Domingo: o Dia do Senhor
O domingo é um dia que constitui o próprio centro da vida cristã, por isso é um dia imprescindível!
Redação (25/07/2022 12:47, Gaudium Press) Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu precisamente o domingo para aparecer Ressuscitado pela primeira vez aos Apóstolos e novamente, 8 dias depois, para se apresentar diante deles pela segunda vez no Cenáculo. Domingo, vem de “Dominus”, isto é, Senhor. Um autor do século IV, o Pseudo Eusébio de Alexandria, afirmou que “o dia do Senhor” é: “o senhor dos dias”
Ao longo da história da Cristandade, houve épocas – e situações dentro delas – em que diminuiu a fidelidade ao cumprimento deste dever de cada cristão ao preceito dominical. Houve também situações de perigo devido à proibição da liberdade religiosa, especialmente nos primeiros séculos da Igreja. Tempos como o da perseguição do imperador Diocleciano (304) em que, com muita coragem, os cristãos desafiaram o edito imperial, aceitando até a morte desde que não faltassem às missas dominicais.
São João Paulo II recordou as heroicas testemunhas da fé do século XX, muitas vezes mártires desconhecidos da grande causa de Deus. “”Muitos – afirmava na homilia de Comemoração das Testemunhas da Fé (7-5-2000) – recusaram submeter-se ao culto dos ídolos do século XX, e foram sacrificados pelo comunismo, o nazismo, a idolatria do Estado ou da raça”. E ocorrem ainda hoje em países da África e outros continentes.
O Dies Domine
Essas foram e são perseguições violentas e descaradas, mas há outra que é uma “perseguição dissimulada”, um ambiente não abertamente hostil que os persegue: a indiferença, a tentação de opções cômodas que estão roubando o espaço deste dia santo para todo e qualquer cristão. A mentalidade do “fim de semana” penetrou amplamente, ou seja, tempo de descanso, passeios, atividades culturais, políticas ou esportivas, transformando o domingo, o Dia do Senhor, em mero descanso ou diversão.
Muitos são os problemas que escurecem o horizonte. Novas circunstâncias modificaram a “fisionomia do domingo”, como disse João Paulo II, que, no documento “Dies Domine“, considerava necessário, mais do que nunca, recuperar as motivações e as bases do preceito eclesial, para que “os fiéis veem muito claramente o valor imprescindível do domingo na vida cristã”, porque “é um dia que constitui o próprio centro da vida cristã”, portanto: “é um dia imprescindível!”
Passo a passo ele foi mostrando as várias dimensões do domingo para os cristãos. O que é “dies Domini”, vendo-o com referência à obra da criação; que é “dies Christi”, como o dia do Senhor Ressuscitado; que é “dies Ecclesiae”, como o dia em que a comunidade cristã se reúne para a celebração; “dies hominis“, como dia de alegria, descanso e caridade fraterna.
A fiel observância do Dia do Senhor não impede cada um dos seguidores de Cristo, em outros momentos desse dia, depois ou antes de participar da Missa dominical, em suas relações sociais ou entretenimento, de ter um especial de encontro de pais e filhos, de reciprocidade de escuta, de “estar junto, olhar-se e querer-se bem”, como dizia Lucilia Corrêa de Oliveira sobre ao convívio familiar. Uma partilha que leva a um momento formativo e de recolhimento.
Vivemos tempos difíceis para a prática do preceito dominical. É necessário, não só enfrentar a morte, mas o heroísmo de viver a própria fé com coerência, não se deixando abater pelo ambiente que nos cerca. Pois, o distanciamento da celebração litúrgica nos leva inevitavelmente ao distanciamento de Deus, e vamos nos transformando em católicos não praticantes, que pouco a pouco nos invade uma apatia religiosa que pode nos levar ao ateísmo.
A lamentação de Nossa Senhora de La Salette
Lembro-me, no momento, da aparição de Nossa Senhora de la Salette em 1846 a Mélanie Mathieu e Maximino Giraud. Os videntes descreveram a “bela senhora” com o rosto coberto pelas mãos e chorando inconsolavelmente. E por que Nossa Senhora estava chorando? Uma das razões, Ela lhes disse: “pelo descaso do Dia do Senhor”, preocupada com “os bancos vazios na missa dominical”, pela atitude irreverente dos presentes, também porque outros escolheram o trabalho ou outras atividades em vez de render culto ao Senhor em seu dia.
Dentro desse panorama exposto, não podemos deixar de considerar as mudanças que a pandemia trouxe para nossas vidas, seja na família, no trabalho, no estudo, se não economicamente. Ela atropelou nossos momentos presenciais nas missas, confissões, adoração ao Santíssimo Sacramento, oração em qualquer templo. Não pudemos estar presencialmente em nenhum tipo de celebração litúrgica, repercutindo de maneira notável nas Missas dominicais.
Foi uma prova muito especial, permitida pela Providência. Fomos “trancados” em nossas casas, tendo apenas a opção – habilmente oferecida – de assistir à missa ou outros eventos religiosos virtualmente.
Tivemos a graça de ter como paliativo, na “clausura” a que a quarentena nos submeteu, as missas e terços “online”.
Agora nas atuais circunstâncias em que os efeitos da pandemia estão se dissipando, em que estão sendo liberadas as fortes restrições à assistência presencial, distanciamento social, uso da máscara, etc., é necessário o retorno presencial para a celebração da Santa Missa. As missas “online” têm sido especialmente úteis para a perseverança e aumento do fervor de muitos. Mas, quando se trata da Santa Missa, nada se compara ao comparecimento presencial.
Precisamos passar da virtualidade para o presencial. Sentir uma convivência próxima com o altar, poder se confessar, comungar, não mais por uma comunhão espiritual, mas para receber o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Aproximemo-nos para sentir a emoção de uma Sagrada Eucaristia, celebrada com toda a beleza e solenidade, e retomemos este caminho com firmeza e resolução. Que a Santíssima Virgem, como Mãe bondosa, nos ajude a uma união cada vez maior com Jesus, Nosso Senhor.
Por Pe. Fernando Gioia, EP
Texto extraído, com pequena adaptação, da Prensa Gráfica de El Salvador, 24 de julho de 2022.
www.reflecting.org
Deixe seu comentário