Mais dois brasileiros podem ser beatificados em breve
O Papa reconhece o martírio da jovem Isabel Cristina Campos e as virtudes heroicas do Irmão Roberto Giovanni, da Congregação dos Estigmatinos.
Cidade do Vaticano (28/10/2020, 15:30, Gaudium Press) Dom Marcello Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, foi recebido em Audiência pelo Papa Francisco nesta terça-feira, 27/10, quando o Pontífice o autorizou a promulgar os decretos que reconhecem alguns milagres, martírios e virtudes heroicas.
Entre estas promulgações estão o reconhecimento do martírio da Serva de Deus Isabel Cristina Mrad Campos, que foi morta por ódio à fé na cidade mineira de Juiz de Fora em 1º de setembro de 1982 e reconhecimento das virtudes heroicas do Servo de Deus Roberto Giovanni, também brasileiro que nasceu na cidade paulista de Rio Claro, em 1903.
Quem foi a jovem mártir Isabel Cristina
Isabel Cristina nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena (MG), era filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos.
Com o desejo de fazer o curso de Medicina, a jovem foi para Juiz de Fora em 1982 estudar em um curso pré-vestibular. Ela estudava com afinco e vivia a vida de uma jovem que herdara dos pais uma boa formação moral e religiosa. Por isso mesmo, tinha uma vida de oração que a tornava diferenciada.
Sonhava ser pediatra com o intuito de ajudar crianças carentes. Tinha grande sensibilidade para com os mais carentes. E essa sensibilidade ela, certamente aprendeu no seio de sua família que praticava a caridade inspirada na Sociedade São Vicente de Paula. Seu pai era presidente do Conselho Central Vicentino de Barbacena.
Martirizada por defender a pureza
No dia 1º de setembro de 1982, um homem que foi montar um guarda-roupa no pequeno apartamento para onde se mudara com seu irmão, tentou violentá-la.
Sua resistência ao assédio enfureceu o futuro assassino que utilizou uma cadeira para agredi-la dando-lhe um violento golpe na cabeça. Em seguida Isabel Cristina amarrada, amordaçada e teve suas roupas rasgadas.
Como continuou a resistir às intenções pecaminosas do assassino, ele desferiu contra a jovem, sem nenhuma piedade e compaixão, 15 facadas, em consequência das quais veio a falecer.
Se por um lado o crime cruel abalou a família e todos que tomaram conhecimento dele, por outro lado, a forma como foi sua morte, mas sobretudo como foi sua vida, motivou um grupo de pessoas a entrar com o pedido do processo de sua beatificação.
Conforme informa a Arquidiocese de Mariana, a solicitação foi aceita por Roma e, no dia 26 de janeiro de 2001. Em Barbacena foi instalado o processo quando Isabel Cristina recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus.
A causa do processo de canonização foi conduzida por um Tribunal Eclesiástico instituído por Dom Luciano, que durante oito anos colheu depoimentos de quase sessenta pessoas, reunindo documentos, ouvindo testemunhos, permitindo assim formalizar o processo.
O fato de Isabel Cristina ter sido batizada e feito a Primeira Comunhão na Matriz da Piedade, pela ligação afetiva de seus pais com a paróquia, e sobretudo para facilitar a visitação, decidiu-se que seus restos mortais ficariam no Santuário da Piedade.
O caixão de madeira com os restos mortais foi lacrado pelo Arcebispo Dom Geraldo, na presença do Postulador, e depois colocado num sarcófago de granito na Capela dos Passos.
Também a caixa com toda a documentação foi lacrada e entregue ao sr. Agostini, portador delegado, que a entregou na Congregação para os Santos.
Quem é o Servo de Deus Roberto Giovanni
Irmão Roberto Giovanni nasceu em Rio Claro, SP no dia 16 de março de 1903. Viveu como irmão coadjutor na cidade de Casa Branca, onde viveu a maior parte de sua vida.
Rigoroso consigo próprio, era, contudo transbordante de amor para com os outros. Conforme o site da Congregação dos Estigmatinos, sua amabilidade e simplicidade atraíam todos, simples pessoas do povo e doutos e bem formados cidadãos.
Irmão Roberto Giovanni dedicou-se aos trabalhos domésticos, ao serviço paroquial e ao Santuário Nossa Senhora do Desterro, à assistência espiritual ao povo, principalmente aos pobres e doentes.
Em novembro de 1993 Irmão Roberto, já enfermo, foi morar em Campinas na casa de repouso dos Padres e Irmãos Estigmatinos.
Com o passar dos dias foi acometido de uma pneumonia, deixando seu pobre físico muito debilitado. Sua páscoa definitiva aconteceu às 15 horas do dia 11 de janeiro de 1994, aos 90 anos de idade.
O povo de Casa Branca quis que seu corpo fosse sepultado no mesmo Santuário onde ele serviu pela maior parte de sua vida. Foi sepultado ao lado do altar-mor, no lugar exato onde, em vida, costumava rezar.
Após sua morte, o fato de as pessoas o terem como santo e, pelas graças alcançadas por sua intercessão, foi aberto o Processo Canônico para a sua Beatificação e Canonização.
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