Ecumenismo: máscara ou realidade?
Poderia haver algo escondido por detrás do conceito de “ecumenismo”?
Redação (04/12/2022 08:45, Gaudium Press) Embora o uso de máscaras seja tão antigo quanto costumeiro, além delas encobrirem faces, adaptam-se também com facilidade ao disfarce de conceitos, no campo ideológico. Assim, é comum acontecer que, sob a máscara de um termo, alguns outros se camuflem. Em geral, os camuflados são sempre menos bons, pois a verdade não necessita de esconderijos.
Pois bem, o termo ecumenismo é um dos que mais ordinariamente faz o papel de máscara, em nossos dias. E, sob sua silhueta, é comum encontrarmos a figura do indiferentismo.
No campo religioso, conforme as palavras de Pio IX, entendemos por indiferentismo a atitude daqueles “católicos que pensam que chegarão à vida eterna as pessoas que vivem nos erros e afastadas da verdadeira fé e da unidade católica”.[1]
Assim, para muitos católicos, o ecumenismo se apresenta como uma nova versão do indiferentismo, pela qual, se não se afirma a igualdade entre todas as religiões, pelo menos pretende-se havê-la entre as confissões cristãs.
Retirando a máscara
Ora, a posição indiferentista é “decididamente contrária à doutrina católica”.[2] Pois, como podem possuir o mesmo valor as diferentes confissões, se apenas em comunhão com a Igreja Católica se obtém salvação?
A este respeito, ouçamos um importante esclarecimento feito pelo dicastério para a doutrina da fé:
“Hoje, todavia, o anúncio missionário da Igreja é posto em causa por teorias de índole relativista, que pretendem justificar o pluralismo religioso, não apenas de facto, mas também de iure (ou de princípio). Há muito que se criou uma situação na qual, para muitos fiéis, não é clara a mesma razão de ser da evangelização. Afirma-se mesmo que a pretensão de ter recebido em dom a plenitude da Revelação de Deus esconde uma atitude de intolerância e um perigo para a paz.
“Quem raciocina assim ignora que a plenitude do dom da verdade que Deus faz, revelando-se ao homem, respeita esta liberdade que Ele próprio cria como traço indelével da natureza humana: uma liberdade que não é indiferença, mas tensão para o bem. Tal respeito é uma exigência da própria fé católica e da caridade de Cristo, um constitutivo da evangelização e, por isso, um bem a promover inseparavelmente do compromisso de fazer conhecer e abraçar livremente a plenitude de salvação que Deus oferece ao homem na Igreja”.[3]
Portanto, o que o ecumenismo católico realmente visa é “fazer crescer a comunhão parcial existente entre os cristãos até à plena comunhão na verdade e na caridade”,[4] à qual só chegaremos por meio da Santa Igreja.
Destarte, que a Igreja logre alcançar o ecumenismo – mas, o verdadeiro – entre seus membros; visto que, se mascarada e falseando a sincera união que deve imperar entre aqueles que professam a fé em Cristo, acabará por afastar da verdade os que devem pertencer a esta casa comum.
Por Thiago Resende
[1] PIO IX. Encíclica Quanto Conficiamur Moerore. In: DH 2865.
[2] Ibid. 2865.
[3] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização, 2007.
[4] JOÃO PAULO II. Encíclica Ut unum sint. In: DH 5000, 14.
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