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Hierarquia ou igualdade?

Ao longo de trinta anos de vida familiar, o Homem-Deus oferece o exemplo da obediência perfeita a um mundo no qual imperam a mentalidade igualitária e o espírito de revolta contra toda autoridade.

Sagrada Família. Foto: Francisco Lecaros

Sagrada Família. Foto: Francisco Lecaros

Redação (30/12/2023 17:08, Gaudium Press) Divinas são as palavras nesta Liturgia da solenidade da Sagrada Família, por serem ditadas pelo Espírito Santo aos autores sagrados e recolhidas pela Santa Igreja com sabedoria.

O Evangelho narra o episódio da apresentação do Menino Jesus ao Templo (cf. Lc 2,22-40), na qual se condensam uma série de verdades ensinadas por Deus a respeito de um ponto fundamental atinente à sociedade e à própria Igreja: a vida familiar. A família é a célula mater da sociedade, onde se preparam os homens e mulheres de valor que constituirão o mundo do futuro, e é também a fonte de vocações religiosas para o serviço da Igreja.

Sendo uma instituição de direito natural ― como atesta a história de todos os povos, desde a mais remota Antiguidade ―, a família foi contemplada por Nosso Senhor Jesus Cristo com a elevação do Matrimônio à categoria de Sacramento, a fim de infundir nos esposos as graças necessárias para cumprir, com vistas sobrenaturais, o dever que lhes cabe.

De fato, acima de todas as suas funções, a família tem uma missão salvífica. Uma vez que o nosso destino final não está aqui na Terra ― na qual nos encontramos apenas de passagem ―, mas sim na eternidade, não há no Matrimônio objetivo mais excelente que um cônjuge santificar o outro, e ambos santificarem os filhos. Trata-se, portanto, de levar a vida familiar em Deus, de maneira que Ele seja o elemento essencial do relacionamento entre marido e mulher, pais e filhos. Se a família se basear na graça e na piedade, ainda que sobre ela se abatam dramas e vicissitudes, tudo se tornará fácil, e nela reinará a paz.

Na Sagrada Família temos o modelo admirável de como enfrentar as dificuldades e as dores da existência com espírito elevado: pai, Mãe e Filho viviam numa harmonia perfeita porque Deus estava no centro. Por isso, nesta festa, reza a Oração do Dia: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa”.[1]

Imitemos em nossos lares as virtudes de Jesus, Maria e José para, transpostos os umbrais da morte, sermos integrados para sempre na família eterna do Pai, do Filho e do Espírito Santo, juntamente com todos os Anjos e Bem-aventurados.

Deus quer nos conferir a felicidade imensa do convívio com Ele no Céu e, para isso, Ele mesmo Se encarnou e viveu trinta anos numa família ― enquanto empregou apenas três em expor sua doutrina! ―, dando-nos assim uma noção clara da importância do núcleo familiar e o padrão de como este deve ser.

Extraído, com alterações de:

CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano-São Paulo: LEV-Instituto Lumen Sapientiæ, 2012, v. 3, p. 121-123.


[1] FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO. Trad. Portuguesa da 2ª edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 9. ed. São Paulo: Paulus, 2004, p. 155.

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