Leão XIV escreve prefácio de um livro que marcou sua vida espiritual
“Toda a ética cristã pode ser resumida nesta constante lembrança da presença de Deus: Ele está aqui. Essa lembrança, que é mais do que uma simples recordação, pois envolve nossos sentimentos e afetos, transcende todo moralismo e qualquer redução do Evangelho a um mero conjunto de regra”.
Foto: Vatican News
Redação (19/12/2025 08:42, Gaudium Press) O Papa Leão XIV escreveu o prefácio de uma nova edição de A Prática da Presença de Deus, escrita por um frade carmelita do século XVII, confessando que este é um dos livros que mais influenciou seu caminho de fé.
“Como já tive ocasião de dizer, ao lado dos escritos de Santo Agostinho e outros livros, este é um dos textos que mais marcou minha vida espiritual e me moldou sobre qual pode ser o caminho para conhecer e amar o Senhor”, escreveu Leão XIV.
A consideração consta na introdução assinada pelo Pontífice para essa nova edição, divulgada nesta quinta-feira pela Livraria Editora Vaticana.
Frei Lourenço da Ressurreição (1614-1691), nascido Nicolas Herman, era um carmelita francês de origem humilde que, após participar da Guerra dos Trinta Anos, ingressou na vida religiosa aos 26 anos.
“Os escritos e testemunhos deste carmelita do século XVII, que atravessou com fé luminosa os acontecimentos conturbados do seu século, certamente não menos violento que o nosso, podem ser fonte de inspiração e ajuda também para a vida de nós, homens e mulheres do terceiro milênio. Eles nos mostram que não existe circunstância que possa nos separar de Deus, que todas as nossas ações, todas as nossas ocupações e até mesmo todos os nossos erros adquirem um valor infinito se forem vividos na presença de Deus, continuamente oferecidos a Ele”, escreveu Leão XIV, enfatizando que a proposta de Frei Lourenço supera “todo moralismo” e a redução do Evangelho a meras regras.
O Papa descreve o caminho proposto pelo religioso francês como “simples e árduo ao mesmo tempo”, fundamentado na lembrança constante de Deus por meio dos pequenos gestos do dia a dia.
“Árduo, porque exige um caminho de purificação, de ascetismo, de renúncia e conversão do mais íntimo de nós mesmos, da nossa mente e dos nossos pensamentos, muito mais do que das nossas ações”, explica.
O prefácio ainda realça o humor e a humildade do frade, que trabalhava como cozinheiro em sua comunidade, evocando a ligação com grandes místicos como Santa Teresa de Ávila e seu “Deus das panelas e frigideiras”.
“Assim, pode-se dizer ironicamente que Deus o ‘enganou’, porque, tendo ele entrado talvez com certa presunção no mosteiro para se sacrificar e expiar duramente os pecados de juventude, encontrou ali, em vez disso, uma vida repleta de alegria”, observou o Santo Padre.
“Toda ética cristã se resume verdadeiramente nessa lembrança contínua de que Deus está presente: Ele está aqui”, afirma o Papa, acrescentando que “como Jesus nos prometeu, a experiência de nos entregarmos a Deus Pai já nos dá cem vezes mais aqui na terra. Entregar-se à presença de Deus significa saborear um antegozo do Paraíso”.
Com informações Vatican News





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