Jesus continua operando por meio de seus ministros
Instaurado na Santa Ceia, o coração da Igreja, o clero, recebeu o poder de se multiplicar indefinidamente mediante o Sacramento da Ordem.
Redação (22/04/2021 11:18, Gaudium Press) “… Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
Jesus dá aos Apóstolos um esclarecimento formal e categórico a respeito da missão que lhes outorgava. Aproveita essa ocasião para conversar sobre o mais importante tema para eles e, portanto, para a Santa Igreja nascente.
Tratava-se de assumirem a mesma missão de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois Este permaneceria no mundo por meio deles. Nada deveria ser esquecido: nem a Paixão com seus méritos, nem a própria vida do Divino Mestre, com Seus ensinamentos. Concretiza-se, nessa ocasião, uma identidade de missão entre Jesus e os Apóstolos.
Aliás, na oração dirigida ao Pai, na Última Ceia, havia já Ele revelado essa aproximação:
“Eu lhes transmiti as palavras que Me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de Ti, e creram que Me enviaste. Dei-lhes a Tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. Como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17, 8.14.18).
Anteriormente, chegara mesmo a afirmar:
“Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10, 16).
Por isso São Paulo diria mais tarde, em tom de plena certeza: “O apóstolo é ministro de Cristo” (I Cor 4, 1); e “Deus mesmo é que fala por seus lábios” (II Cor 5, 20).
Os discípulos deverão pregar e implantar a Igreja em todas as partes, com a mesma autoridade divina com que Cristo realizou Sua missão no mundo, tal como nos relata São Mateus: “Tudo o que ligardes sobre a Terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes sobre a Terra, será desligado no Céu” (18, 18). E São Marcos: “Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura” (16, 15).
Ministros de Cristo
Cristo os constituiu sacerdotes da Igreja, para salvação e santificação das almas, fazendo-os herdeiros e participantes de Seu sumo e eterno sacerdócio.
Esta missão continua ainda nos dias atuais e deverá perdurar até o fim dos tempos, através do ministério sacerdotal.
Tal como Jesus, o presbítero dá “glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na Terra aos homens objeto da boa vontade de Deus” (Lc 2, 14). É ele alter Christus: “Como o Pai Me enviou, assim Eu vos envio” (Jo 20, 21).
Assim, a obra universal de redenção e de transformação do mundo trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo, com toda a sua divina eficácia, Ele continua a operá-la, e continuará sempre, por meio de seus ministros.
Não é, portanto, sem fundamento que, nas relações humanas, haja uma exigência quanto à transparência dos variados aspectos da divina figura de Jesus nos seus sacerdotes, como afirmava São Paulo:
“É preciso que os homens vejam em nós ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de Deus” (1 Cor 4, 1).
Sobretudo no mais recôndito de sua alma, o padre é um outro Cristo, por ter recebido uma especial consagração, participativa daquela verificada na natureza humana de Nosso Senhor por sua união hipostática com o Verbo.
Um só é o sacerdócio: o de Jesus Cristo, participado e continuado ao longo da História por seus sacerdotes.
Mons João Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 88, abril 2009.
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