Leão XIV: a música é uma via pulchritudinis que conduz a Deus
Na véspera do “Concerto com os pobres”, o Papa Leão XIV recebeu os organizadores e os artistas envolvidos no evento. Ele destacou que “a música pode ser verdadeiramente uma forma de amor, uma via pulchritudinis que conduz a Deus”.

Foto: Vatican Media
Redação (06/12/2025 12:25, Gaudium Press) Na véspera da sexta edição do Concerto com os pobres — iniciativa instituída pelo Papa Francisco e que já se tornou uma tradição —, Leão XIV recebeu, nesta sexta-feira, 5 de dezembro, os diversos organizadores e artistas que participarão do evento.
O concerto acontece no contexto da preparação para o Natal, tempo em que “celebramos o Senhor Jesus Cristo que se faz próximo e pobre por nós” (cf. 2Cor 8,9).
Deus é caridade, Deus é amor!
Citando a primeira encíclica do Papa Bento XVI, Deus caritas est, publicada exatamente no dia de Natal, o Papa recordou que o mistério da Encarnação do Verbo é “a revelação do amor que Deus Pai tem por cada um de nós. “Deus que se faz criança, que se confia aos cuidados de pais humanos, que se oferece por cada um de nós, é o ícone do amor divino que vem nos salvar”, enfatizou.
”Deus é caridade, Deus é amor!, prosseguiu Leão XIV, destacando que, ao contemplá-Lo, “podemos aprender a amar como Ele nos amou; podemos descobrir que o mandamento do amor corresponde às nossas necessidades mais autênticas. Pois é precisamente “quando amamos que nos realizamos verdadeiramente”.
Um concerto para os mais frágeis
Para o Papa, o Concerto com os pobres não é apenas “uma apresentação de bons artistas ou um simples espetáculo musical, tampouco “um momento de solidariedade para acalmar nossa consciência diante das injustiças da sociedade”. Leão XIV desejou que, ao participar desse evento, todos se recordem das palavras do Senhor: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes (Mt 25,40).
Retomando sua Exortação apostólica Dilexi te, sobre o amor aos pobres, o Pontífice explicou ainda: “Não estamos no campo da beneficência, mas no da Revelação: o contato com aqueles que não têm poder nem grandeza é um modo fundamental de encontrar o Senhor da história. Através dos pobres, Ele ainda tem algo a nos dizer.
Isso também recorda que “a dignidade do homem e da mulher não se mede pelo que possuem”, e acrescentou: “nós não somos os nossos bens e posses, mas filhos amados de Deus; e esse mesmo amor deve ser a marca do nosso agir com o próximo”.
A música, um dom de Deus
Inspirando-se em Santo Agostinho, Leão XIV ponderou que a música sempre “desempenhou um papel importante na experiência cristã”. Na liturgia, em particular, ele afirmou que o canto nunca é uma “trilha sonora” ou um simples fundo musical. Seu objetivo é “elevar a alma para conduzi-la o mais próximo possível do mistério que está sendo celebrado”.
Santo Agostinho escreveu em seu Comentário aos Salmos: “Deveis cantar para Ele, mas não desafinados. Ele não quer que Seus ouvidos sejam ofendidos. Cantai com arte”. Na música, o cuidado, o empenho, a arte e a harmonia que dela decorre são importantes: é “verdadeiramente um dom precioso que Deus concedeu a toda a humanidade”, afirmou. Pois “a música pode realmente representar uma forma de amor, uma via pulchritudinis que conduz a Deus”. Desse modo, a beleza, insistiu ele, é um “dom de Deus a todos os seres humanos, unidos pela mesma dignidade e chamados à fraternidade”.
O Papa concluiu, agradecendo a “todos aqueles que estão trabalhando para o sucesso do concerto”, confiando-os à “intercessão maternal de Maria Santíssima Imaculada” e invocando a proteção de Santa Cecília, “padroeira dos músicos”.





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