Livro revela o perfil do sacerdócio católico brasileiro
A obra, de autoria do Padre José Carlos Pereira, apresenta o resultado de uma pesquisa realizada ao longo de três anos com quase dois mil padres católicos no país.
Redação (07/03/2023 17:11, Gaudium Press) “Como vive o padre brasileiro? De onde ele vem? Para onde vai? O que costuma ler? Como é seu cotidiano? Como são suas relações com as pessoas? Padre sofre? Adoece? Tem dúvidas sobre sua vocação e conflitos existenciais?”, estas são algumas das perguntas respondidas no livro ‘Operários da Fé: o padre na sociedade brasileira’, de autoria do Padre, professor e sociólogo José Carlos Pereira.
Pesquisa realizada com quase dois mil sacerdotes católicos
Entre os anos de 2019 e 2021, o pesquisador entrevistou quase dois mil padres católicos em todo o Brasil com o objetivo de traçar o perfil do sacerdote brasileiro. O amplo questionário, com cem perguntas, não fugiu de temas polêmicos e delicados na Igreja Católica, como celibato e sexualidade. O Padre José Carlos acredita que seu trabalho é fundamental para entender o país, uma vez que o catolicismo é uma das religiões predominantes no Brasil.
O perfil típico do sacerdote brasileiro seria “branco, relativamente jovem, oriundo da baixa classe média rural ou de pequenas cidades do interior, nascido em família simples, com baixa escolaridade e acentuada religiosidade católica”.
Saúde física e mental dos sacerdotes brasileiros
A saúde física e mental dos sacerdotes brasileiros é um dos temas que chamam a atenção na obra de 240 páginas publicada pela Editora Matrix. A pesquisa revela um alto número de padres brasileiros que tomam algum tipo de medicamento de forma contínua, seja para conseguir dormir ou para aliviar o estresse emocional. A rotina sobrecarregada de alguns, bem como a cobrança excessiva, a alimentação desregrada e a falta de exercícios físicos também influenciam de forma negativa a saúde dos padres brasileiros.
Respostas sobre a sexualidade podem não refletir a realidade
Apesar da maioria dos sacerdotes se autodeclarar heterossexual, o autor acredita que o número não refleta a realidade e que o atual cenário revela uma forte tendência homoafetiva. Baseado em sua convivência de mais de trinta anos com sacerdotes e seminaristas, o pesquisador suspeita que mais da metade do clero brasileiro seja tendencialmente homossexual, apesar de não possuir uma comprovação científica em sua crença.
Baixo envolvimento político dos sacerdotes brasileiros
Dos padres entrevistados, 97% asseguram não possuir filiação com partidos políticos. A porcentagem ainda segue alta (95%) entre os que manifestaram não ter interesse em se candidatar a algum cargo na política e os que não concordam que sacerdotes se candidatem (72%). Durante o período eleitoral 80% garantiu não apoiar de forma aberta nenhum candidato.
Outras estatísticas
– 94,5% dos sacerdotes brasileiros se declaram felizes no que fazem.
– 43,4% disseram que fizeram ou fazem acompanhamento psicológico.
– 47,6% tem menos de 45 anos, 25,1% tem de 46 a 55 anos E 27,3% tem mais de 55 anos.
– 86,4% aprovam o celibato.
– 64,4% estão satisfeitos com a formação recebida.
Estatísticas sobre saúde mental
Sobre dependência dos sacerdotes com o álcool, ainda que a pesquisa não ofereça dados exatos, a experiência de campo assinalou que aproximadamente a metade dos padres bebe em algumas ocasiões, e que ao menos 5% destes possui alguma dependência etílica.
– Os índices de alguns transtornos psicológicos causados por abusos de natureza diversa sofridos dentro dos conventos ou em outras fases da vida “se mostraram elevados, destacando-se a preocupação com questões como a depressão e o suicídio, assuntos que costumam ser tratados com muita discrição, ou simplesmente ignorados pela Igreja”, diz o Padre Pereira.
– Diz também que os sacerdotes não leem muito, vão pouco ao cinema e quase nunca ao teatro. Eles não dedicam muito tempo para descansar, e viajam quando podem, seja à trabalho ou de férias. (EPC)
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