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Palavras de um sacerdote preso em Belarus: “tenho orgulho de sofrer pela Igreja”

Em sua mensagem, ainda na prisão preventiva, o Pe. Okolotovich enfatiza que tem orgulho de sofrer pela Igreja Católica, pela fé, por Deus; e pede a Ele que lhe dê forças para permanecer um digno discípulo de Cristo até o fim.

Foto: Christian Vision for Belarus/ X

Foto: Christian Vision for Belarus/ X

Redação (16/04/2025 17:05, Gaudium Press)  O Pe. Henryk Okolotowicz foi condenado a 11 anos de prisão sob a acusação de “traição contra o Estado” (Parte 1 do Art. 356 do Código Penal). O julgamento no Tribunal Regional de Minsk foi realizado a portas fechadas, e não houve nenhuma informação sobre o caso do pároco de Valožyn até agora.

Pe. Okolotowicz afirma que foi acusado de “espionagem em benefício da Polônia e do Vaticano”, o que é uma “provocação grosseira”. No seu caso, segundo ele, “não há uma palavra de verdade, nem um único fato que o exponha à espionagem, e toda a acusação foi construída com base em mentiras, ameaças e chantagem”.

“Este é um julgamento político”, acredita o sacerdote, enfatizando que nunca foi espião de ninguém, que é um servo de Deus e que não é ele que está sendo julgado, mas ‘toda a Igreja Católica em Belarus’.

O sacerdote teria sido acusado de supostamente transmitir algumas informações sobre temas militares, porque há uma unidade militar em Valožyn, localizada bem no centro da cidade, no antigo palácio ao lado da igreja.

Essas declarações foram feitas na véspera de seu 65º aniversário, que o sacerdote comemorou em 8 de abril passado, no centro de detenção preventiva de Minsk.

Referindo-se às palavras do Cardeal Kazimierz Świątek, que também foi mantido no centro de detenção preventiva da KGB, o sacerdote observou que “os sacerdotes são perseguidos para calar a boca, para que a Igreja Católica não diga a verdade”.

Ser um discípulo de Cristo até o fim

O Pe. Okolotovich nasceu em 8 de abril de 1960 no vilarejo de Novy Mysh, perto de Baranovichi, Bielorrússia, estudou clandestinamente para se tornar sacerdote e foi ordenado secretamente depois de se formar no seminário em Riga em 1984. Ele foi enviado primeiro para Braslav e depois para Rakov. Naquela época, ainda não havia um único bispo na República Socialista Soviética da Bielorrússia e não havia nenhuma estrutura eclesiástica. Ele apoiou o renascimento da Igreja Católica desde os tempos soviéticos. Ele foi o primeiro sacerdote bielorrusso a celebrar a missa pelos oficiais poloneses mortos em Katyn. Isso foi em 1984. Na época, ele foi detido e multado pela KGB. Após o colapso da URSS, ele desempenhou um papel fundamental no renascimento da Igreja Católica em Belarus. Ele atendia aos católicos em Mogilev, Gomel, Zaslavl, Nesvizh, Bobruisk e Klecko. Ele os ajudou a recuperar igrejas e registrar paróquias.

Desde a prisão do sacerdote, nenhuma notícia havia sido divulgada. O julgamento foi realizado em segredo. Ele foi condenado a 11 anos de prisão em uma colônia de segurança máxima pelo Tribunal Regional de Minsk em 30 de dezembro.

Em sua mensagem ainda na prisão preventiva, o Pe. Okolotovich enfatiza que tem orgulho de sofrer pela Igreja Católica, pela fé, por Deus; e pede a Ele que lhe dê forças para permanecer um digno discípulo de Cristo até o fim. O sacerdote trata todos os perseguidores como pagãos: ele não os amaldiçoa nem lhes deseja mal, mas os deixa entregues à vontade da justiça de Deus.

O sacerdote não tem permissão para celebrar a missa; ele nem mesmo tem permissão para entrar na sala reservada para oração no centro de detenção porque, segundo lhe disseram, “não é para ele”. “Nesses lugares, as pessoas não têm ideia dos valores cristãos, das relações humanas ou dos Dez Mandamentos; elas não conhecem Cristo ou as Sagradas Escrituras”, diz o sacerdote.

O Pe. Okolotovich também tem câncer, doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e outros problemas graves de saúde, mas não recebe os cuidados médicos necessários. De acordo com a sentença, ele será enviado em breve para uma colônia penal de segurança máxima.


N. do A.: O nome Bielorrússia era usado na época soviética. Belarus é o nome do país atualmente.

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