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Leão XIV: fenômeno místico e santidade

Ao discursar para os participantes da conferência do Dicastério para as Causas dos Santos sobre “A mística, os fenômenos místicos e santidade”, o Papa leão XIV convidou-os a “avaliar tais acontecimentos com prudência, através de um humilde discernimento e de acordo com os ensinamentos da Igreja”.

Foto: Vatican Media

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Redação (13/11/2025 12:21, Gaudium Press) Ao final da conferência organizada pelo Dicastério para as Causas dos Santos e dedicada à relação entre os fenômenos místicos e a santidade de vida, Leão XIV recebeu os diversos participantes na Sala Paulo VI. A mística “caracteriza-se como uma experiência que supera o mero conhecimento racional, não pelo mérito de quem a vive, mas por um dom espiritual que pode se manifestar de diferentes maneiras”, até mesmo por fenômenos opostos, explicou Leão XIV, citando “visões luminosas ou trevas densas, aflições ou êxtases”.

Comunhão com Deus

Em si mesmos, porém, esclareceu o Santo Padre, “esses acontecimentos permanecem secundários e não essenciais em relação à mística e à própria santidade: podem ser sinais dela, como carismas singulares, mas o verdadeiro objetivo é e sempre permanece a comunhão com Deus”.

O Pontífice acrescentou que “os fenômenos extraordinários que podem caracterizar uma experiência mística não são condições indispensáveis para o reconhecimento da santidade de um fiel: se presentes, fortalecem as virtudes não como privilégios individuais, mas enquanto ordenados para a edificação de toda a Igreja, o corpo místico de Cristo”.

Ao examinar os candidatos à santidade, prosseguiu o Papa, o que mais importa e deve ser enfatizado é “a sua plena e constante conformidade com a vontade de Deus, revelada nas Escrituras e na Tradição Apostólica viva. É, portanto, importante manter o equilíbrio: assim como não devemos promover causas de canonização apenas na presença de fenômenos excepcionais, devemos ter o cuidado de não as penalizar se esses mesmos fenômenos caracterizarem a vida dos servos de Deus”.

Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz

Leão XIV exemplificou com Santa Teresa de Ávila, a primeira mulher a ser proclamada Doutora da Igreja e considerada uma das maiores místicas da história cristã. Originária da Espanha, a reformadora carmelita do século XVI afirmou que “a perfeição suprema não reside na doçura interior, em grandes êxtases, visões e no espírito de profecia, mas na perfeita conformidade da nossa vontade com a de Deus, aceitando com a mesma alegria tanto o doce e quanto o amargo, conforme Ele quer”.

Essas observações, recordadas pelo Santo Padre, “correspondem à experiência de São João da Cruz, segundo o qual o exercício das virtudes é a semente de uma disponibilidade apaixonada para com Deus, de modo que a sua vontade e a nossa se tornem uma só vontade em livre e espontânea comunhão, até que o amante se transforme no Amado”.

Ilusão Supersticiosa e Discernimento

Na realidade, por meio da reflexão teológica, da pregação e da catequese, “a Igreja reconhece há séculos que a consciência da íntima união de amor com Deus está no cerne da vida mística”. “Com constante empenho”, recordou o Papa, “o Magistério, a teologia e os autores espirituais também forneceram critérios para distinguir os autênticos fenômenos espirituais, que podem ocorrer em um ambiente de oração e sincera busca a Deus, das manifestações que podem ser enganosas”. Para não cair na “ilusão supersticiosa”, Leão XIV convidou as pessoas a “avaliarem tais eventos com prudência, por meio de humilde discernimento e de acordo com o ensinamento da Igreja”.

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