Irmã Belén: 100 anos de fé
Não é todo dia que uma religiosa completa 100 anos de idade. Menos ainda quando essa religiosa é uma missionária espanhola na África.
Foto: El Español
Redação (06/02/2025 15:45, Gaudium Press) María Purificación Lorenzo García nasceu em uma pequena cidade de Castilla y León, Olmedo, na Espanha.
Desde muito jovem, María sentiu em seu coração o chamado para algo maior do que o normal. Nos grupos de ensino da Ação Católica de sua comunidade, ela foi guiada pela figura da Irmã María Teresa Ortega, uma mulher destemida, corajosa e dedicada a Cristo. “Fiquei fascinada com sua maneira de descobrir o Evangelho”, lembra ela. “Ao descobri-lo e vivê-lo junto a ela”, sentiu que sua fé a levaria ‘mais longe’. Ao seu lado, ela entendeu que essa fé não era apenas um refúgio, mas uma força que a impulsionaria a dar tudo de si, mesmo nos momentos difíceis.
Ela ingressou na Ordem das dominicanas e adotou o nome de Irmã Belén, comprometendo-se a servir em uma missão que nunca havia imaginado.
Seu primeiro destino foi Porto Rico, onde, em 1964, fundou um mosteiro. Mas essa primeira missão durou pouco tempo por motivos de saúde, lamenta a Irmã María Belén, que foi novamente “chamada pela graça de Deus” para um novo empreendimento, mas em outro lugar, bem distante. O novo desafio a aguardava, em 1972, na cidade angolana de Benguela. Sua “obra de arte”, reconhece orgulhosamente meio século depois.
Uma missão em meio à guerra
Ao chegar a Angola, ela encontrou um lugar assolado pela pobreza, mas algo dentro dela lhe dava esperança. Esse destino lhe reservava mais desafios. Apenas três anos após sua chegada, estourou uma guerra civil devastadora, um conflito que continuaria por mais de 25 anos. Mas isso não impediu que a Irmã Belén e as outras religiosas decidissem ficar, comprometidas a viver sua vocação em meio ao caos e à violência.
Cada amanhecer trazia consigo um ato de coragem. As bombas e os sons dos combates eram uma realidade concreta e diária, mas elas nunca desistiram. A irmã Belén se agarrava cada vez mais à sua fé.
Em seu mosteiro em Benguela, ela criou uma comunidade de oração, que era um refúgio de paz em meio ao desespero. Os anos se passaram, a guerra parecia não ter fim, mas a presença das dominicanas em Angola germinou em obras e os frutos começaram a ser vistos. Novas vocações surgiram e se formaram; o mosteiro se expandiu para outros lugares, como Cuito Bie, também em Angola, e Lamego, em Portugal.
O amor que vive em seu coração: a cidade de Olmedo
Hoje, aos 100 anos de idade, a Irmã Belén continua em Angola e diz que já se sente “uma africana” com o dever de fazer, por meio de seu testemunho de vida, “missão na Espanha, em Castela, em Olmedo de minha alma”. Ela viveu mais da metade de sua vida em terras distantes, mas seu coração nunca deixou de bater por sua terra natal.
Com um século de vida, a Irmã Belén surpreende; a vitalidade de sua voz e a claridade de suas expressões viajam até sua cidade natal, agradecendo e lembrando de todos os seus conterrâneos, que nunca deixou de acompanhar com sua fé e orações. E pede que eles “rezem por mim, como estou fazendo por vocês com muito gosto”. E, como se estivesse apagando as velas do bolo, faz um pedido: “Gostaria que descobríssemos a fé que recebemos no batismo”. Porque “se a despertarmos pouco a pouco”, adverte, “ela vai nos iluminando”. A fé, conclui, “nos revela a realidade”.
Um centenário de fé e amor que ultrapassa fronteiras
A Irmã Belén pede à Virgem de Soterraña que todas as pessoas de Olmeda conheçam melhor Jesus e que celebrem sua vida com a mesma alegria que ela sente por elas, apesar da distância.
A religiosa vive cada dia como um presente, um dom, uma graça infinita. “Não sei quantas graças tenho sobre mim, nem como posso continuar caminhando”. Em 3 de fevereiro, a religiosa celebrou seu centenário, um dia após a Igreja Católica comemorar o Dia Mundial da Vida Consagrada.
Em 3 de fevereiro, Olmedo também celebrou seu aniversário, mas o fez com a certeza de que a fé da Irmã Belén não conhece fronteiras e que, embora ela esteja longe, seu amor pelo Evangelho e pelo povo de sua aldeia ainda está vivo em cada um dos corações que ela tocou.
Com informações El Español e Arquidiocese de Valladolid
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