Mais de cem milhões de vidas inocentes eliminadas a cada ano
Atualmente, milhões de vidas humanas são interrompidas de forma intencional antes mesmo de virem à luz, seja por meio de abortos diretos, seja pelo uso de medicamentos que bloqueiam o desenvolvimento de uma gestação inicial, ou ainda pelo descarte silencioso de embriões criados em laboratórios.

Foto: Freepik
Redação (28/12/2025 12:17, Gaudium Press) No dia 28 de dezembro, quando se celebra o Dia dos Santos Inocentes, a Igreja recorda o massacre das crianças ordenado por Herodes, movido pelo receio de perder o poder com o surgimento de um novo rei.
Dois milênios mais tarde, as formas de agressão contra os inocentes assumem contornos mais discretos, mais clínicos e menos visíveis, mas igualmente graves.
Atualmente, milhões de vidas humanas são interrompidas de forma intencional antes mesmo de virem à luz, seja por meio de abortos diretos, seja pelo uso de medicamentos que bloqueiam o desenvolvimento de uma gestação inicial, ou ainda pelo descarte silencioso de embriões criados em laboratórios.
Não se trata de gerar polêmica, mas trazer números concretos e posicionar essa realidade não como um tema secundário em discussões éticas, e sim como uma reflexão sobre o direito de viver.
Espanha: mais de 100 mil abortos legais por ano
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, em 2024 foram registrados 106.172 abortos legais na Espanha. Isso representa uma média de cerca de 290 interrupções diárias de vidas humanas. O número se mantém elevado há anos, com Espanha oscilando na faixa dos 100 mil casos anuais e apresentando uma leve tendência de crescimento.
Europa e o mundo: milhões de abortos anuais
Ao olhar para o continente europeu, o cenário ganha proporções alarmantes. Estimativas indicam cerca de 3,3 milhões de abortos por ano na Europa como um todo. A Espanha não é exceção, mas reflete um padrão amplo de aceitação do aborto como prática comum.
No âmbito global, os números são ainda mais impactantes. A Organização Mundial da Saúde e institutos demográficos apontam para aproximadamente 73 milhões de abortos induzidos por ano em todo o planeta. Isso corresponde a mais de 200 mil vidas interrompidas diariamente, de forma persistente.
Trata-se de uma situação sem paralelo na história: nenhuma guerra, ditadura ou desastre natural causou a perda de tantas vidas humanas de maneira tão constante e silenciosa.
A pílula do dia seguinte: o aspecto menos discutido
Além dos abortos cirúrgicos ou medicados, há uma prática amplamente difundida e pouco questionada: o consumo da pílula do dia seguinte.
Na Espanha, são distribuídas centenas de milhares de pílulas anualmente (estimativas apontam para algo entre 700 mil e 800 mil unidades), um medicamento de acesso livre nas farmácias, sem receita, e visto socialmente como um contraceptivo de emergência comum.
Do ponto de vista científico, a pílula age principalmente inibindo ou adiando a ovulação. No entanto, estudos médicos indicam que, se a ovulação já ocorreu, ela pode dificultar ou impedir a implantação de um embrião já formado.
Não há dados exatos nem consenso total, mas cálculos conservadores sugerem um efeito possível em torno de 5% dos casos (variando conforme a fase do ciclo e o tipo de medicamento). Com volumes tão altos de uso, mesmo uma taxa baixa pode resultar em milhares de embriões que não se implantam a cada ano.
É uma perda não registrada estatisticamente, mas de peso moral considerável.
A reprodução assistida: embriões sem destino
Outra questão central desse drama é a fertilização in vitro.
Apenas na Espanha, são realizados mais de 168 mil ciclos de FIV por ano (conforme registros recentes). Cada procedimento envolve a produção de múltiplos embriões humanos, dos quais geralmente apenas um — ou no máximo dois — é transferido para o útero. Os demais são congelados, descartados por razões técnicas ou mantidos por anos em armazenamento.
Não há um número oficial consolidado sobre quantos embriões são destruídos anualmente no país. Porém, pela análise da atividade clínica, conclui-se que dezenas de milhares nunca são transferidos, e uma parcela expressiva acaba sendo eliminada, abandonada ou descartada.
Na Europa, superam um milhão os tratamentos de reprodução assistida por ano. No mundo, chegam a vários milhões. O resultado inevitável é a existência de centenas de milhares — possivelmente milhões — de embriões humanos com a vida interrompida ou suspensa indefinidamente.
A grande ferida da nossa era
O aborto, o uso da pílula do dia seguinte e a eliminação de embriões não são fatos isolados ou periféricos. Nem se limitam a um detalhe em meio a outras questões morais. Eles formam, em conjunto, a principal cicatriz antropológica do nosso tempo.
Nunca a humanidade havia gerado e eliminado tantas vidas em sua etapa mais frágil. Nunca havia sido tão simples negar a dignidade humana justamente quando mais precisamos protegê-la.
Mas o Dia dos Santos Inocentes não é apenas um dia para se lamentar. É também de esperança. Esperança de que a verdade, expressa com serenidade e firmeza, volte a ocupar o debate público. Esperança de que a ciência e a tecnologia se coloquem a serviço da vida, e não o contrário. Esperança de que uma sociedade que, hoje descarta seus inocentes, possa reconhecê-los, acolhê-los e defendê-los.
Pois o grau de uma civilização não se mede por sua força ou avanços tecnológicos, mas pela forma como cuida daqueles que não podem se defender. E é exatamente aí que se decide o futuro moral da nossa época.
Com informações Infovaticana





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