos meios de comunicação e começou a fazer isso muito antes da internet; primeiro com um programa de rádio, depois com um canal de TV, além de inúmeros artigos escritos, livros publicados e imorredouras canções que embalaram a juventude católica por décadas.
Poder-se-ia dizer que a menina de seus olhos era o Santuário do Pai das Misericórdias, para onde foi levado, em cortejo, para a celebração da última Missa de corpo presente, antes do seu sepultamento.
Canção Nova
Quando pronunciamos o nome de Jonas Abib, a imagem que nos vem à mente é a de um sacerdote idoso e sempre sorridente; falando de uma forma mais simples, um simpático padre velhinho, de voz mansa e palavras agradáveis. Quem o vê assim, porém, vê apenas uma parte de sua personalidade, porque, por trás dessa imagem bondosa, está um homem capaz de fazer o inferno tremer.
Ao longo dos anos, milhares de pessoas passaram pelos rincões da Canção Nova. Ali, famílias foram restauradas, doenças foram curadas, vidas sem solução foram consertadas e muitas conversões aconteceram. Os encontros promovidos pela Comunidade, quase sempre com a duração de três dias, ou ao menos um fim de semana, eram, em sua maioria, movimentos de cura e libertação. Em um tempo mais antigo, poder-se-ia dizer ações exorcísticas, celebrações em que o inimigo de Deus e da alma humana era frontalmente atacado e sempre saía vencido. Muitas almas foram libertas de infestações e possessões demoníacas nesses encontros.
Monsenhor Jonas, com seu jeito meigo, sua voz tranquila, nem sempre agradou a todos, pode-se mesmo dizer que desagradou a muitos, mas, com sua serenidade inabalável, ele nunca teve medo de falar e pregar, com entusiasmo e coragem, a Boa Nova trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Monsenhor Jonas viveu integralmente as palavras de Jesus, que aconselhou: “Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto procede do maligno” (Mt 5, 37). Numa época em que se tornou moda as pessoas serem católicas, mas também fazerem yoga, consultar o tarô, os búzios, a astrologia, tomarem passes, acreditarem na reencarnação e serem simpatizantes do espiritismo, ele não contemporizou. Muito pelo contrário, mesmo se arriscando a conquistar adversários, pregou veementemente contra essas práticas, denunciando as obras das trevas travestidas de terapias holísticas da Nova Era.
“Sim, sim! Não, não!”
Em seu livro “Sim, sim! Não, não!”, que se tornou um best seller, com mais de cem edições, ele aborda este assunto de forma simples e profunda.
Totalmente embasado nas Sagradas Escrituras, Monsenhor Jonas deixa clara a necessidade urgente de o católico romper com essa mentalidade de que ser católico é respeitar tudo, estar aberto a tudo, fazendo uma enorme salada: recorrendo à magia, fazendo certos tipos de meditação guiada, frequentando e lendo livros de outras religiões e filosofias, muitas delas orientais, sem qualquer ligação com o Cristianismo.
É muito comum ouvirmos sobre o que os católicos devem fazer, mas poucos têm coragem de dizer o que eles não devem fazer de maneira nenhuma. E, se já fizeram ou estão fazendo, é necessário se desfazer de livros e objetos que remetam a esses desvios, confessar-se imediatamente e romper em definitivo com essas práticas.
Há uma coisa que o Monsenhor Jonas sabia e que todos os sacerdotes sérios e comprometidos também sabem: muitas pessoas católicas, bem intencionadas, não confessam esse tipo de coisa porque sequer acham que seja pecado!
“As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus; e eu não quero que tenhais comunhão com os demônios” (1Cor 10,20). Estas palavras do Apóstolo São Paulo são usadas por Monsenhor Jonas em seu livro, bem como a afirmação presente no Antigo Testamento: “Serás inteiramente do Senhor, teu Deus” (Dt 18,13).
Pessoas como o Monsenhor Jonas vêm ao mundo com uma missão e deixam um legado. Que possamos sempre nos lembrar dele como aquele simpático e bondoso sacerdote de voz suave e cabelos brancos, mas sem perder de vista que, desde a sua ordenação presbiteral, em 1964, Jonas Abib foi um guerreiro na luta contra um adversário que nem sempre se faz conhecer e que engana a muitos com mentiras e ilusões, até com a prática da caridade e com a negação de si mesmo. Enquanto as pessoas acreditarem que o demônio não existe, que não passa de uma invenção de fanáticos, ou que existe, mas não é tão ruim assim, é apenas um espírito atrasado que precisa de nosso amor e compreensão para evoluir, o mundo estará à mercê dele, caminhando para a condenação eterna.
Monsenhor Jonas Abib viveu bem a sua longa vida, cumpriu a sua missão e nunca deixou de ser um homem de “sim, sim; não, não”. Hoje, ele parte para a eternidade, mas deixa entre nós sementes de santidade e exemplos que valem a pena ser seguidos. Com seu jeito calmo e sereno, ele nunca enganou a ninguém, sempre falou muito claramente dos castigos que viriam e dos desafios que os cristãos verdadeiros teriam de enfrentar nos últimos tempos. Que não nos esqueçamos disso e não vivamos com um pé em cada canoa, como ele gostava de exemplificar, pois ou estamos com Deus ou estamos contra Deus.
Por Afonso Pessoa
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