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EUA: governo da Califórnia destrói imagem de São Junípero Serra

O governo democrata da Califórnia removeu a imagem de São Junípero Serra após mentir sobre ter consultado o arcebispo de São Francisco.

Foto: wikimapia

Foto: wikimapia

Redação (08/11/2025 07:02, Gaudium Press) Uma imagem de bronze de 6,7 metros de altura dedicada a Junípero Serra, o missionário franciscano do século XVIII que fundou o sistema de missões da Califórnia, foi demolida de forma discreta neste verão junto à Interstate 280 (rodovia interestadual), desencadeando acusações de que autoridades estaduais mentiram ao afirmar que consultaram a Igreja Católica.

O arcebispo de São Francisco, Dom Salvatore Cordileone, declarou ao National Catholic Register que o Departamento de Transportes da Califórnia (California Department of Transportation – Caltrans) jamais contatou sua arquidiocese, apesar das alegações públicas de diálogo com 15 organizações religiosas. “Disseram que consultaram organizações religiosas, mas não nos consultaram. Fomos completamente excluídos”, afirmou Cordileone em entrevista exclusiva. “Mais uma vez, as instituições californianas tratam a Igreja como um problema, e não como parceira. Mentem, discriminam e negam-nos voz.”

O Departamento de Transportes da Califórnia não apresentou qualquer documentação de comunicação com a arquidiocese, apesar de reiterados pedidos. Um e-mail interno vazado, obtido pelo Register, revela que a imagem não foi realocada — como inicialmente sugerido —, mas destruída por ser considerada “estruturalmente complexa demais para ser movida intacta”.

Erguida em 1976 pelo empreiteiro católico Louis DuBois, durante o bicentenário dos Estados Unidos, a imagem permaneceu por quase 50 anos como um tributo à beira da estrada ao papel de Serra na fundação de nove missões que deram origem a cidades californianas modernas, incluindo Los Angeles, San Diego e São Francisco. Na sua base, constavam os nomes das missões, e a imagem representava São Junípero apontando para o oeste, em direção ao Pacífico.

São Junípero Serra, canonizado pelo Papa Francisco em 2015, continua sendo uma figura polarizadora. Católicos o exaltam como defensor dos povos indígenas contra abusos coloniais; críticos veem o sistema missionário como apagamento cultural. Imagens de São Junípero foram derrubadas ou removidas em toda a Califórnia nos últimos anos, em meio a protestos por justiça racial.

Gregg Castro, líder dos Ramaytush Ohlone (povos originários da Península de São Francisco) que peticionou ao Departamento de Transportes da Califórnia pela remoção, argumentando que isso violava a separação constitucional entre Igreja e Estado, confirmou que a agência manteve seu grupo informado, mas evitou audiências públicas. “Não queriam outro debate público”, disse Castro.

O Departamento de Transportes da Califórnia justificou a demolição como “necessidade técnica” associada a melhorias na rodovia. Nenhuma consulta pública precedeu a decisão.

Dom Cordileone qualificou a destruição como “intolerância sancionada pelo Estado”, indagando: “Por que apagar um homem que protegeu exatamente as pessoas das quais é acusado de prejudicar?” “Se não conseguirmos mais reconhecer a diferença entre um herói e um opressor, perderemos a capacidade de compreender a verdade histórica”. Ele citou a jornada de 3.200 quilômetros de Serra até a Cidade do México para advogar pelos direitos indígenas.

Robert Senkiewicz, coautor da biografia de 2015 Junípero Serra: California, Indians, and the Transformation of a Missionary, afirmou que Serra “acreditava sinceramente estar salvando almas”, mas operava dentro de um quadro colonial que exigia a “civilização” europeia.

Andrew Galvan, católico Ohlone e curador da Missão Dolores, defendeu a santidade de Serra apesar do sofrimento ancestral sob as missões. “Foi um homem bom em uma situação ruim”, disse Galvan. “Podem criticar o sistema — compreendo isso. Mas não podem lhe tirar a santidade.”

Em 2021, a Califórnia substituiu uma imagem de São Junípero no Capitólio estadual por outra em homenagem aos povos indígenas. Os arcebispos Cordileone e José Gómez, de Los Angeles, defenderam São Junípero Serra em um ensaio publicado no Wall Street Journal, destacando suas denúncias contra abusos.

Dom Cordileone enquadrou o incidente como algo maior que um monumento. “Não se trata apenas de um debate histórico”, declarou, “mas de saber se a verdade ainda importa na vida pública ou se a entregamos à ideologia.”

O Departamento de Transportes da Califórnia recusou-se a comentar o e-mail vazado ou as alegações de consulta.

Com informações Zenit

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