França: prefeitura de Marselha proíbe exibição do filme “Sacré-Cœur” em nome da laicidade
Por trás das palavras de “neutralidade” e “laicidade”, esconde-se uma hostilidade contra tudo o que remete ao cristianismo.
Redação (23/10/2025 11:13, Gaudium Press) A polêmica em torno do filme Sacré-Cœur (Sagrado Coração) . Desta vez, foi a prefeitura de Marselha, França, que cancelou ontem, 22 de outubro, a exibição do filme no castelo de La Buzine, alegando uma “violação do princípio da laicidade” em um espaço público.
Este filme, dirigido por Steven e Sabrina Gunnell, lançado em 1 de outubro de 2025, retrata as aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque (1673-1675) e tem tido grande sucesso, com cerca de 200 mil ingressos vendidos em três semanas.
O cancelamento, decidido uma hora antes da sessão, gerou indignação dos diretores e espectadores, que denunciam censura.
Os diretores, que na ocasião estavam em Paris, afirmaram ter descoberto o cancelamento “após uma publicação” no X. Sabrina Gunnell conta ter recebido a mensagem de uma seguidora explicando: “Fomos lá com minha cunhada… Disseram que ‘por motivos de laicidade, o filme foi cancelado’”.
Steven Gunnell, correalizador de Sacré-Cœur, critica a censura após o cancelamento da exibição do filme em Marselha, argumentando que a decisão abre precedente para outras proibições. Ele compara a oposição ao filme, que trata de amor, fé e história francesa, a algo injustificável, como se fosse apologia ao nazismo.
Convertido ao catolicismo, Steven condena a passividade dos cristãos, incentivando-os a exibirem sua fé publicamente, como outros fazem com seus símbolos religiosos. Ele expressa desgosto com a situação, destacando que o filme, com 10 mil ingressos diários, é uma “bênção” para o cinema em crise, e agradece o apoio de muçulmanos, judeus e outros que valorizam a obra por sua relevância histórica.
Sabrina Gunnell relata obstáculos semelhantes, como uma sala em Ariège que recusou o filme por considerá-lo “extremista”, forçando espectadores a viajarem duas horas até Toulouse. E acrescenta: “Parece até que não há problemas mais graves em Marselha!”
A prefeitura, em comunicado de 23 de outubro, justificou a decisão com base na lei de 1905, que proíbe conteúdos confessionais em locais públicos, esclarecendo que não se trata de uma proibição geral do filme, que continua sendo exibido em outros locais; uma explicação que não convence.
O deputado Franck Allisio condena a aplicação seletiva da laicidade: “uma decisão tão absurda quanto hipócrita. Defende-se a laicidade quando se trata do cristianismo, mas ela é ignorada quando se trata de fazer um discurso em uma mesquita”, confidencia ele ao jornal Le Figaro.
Segundo o deputado, esse cancelamento ilustra “um duplo padrão que indigna muitos moradores de Marselha”. E conclui: “É um sinal preocupante para a liberdade de expressão em Marselha”.
E o site Tribune Chretienne observa: “Que ironia! Marselha, a cidade que, há 305 anos, se consagrou ao Coração de Cristo para escapar da peste, vê hoje seus governantes virarem as costas Àquele cuja soberania havia reconhecido. A cidade que recebeu o papa com pompa há um ano não suporta mais que se pronuncie o nome de Jesus em uma tela”.
Apesar das controvérsias, Sacré-Cœur segue atraindo um grande público, combinando reconstituição histórica e mensagem espiritual.
Com informações Le Figaro e Tribune Chretienne






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