Entre 14 e 21 de julho: os mártires e a liberdade
A Revolução Francesa terminou e a narração de sua história se encontra nos livros, mas o comunismo continua devastando com o apoio silencioso de muitos dos que deviam se levantar para defender o direito de milhares de seres humanos oprimidos.
Redação (17/07/2021 15:08, Gaudium Press)
Há alguns dias, em 14 de julho, relembramos a tomada da Bastilha: fortificação cuja queda significou o início de uma série de acontecimentos que mudariam a fisionomia de uma nação, e, por que não dizer, de todo o Ocidente.
“Liberdade!” Era ela a protagonista, e – dizem – o motivo daquela revolta que derramaria tanto sangue em solo francês. A “Igualdade” e a “Fraternidade” da mesma forma guiavam a tomada de atitudes imprudentes ou cautelosas; regiam avanços ou recuos e determinavam a vida ou a morte de reis, nobres e andrajosos, clérigos, religiosos e mesmo dos próprios líderes da Revolução.
Será que, a 14 de julho de 1789, todos homens que apoiavam aquela luta, aparentemente em prol da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” sabiam o que vinha pela frente? Não será que boa parcela dos cristãos franceses pressentia a tempestade que se armava no horizonte, a gravidade dos acontecimentos que se abateriam contra eles e sua Igreja?
O Martirológio Romano não contempla, evidentemente, a data da tomada da Bastilha; mas, sim uma centena de vítimas da Revolução Francesa, muitas das quais são consideradas nestes dias do mês de julho:
15 de julho: Ante a costa de Rocheford, França, Beato Miguel Bernardo Marchand, presbítero e mártir; que durante a Revolução Francesa fora encarcerado em Rouen por ser sacerdote, e depois transladado a uma velha embarcação, onde morreu de doença.
16 de julho: Beatos Nicolás Savou-ret, da Ordem dos Irmãos Menores Conventuais, e Claudio Béguignot, cartuxo, presbíteros e mártires. Encarcerados numa embarcação por ódio ao sacerdócio durante a Revolução Francesa, morreram de doença.
Em Orange, Beatas Aimée de Jesus (Maria Rosa) e outras seis religiosas, virgens e mártires, que, durante a mesma revolução foram decapitadas por se negarem a renunciar à vida religiosa
17 de julho: Em Paris, beatas Teresa de Santo Agostinho (Maria Madalena Claudina) e quinze companheiras, virgens do Carmelo de Compiègne e mártires, que durante a Revolução Francesa se mantiveram fiéis à observância monástica e ante o patíbulo renovaram as promessas batismais e os votos religiosos, sendo depois decapitadas.
18 de julho: Perto de Rochefort, na costa francesa, Beato João Batista de Bruxelas, presbítero de Limoges e mártir, que durante a Revolução Francesa foi aprisionado numa embarcação destinada ao transporte de escravos, na qual, consumido de miséria e atacado pela peste, descansou no Senhor.
21 de julho: No mar, ante a costa de Rochefort, Beato Gabriel Pergaud, presbítero e mártir, cônego regular de Belloc, em Brieu, que, por ser sacerdote, foi expulso de sua abadia e entregue ao cativeiro, onde por uma doença contagiosa morreu, merecendo a coroa do martírio.[1]
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“Liberdade! Liberdade!” – tem sido o brado de todo um povo que já não pode mais aturar as inumanas condições que o comunismo trouxe ao seu país. Há cerca de 60 anos o regime comunista rege a população cubana, e estamos, nesses últimos dias, acompanhando o desenrolar de uma série de protestos do povo da ilha caribenha que clama por liberdade.
Por certo, a liberdade era o que o regime esquerdista prometia em Cuba; e foi exatamente o que tirou do país cujos habitantes, em grande parte, vivem em condições precárias e já passam fome.
Aliás, durante os protestos foram detidos membros do clero católico nos últimos dias: era de se esperar de um regime em sua raiz antirreligioso. E a liberdade, onde está?
O comunismo, como a Revolução Francesa, já fez mártires e vítimas em muitos lugares do mundo; mas esta terminou e a narração de sua história se encontra nos livros, enquanto que comunismo continua devastando com o apoio silencioso de muitos dos que deviam se levantar para defender o direito de milhares de seres humanos oprimidos.
Se os revolucionários de 1789 não foram os predecessores do comunismo hodierno stricto sensu, ao menos trazem muitas características semelhantes: prometem a liberdade e escravizam; pregam a igualdade que a uns favorece e a outros oprime; defendem uma fraternidade falsa, que exclui a Religião e a verdadeira caridade do círculo de seus afetos.
Será preciso que mais páginas da história sejam escritas com sangue para “prevermos” o que vem pela frente?
Por João Paulo de Oliveira
[1] Cf. MARTYROLOGIUM ROMANUM. Editio altera. Città del Vaticano: L.E.V., 2004, p. 338-348.
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