Medjugorje: Santa Sé excomunga padre “diretor espiritual” dos videntes
Tomslav Vlasic está proibido de “participar –de qualquer forma– como ministro na celebração da Eucaristia ou qualquer outra cerimônia de culto público.
Bréscia – Itália (26/10/2020, 16:50, Gaudium Press) A diocese italiana de Bréscia anunciou na última sexta-feira que a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), do Vaticano decretou em julho a excomunhão de Tomslav Vlasic, ex-sacerdote e ex-diretor espiritual dos “videntes” de Medjugorje.
Tomslav Vlasic, que vive na Brescia e que se apresentava como o diretor espiritual dos videntes, foi expulso do estado clerical em 2009, há 11 anos.
Naquela época, ele estava sob suspeita de “heresia e cisma” e foi acusado de “propagar doutrinas questionáveis, manipular consciências, misticismos suspeito, desobediência às ordens legítimas e desprezo contra o sexto mandamento”, que ordena não cometer atos impuros.
O decreto da CDF “declarou que Vlasic incorreu na pena de excomunhão”, que só pode ser levantada pela Santa Sé. E ainda acrescentou que Vlasic “nunca cumpriu as proibições que lhe foram impostas no preceito penal canônico expedido em relação a ele pela mesma Congregação em 10 de março de 2009”.
Quando foi expulso do estado clerical, Tomslav Vlasic foi proibido de exercer ações de formação apostólica, especialmente no que diz respeito a Medjugorje.
“De fato –continua o comunicado da Diocese de Bréscia– nestes anos na Diocese de Bréscia e também em outros lugares, Tomslav Vlasic continuou a desenvolver suas atividades de convencimento e proselitismo diante de indivíduos e grupos utilizando os meios virtuais de informática.”
“Além disso, continua o comunicado, Tomslav Vlasic continua a declarar-se religioso e sacerdote da Igreja Católica, simulando celebração dos sacramentos inválidos, e continuou praticando graves escândalos, com atos gravemente prejudiciais à comunhão eclesial e à obediência à autoridade eclesiástica.”
Proibido de participar como ministro na celebração da Eucaristia ou qualquer outra cerimônia de culto público
Com a excomunhão, Tomslav Vlasic fica explicitamente proibido de “participar de qualquer forma como ministro na celebração da Eucaristia ou qualquer outra cerimônia de culto público, celebrar sacramentos ou sacramentais ou receber os sacramentos, exercer funções ou ministérios ou atribuições eclesiásticas quaisquer ou realizar atos de governo”.
Finalmente, a declaração especifica que se “o Sr. Tomslav Vlasic quisesse participar da celebração da Eucaristia ou de qualquer ato de culto público, ele deveria ser afastado ou a ação litúrgica interrompida, se isso não fosse contrário a uma causa grave.”
Medjugorje: história antiga e tomadas de atitudes do Vaticano
Em maio de 2019, o Papa Francisco autorizou a organização de peregrinações ao santuário mariano de Medjugorje, na Bósnia Herzegovina, desde que não implicassem em um reconhecimento das supostas aparições, uma vez que elas ainda estão em estudo pelo Vaticano.
As supostas aparições começaram em junho de 1981, quando seis crianças asseguraram experimentar fenômenos que seriam aparições da Virgem Maria com uma mensagem de paz para o mundo, um chamado à conversão, à oração e ao jejum, assim como certos segredos que cercam acontecimentos futuros.
Além disso, diz-se que três das seis crianças que agora são jovens adultos continuam recebendo aparições todas as tardes porque não foram revelados todos os “segredos” que lhes foram propostos.
Desde seu início, as ”aparições” têm sido fonte de controvérsia, mas também de conversão, afirma-se.
Em janeiro de 2014, uma comissão do Vaticano, presidida pelo Cardeal Camillo Ruini, concluiu uma investigação de quase quatro anos sobre os aspectos doutrinários e disciplinares das supostas aparições de Medjugorje e apresentou um documento à CDF que ainda está em estudo.
Quando a Congregação terminar seu trabalho, enviará um relatório ao Papa e ele tomará a decisão final.
Papa Francisco e as supostas aparições
Segundo disse o Papa Francisco em maio de 2017, durante o voo de volta a Roma após sua visita a Fátima, o documento em estudo faz uma distinção entre as primeiras aparições marianas em Medjugorje e as posteriores.
Sobre as “supostas aparições atuais”, disse Francisco, “o relatório tem suas dúvidas”. (JSG)
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