Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira nomeado bispo de Chillán no Chile
A nomeação de Ferrada como bispo da Diocese de San Bartolomé de Chillán, no Chile – arquidiocese relevante, mas distante do epicentro romano – é vista como um recado: o Papa quer responsáveis pela Cúria capazes de ouvir e ser transparentes, não administradores fechados em sua autoridade.

Foto: clerus.va/ Vatican Media
Redação (03/11/2025 11:36, Gaudium Press) O Santo Padre Leão XIV nomeou como novo bispo da Diocese de San Bartolomé de Chillán, no Chile, Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira, transferindo-o da sede titular de Tiburnia e do cargo de secretário do Dicastério para o Clero, e mantendo o título pessoal de arcebispo, conforme informou a Sala de Imprensa da Santa Sé em seu boletim diário desta última sexta-feira, 31 de outubro de 2025.
Ferrada Moreira nasceu em 10 de junho de 1969 em Santiago do Chile, na homônima Arquidiocese Metropolitana. Frequentou um curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Chile e, como aluno do Seminário Pontifício de Santiago, obteve o Bacharelado em Teologia. Obteve a Licenciatura em Ciências Bíblicas no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e o Doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado sacerdote em 3 de julho de 1999.
Em 1º de outubro de 2021, foi nomeado Secretário da então Congregação (hoje Dicastério) para o Clero e Arcebispo titular de Tiburnia, recebendo a ordenação episcopal no dia 17 de outubro seguinte.
É membro do Dicastério para a Evangelização (Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares) e do Dicastério para os Bispos.
Papa Leão XIV avança na reforma da Cúria
Em um movimento que reforça a reorganização da Cúria Romana para uma lógica de serviço institucional, o Papa Leão XIV nomeou Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira como arcebispo coadjutor de Santiago do Chile. Até então secretário do Dicastério para o Clero e um dos aliados mais próximos do Papa Francisco, Ferrada deixa o Vaticano após tensões internas no órgão, conforme reporta o site francês Tribune Chrétienne.
A decisão é interpretada como parte de uma reorganização gradual, mas firme, promovida por Leão XIV. Ferrada, chileno de 54 anos, integrou o círculo íntimo de Francisco desde sua promoção, em 2021, a secretário da então Congregação para o Clero. Na ocasião, o pontífice argentino o consagrou pessoalmente arcebispo em cerimônia solene na Basílica de São Pedro – gesto que simbolizava confiança plena e o desejo de mantê-lo como peça-chave na reforma do clero mundial.
Contudo, o estilo centralizador de Ferrada gerou atritos. Fontes internas apontam que ele concentrou progressivamente as decisões do dicastério, reduzindo a influência do prefeito, o cardeal sul-coreano Lazarus You Heung-sik.
Bispos de diversas conferências episcopais relataram ao Vaticano um funcionamento cada vez mais opaco no Dicastério para o Clero durante a gestão de Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira. Entre as queixas: processos bloqueados sem justificativa, decisões revisadas à última hora e tratamento desigual entre casos análogos, conforme apurou Tribune Chrétienne. Certos sacerdotes – considerados “protegidos” – beneficiavam-se de indulgência excepcional em suas situações. Em contrapartida, outros enfrentavam punições severas e inesperadas. Essa assimetria, somada à concentração de poder nas mãos de Ferrada, erodiu a confiança no dicastério, cuja missão primordial é acompanhar presbíteros e fomentar vocações.
A nomeação de Ferrada como bispo da Diocese de San Bartolomé de Chillán, no Chile – arquidiocese relevante, mas distante do epicentro romano – é lida nos corredores vaticanos como recado inequívoco: o Papa quer responsáveis pela Cúria capazes de ouvir e ser transparentes, não administradores fechados em sua autoridade.
Com a transferência de Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira, o Papa Leão XIV avança na restauração de um modelo curial mais equilibrado, onde a formação sacerdotal e a gestão administrativa do clero operam em esferas distintas. O objetivo: garantir acompanhamento justo, transparente e próximo às realidades locais, longe de centralizações. O Papa age sem rupturas espetaculares, mas com constância: corrige os desequilíbrios, devolve o sentido às instituições e estabelece as responsabilidades.
Com informações Tribune Chrétienne




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