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Dois silêncios… e um ensinamento

Num mundo agitado pela desordem nas almas, recebemos o convite para encontrar humildade e paz através do silêncio interior.

“O sonho de São José”, por Miguel Cabrera - Museu da América, Madri Foto: Francisco Lecaros

“O sonho de São José”, por Miguel Cabrera – Museu da América, Madri Foto: Francisco Lecaros

Redação (20/12/2025 15:44, Gaudium Press) Há algum tempo, tornou-se notícia um desafio lançado por uma empresa de renome internacional: ofereciam uma grande soma de dinheiro a quem conseguisse permanecer por mais de uma hora numa sala isolada de qualquer ruído exterior.

Apesar do prêmio, aparentemente tão simples de alcançar, as pessoas eram incapazes de ficar ali quietas, escutando apenas sua respiração e batimentos cardíacos. Após algum tempo, sentiam-se aflitas por estar entregues somente a seus próprios pensamentos. O mundo de hoje nos desacostumou ao silêncio…

O Evangelho deste domingo, entretanto, quer nos mostrar a importância do silêncio interior.

Contemplamos na narração de São Mateus (cf. Mt 1, 18-24) dois silêncios: o da humildade e o do coração.

Primeiramente vemos Maria Santíssima que, após receber a visita do Arcanjo São Gabriel anunciando-Lhe a mais alta dignidade concedida a uma criatura, a de ser Mãe de Deus, guarda silêncio. Não sai pelas ruas chamando a atenção dos demais para o divino mistério que se realizava em suas entranhas virginais, nem procura enaltecer-Se pela grandeza de sua condição. Não se julga no direito de transmitir nem mesmo a seu castíssimo esposo o milagre indizível que portava em Si, talvez pensando: “Se o que há em Mim é obra de Deus, Ele mesmo o revelará a quem considere necessário”. Silêncio da humildade, que guarda em Si os dons divinos e não Se envaidece daquilo que recebeu do Criador.

De outro lado vemos São José, homem justo, que A recebera como Esposa por meio de sinais do Céu e ratificara com Ela o voto de ambos guardarem a virgindade por amor a Deus. Contudo, ele percebe em Nossa Senhora os sinais característicos da gestação…

Testemunha da santidade de Maria, ardente devoto d’Ela como não houve outro na História, em nenhum momento o Glorioso Patriarca sequer suspeitou de sua integridade. Ao contrário, de imediato deu-se conta do sublime mistério que envolvia sua virginal Esposa. Mistério tão elevado, que ele era indigno de conhecê-lo… E, se essa era a vontade de Deus, a atitude mais perfeita consistia em aceitá-la e retirar-se no silêncio de seu coração.

Ambos os silêncios são fruto da serenidade característica daqueles que desejam servir a Deus e estão sempre dispostos a renunciar à própria vontade, a fim de cumprir a d’Ele.

O mundo, porém, acostuma os homens à agitação, roubando-lhes a paz de alma e a capacidade de, recolhendo-se em seu interior, aceitar a vontade da Providência. É este o ruído constante que desequilibra as almas.

Aprendamos com Maria o silêncio da humildade, nunca nos envaidecendo dos dons que devemos ao Criador. E saibamos, como São José, silenciar nossas angústias ou aflições, aceitando sempre a vontade de Deus, pois isso trará a aurora de sua manifestação.

Artigo extraído da Revista Arautos do Evangelho dezembro 2025. Por Pe. Lucas Garcia Pinto, EP 

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