Leão XIV: A fé sobre a terra sustenta a esperança do céu
O Papa presidiu a missa de canonização de sete beatos neste domingo, 19 de outubro, na Praça de São Pedro. Em sua homilia, Leão XIV ressaltou que a fé é o vínculo de amor entre Deus e o homem. Os sete novos santos “mantiveram acesa a lâmpada da fé” e, por sua vez, tornaram-se luz.
Fotos: Vatican News/ Vatican Media
Redação (19/10/2025 11:28, Gaudium Press) Os sete retratos dos beatos canonizados neste domingo foram solenemente expostos na fachada da Basílica de São Pedro. Diante uma assembleia de aproximadamente 70.000 fiéis, Vincenza Maria Poloni, María Rendiles Martínez, Maria Troncatti, Inácio Choukrallah Maloyan, José Gregorio Hernández Cisneros, Peter To Rot e Bartolo Longo foram elevados à glória dos altares, após a proclamação de suas biografias pelo Cardeal Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos. As relíquias dos novos santos foram reverentemente apresentadas e dispostas aos pés de uma imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho.
Um anúncio de salvação
Os sete novos santos, canonizados neste domingo, “apresentam-se diante de nós”, prosseguiu o Santo Padre, “pela graça de Deus. Eles “mantiveram acesa a lâmpada da fé, ou melhor, tornaram-se eles mesmo lâmpadas capazes de difundir a luz de Cristo”. Sem fé em Deus, não há esperança, pois “a liberdade de todos seria derrotada pela morte; o desejo de vida precipitaria no nada”. “Uma terra sem fé seria povoada por filhos que vivem sem Pai, ou seja, por criaturas sem salvação”, explicou o Papa.
A interrogação de Jesus, portanto, suscita-nos inquietação, mas apenas se esquecermos que é o próprio Jesus quem a pronuncia. Com efeito, ” as palavras do Senhor permanecem sempre Evangelho, ou seja, alegre anúncio de salvação. Esta salvação é o dom da vida eterna que recebemos do Pai, por meio do Filho, com a força do Espírito Santo”.
É precisamente por esta razão que Cristo indica aos seus discípulos “‘obrigação de orar sempre, sem desfalecer’ (Lc 18, 1): tal como não nos cansamos de respirar, também não nos cansemos de orar! Do mesmo modo que a respiração sustenta a vida do corpo, a oração sustenta a vida da alma: a fé, com efeito, expressa-se na oração e a oração autêntica vive da fé”.
Deus é juiz justo
O Papa convidou os fiéis a meditarem estas palavras em suas consciências: “o Senhor pergunta-nos se acreditamos que Deus é um juiz justo para com todos. O Filho pergunta-nos se acreditamos que o Pai quer sempre o nosso bem e a salvação de todos.
Leão XIV também lembrou duas tentações que põem à prova a fé: a primeira nos leva a pensar que Deus não ouve o clamor dos oprimidos nem tem piedade do sofrimento dos inocentes. A segunda, é a pretensão de que Deus deve agir como nós desejamos: “a oração cede então lugar a uma ordem dirigida a Deus, para lhe ensinar o modo de ser justo e eficaz”.
Jesus, disse o Papa, nos liberta de ambas as tentações por meio de sua oração durante a sua Paixão, pedindo que a vontade do Pai seja feita. “Aconteça o que acontecer, Jesus confia-se como Filho ao Pai.” São as palavras da oração do Pai Nosso.
Portanto, Deus, ao dar a sua vida por todos, faz justiça a todos. “A cruz de Cristo revela a justiça de Deus e a justiça de Deus é o perdão: Ele vê o mal e redime-o, tomando-o sobre si. Quando somos crucificados pela dor e pela violência, pelo ódio e pela guerra, Cristo já está ali, na cruz por nós e conosco. Não há choro que Deus não console, nem lágrima que esteja longe do seu coração. O Senhor escuta-nos, abraça-nos como somos, para nos transformar como Ele é”, sublinhou Leão XIV.
Retomando a pergunta de Jesus se Ele encontraria fé na terra, o Papa convidou os cristãos a abraçarem a fé em todos os aspectos da vida, pois a fé sustenta nosso empenho pela justiça e nosso desejo de que o amor de Deus salve o mundo.
“Perguntemo-nos, então: quando ouvimos o apelo de quem está em dificuldade, somos testemunhas do amor do Pai, como Cristo o foi para com todos? Ele é o humilde que chama os prepotentes à conversão, o justo que nos torna justos, como atestam os novos santos de hoje: não são heróis, nem paladinos de um ideal qualquer, mas homens e mulheres autênticos”, e acrescentou que esses novos santos “são mártires pela sua fé”.
E concluiu: “Que a sua intercessão nos assista nas provações e o seu exemplo nos inspire na comum vocação à santidade. Enquanto peregrinamos rumo a esta meta, rezemos sem nos cansarmos, firmes naquilo que aprendemos e acreditamos resolutamente (cf. 2 Tm 3, 14). A fé sobre a terra sustenta assim a esperança do céu”.
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