Leão XIV: liturgia é aspecto essencial da missão de uma Catedral

“O cuidado posto na celebração da liturgia, no lugar da Sé de Pedro, deve ser tal que possa servir de exemplo para todo o povo de Deus, no respeito pelas normas, na atenção às diversas sensibilidades de quem participa”.

Foto: Vatican news/ Vatican Media

Redação (09/11/2025 10:28, Gaudium Press) Leão XIV celebrou a missa na Basílica de São João de Latrão – mãe de todas as Igrejas – nesta manhã de domingo, para comemorar a sua dedicação no século IV, “um fato histórico de grande relevância para a vida da Igreja”. Esta igreja, uma das mais antigas da capital italiana, representa sobretudo “o sinal da Igreja viva”, que nos recorda que “também nós, enquanto ‘pedras vivas’, constituímos sobre a terra um templo espiritual”, donde “o costume de aplicar o ‘nome de Igreja, que significa assembleia dos fiéis, ao templo que os reúne’”, recordou Leão XIV.

Para construir esta basílica, “aqueles que nos precederam deram à nossa catedral bases sólidas, escavando em profundidade, com esforço, antes de começarem a erguer as paredes que nos acolhem, e isso nos faz sentir muito mais tranquilos”, explicou o Papa. Da mesma forma, “nós também, operários da Igreja viva, antes de podermos erguer estruturas imponentes, devemos escavar em nós mesmos e ao nosso redor para eliminar qualquer material instável que possa nos impedir de alcançar a verdadeira rocha de Cristo”.

Construir uma verdadeira comunidade de fé

Sem esse alicerce, Jesus Cristo – o que significa voltar constantemente a Ele e ao seu Evangelho, dóceis à ação do Espírito Santo– “o risco seria sobrecarregar com uma estrutura pesada um edifício com fundações frágeis”, alertou o Sumo Pontífice. Para evitar esse escândalo, “não sejamos apressados nem superficiais: aprofundemo-nos, livres dos critérios do mundo que, muitas vezes, exige resultados imediatos, pois não conhece a sabedoria da espera”, aconselhou Leão XIV aos 2.700 fiéis presentes nos bancos da basílica. O Pontífice insistiu, afirmando que “somente com humildade e paciência é possível construir, com a ajuda de Deus, uma verdadeira comunidade de fé, capaz de difundir a caridade, promover a missão, anunciar, celebrar e servir o Magistério apostólico”.

Por meio da imagem de “trabalhar no grande estaleiro de Deus, frequentemente utilizada para descrever o nosso caminho eclesial”, o Santo Padre reconheceu que ela evoca “atividade, criatividade, empenho, mas também esforço, problemas – por vezes, complexos – a serem resolvidos, aqueles que expressam “o esforço real e palpável” de “nossas comunidades”. A Igreja de Roma é testemunha disso, especialmente “nesta fase de implementação do Sínodo”, reconheceu ele. Apesar de “uma jornada difícil”, que envolve “confronto e verificação”, “não devemos nos desanimar”, mas, pelo contrário, “continuar a trabalhar com confiança para crescermos juntos”. E acrescentou: “Para alimentar e renovar o nosso entusiasmo, não permitamos, pois, que o cansaço nos impeça de o reconhecer e celebrar”.

O respeito pela liturgia

Leão XIV concluiu sua homilia, ressaltando a fidelidade à “sobriedade solene” da liturgia, “típica da tradição romana, que tanto bem pode fazer às almas daqueles que nela participam ativamente”. Ele demonstrou o anseio de que a liturgia utilizada na Sé de Pedro servisse de exemplo para todo o povo de Deus, “no respeito pelas normas, na atenção às diferentes sensibilidades daqueles que nela participam, segundo o princípio de uma sábia inculturação”. Ele pediu que “se zele pela beleza simples dos ritos” para que “ela possa expressar o valor do culto em prol do crescimento harmonioso de todo o Corpo do Senhor”, citando Santo Agostinho, para quem “a beleza não é senão o amor, e o amor é vida”. “A liturgia é um âmbito onde essa verdade se realiza de maneira eminente; e desejo que aqueles que se aproximam do Altar da Catedral de Roma possam depois partir cheios dessa graça com qual o Senhor deseja inundar o mundo”, enfatizou.