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Hernán Cortés e a evangelização do México

O Homem de muita Fé, bondade e combatividade, Cortés destruiu ídolos e favoreceu possantemente a cristianização dos mexicanos. 

Fotos: Wikipedia

Fotos: Wikipedia

Redação (04/07/2025 09:47, Gaudium Press) Cortés nasceu em 1485, numa cidade de Extremadura, Centro Oeste da Espanha, proveniente de família nobre, mas sem fortuna.

Adolescente, estudou por dois anos na Universidade de Salamanca, mas por seu pendor militar decidiu seguir a carreira das armas.

Aos dezenove anos de idade, navegou até São Domingos – atual República Dominicana – onde foi acolhido pelo governador. Cortés era um varão “elegante, forte, de estatura mediana, olhos grandes e negros, alegre, resoluto, zeloso em propagar a Religião e persuadido de que o guerreiro que luta pelo Cristianismo terá a vitória”.[1]

Em 1518, com 10 navios, 18 cavalos e algumas peças de canhão, comandou 700 homens e zarpou com o objetivo de conquistar o México. A fim de prestar assistência religiosa aos membros da comitiva e catequizar os índios, levou também alguns sacerdotes. Cada barco conduzia uma bandeira na qual estava representada uma cruz vermelha em campo de franjas azuis e brancas.

Desembarcaram em 21 de abril de 1519. Foram atacados por um grupo de índios, mas os espanhóis os venceram. Cortés fundou ali uma cidade que nomeou Santa Maria das Vitórias, e muitos nativos receberam o Batismo.

Pouco depois, lançou os fundamentos da cidade que se chamou Vera Cruz porque ali chegaram numa Sexta-Feira Santa. Mandou queimar todos os navios para que seus soldados entendessem ser necessário lutar até a última gota de sangue, pois não mais poderiam regressar ao local de onde partiram.

Nuvem de alvura reluzente

Penetrando no país, Cortés atraiu vários caciques inimigos do rei do México Montezuma, convenceu-os a eliminar o culto de ídolos, os sacrifícios humanos e fez com que, juntamente com seus povos, recebessem ensinamentos católicos.

Numa localidade, ergueu uma Cruz no alto de um monte e recomendou aos caciques que a venerassem, mas eles permaneceram inertes. Então, uma espessa nuvem de uma alvura reluzente cobriu-a e transformou-se numa coluna. Muitos índios se converteram e, ao passar diante dela, se ajoelhavam.  Feiticeiros tentaram arrancar a Cruz e quebrá-la, mas ao se aproximarem entraram em pânico e fugiram.

Informado sobre esses fatos, Montezuma começou a temer Cortés o qual, em novembro de 1519, entrou na capital do México. O rei dos índios o recebeu com reverência e ofereceu-lhe um palácio para hospedar-se com seus acompanhantes. Fez-lhe uma saudação, dizendo que os espanhóis eram enviados pelos deuses.

Em resposta, o Conquistador afirmou existir um só Deus eterno criador do Céu e da Terra e que os mexicanos prostituíam suas almas adorando os demônios, espíritos imundos.

Deblaterou contra os sacrifícios humanos cujas carnes eram servidas nas mesas até do próprio Montezuma. Além de canibal, ele estava de tal modo escravizado pela sensualidade que possuía inúmeras concubinas.

Cortés fez construir, no palácio em que estavam hospedados, uma capela com um altar encimado por um quadro representando Nossa Senhora. Diariamente era celebrada Missa e se rezava o Rosário em conjunto.

Com barra de ferro, destruiu ídolos gigantescos

O Conquistador escreveu carta ao Imperador do Sacro Império Carlos V – que era também Rei da Espanha – informando-lhe que os ídolos adorados pelos mexicanos eram de estatura muito maior do que um homem grande, feitos do seguinte modo:

Colocavam pessoas vivas e saudáveis sobre altares e, despindo seus peitos, arrancavam os corações, misturavam o sangue que escorria com uma massa de legumes moídos e lhe davam formas de enormes estátuas.

Certo dia, Hernán Cortés, acompanhado de dois espanhóis, se dirigiu a um local onde se adorava ídolos gigantescos. Mandou chamar outros 40 compatriotas para ajudá-lo. Antes mesmo que estes chegassem, ele subiu alguns degraus, apanhou uma barra de ferro e, dando enorme salto, destruiu os ídolos na presença dos feiticeiros embasbacados.

Um dos espanhóis presentes escreveu que o salto era efeito de uma ação sobrenatural, ou seja, da graça divina. “Aquele foi o momento culminante da conquista”[2] do México.

Cortés aprisiona Montezuma

Um general, por ordem de Montezuma, dirigiu ataque a uma guarnição espanhola em Vera Cruz, matando alguns soldados. Cortés exigiu a punição daquele general e seus comparsas.

Assim que os culpados chegaram à capital, o Conquistador colocou algemas nos pulsos do rei mexicano e mandou que aqueles fossem queimados diante do palácio real. Em seguida, retirou os grilhões de Montezuma que permaneceu preso.

 Pouco depois, o monarca foi morto por seus vassalos, os quais elegeram Guatimozin como seu sucessor e atacaram o quartel general dos espanhóis.

Cortés ordenou a retirada. Após seis dias de marcha, depararam-se com uma multidão de índios que os atacaram, mas foram derrotados pelos espanhóis.

Essa vitória, obtida em julho de 1520, foi decisiva pois em seguida encontraram grande número de índios fiéis, com os quais Cortés constituiu uma tropa valorosa e voltou para a capital do México. Guatimozin defendeu-a por três meses, mas Cortés reconquistou-a em 13 de agosto de 1521, e 200.000 mexicanos ficaram sob sua bandeira.

Um milhão de batizados e 20.000 ídolos queimados

Cortés favoreceu enormemente o apostolado junto aos mexicanos.  Atendendo ao seu pedido, Carlos V enviou doze franciscanos para o México que ali desembarcaram em maio de 1524.

Nas localidades por onde caminhavam descalços, os sinos repicavam, os índios portavam cruzes, os espanhóis se ajoelhavam e osculavam suas mãos.

Quando chegaram à capital do México, Cortés os acolheu com veneração beijando suas mãos, sendo imitado por seus soldados. Estavam presentes Guatimozin com seus índios. Um desses frades batizou o índio São Juan Diego ao qual Nossa Senhora de Guadalupe apareceu, em 1531.

Nesse mesmo ano, Frei Juan de Zumárraga – primeiro Bispo do México – escreveu: Os franciscanos “já batizaram mais de um milhão desses infiéis, fizeram demolir 500 templos e queimar mais de 20.000 ídolos”.[3]

Tendo sido caluniado por pessoas da Espanha, Cortés viajou para sua pátria em 1528, mas não alcançou seus objetivos. Dois anos depois, regressou ao México onde foi bem recebido pelos espanhóis e mexicanos. Entretanto, as autoridades designadas pelo Poder Real o rejeitaram.

Em 1540, voltou para a Espanha e teve novos dissabores. Carlos V chegou a afirmar que Cortés não era o conquistador do México…

Estando em Castilleja de la Cuesta, perto de Sevilha, faleceu em 2 de dezembro de 1547, aos 62 anos de idade.[4]

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1929, v. IX, p. 8.

[2] MADARIAGA, Salvador de. Hernán Cortés. Espanha: Espasa Calpe, 2008, p. 240.

[3] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Bareille et Fèvre. 1884. v. 34, p. 186.

[4] Cf. ROHRBACHER, René-François. Histoire universelle de l’Église Catholique. Paris : Louis Vivès. 1847, v. 24, p. 84-96.

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