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Dicastério para a Doutrina da Fé publica nota doutrinal sobre a monogamia

O texto apresenta uma extensão incomum em notas doutrinais deste tipo, e um estilo que não é normativo, como comum é em documentos deste dicastério.

Dicasterio para a Doutrina da Fe publica nota doutrinal sobre a monogamia

Foto: Pixabay/Joshua Choate.

Cidade do Vaticano (25/11/2025 15h02, Gaudium Press ) O Dicastério para a Doutrina da Fé publicou nesta terça-feira, 25 de novembro, uma Nota Doutrinal intitulada ‘Una Caro (uma só carne). Elogio à monogamia’. O documento, que trata “sobre o valor do matrimônio como união exclusiva e pertencimento recíproco”, explica que aqueles que se doam de forma plena e completa um ao outro só podem ser dois, pois, de outra forma, seria um dom parcial de si mesmo que não respeita a dignidade do parceiro.

Na introdução do documento, o prefeito do Cardeal, Víctor Manuel Fernández, explica que este texto teve três motivações: o atual “contexto global de desenvolvimento do poder tecnológico”, que leva o homem a pensar-se como “uma criatura sem limites”; discutir com os Bispos africanos sobre o tema da poligamia; e o crescimento do poliamor no Ocidente.

Beleza da unidade conjugal

Diante deste panorama, o Dicastério para a Doutrina da Fé quis realçar a beleza da unidade conjugal que, “com a ajuda da graça”, representa também “a união entre Cristo e sua esposa amada, a Igreja”. A nota é destinada principalmente aos Bispos, porém, através dela se deseja auxiliar os jovens, os noivos e os esposos a captar “a riqueza” do matrimônio cristão, estimulando “uma reflexão serena e um aprofundamento prolongado” sobre este importante assunto.

Dividido em sete capítulos, além das Conclusões, o texto reafirma que a monogamia não é uma limitação, mas a possibilidade de um amor que se abre ao eterno. A Nota reafirma ainda que “todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por dois indivíduos, que exige uma relação tão íntima e totalizante que não pode ser compartilhada com outros”. Portanto, entre as duas propriedades essenciais do vínculo matrimonial — unidade e indissolubilidade — é a primeira que fundamenta a segunda: a fidelidade é possível somente a partir de uma comunhão escolhida e renovada. Só assim o amor conjugal será uma realidade dinâmica, chamada a um crescimento e um desenvolvimento contínuo no tempo, em uma “promessa de infinito”.

Estilo não normativo, abordagem mais pessoal e literária-poética

Com a intenção de elogiar a monogamia, esta nota doutrinal recorre às Sagradas Escrituras, às restrições de Papas, à história do pensamento cristão, à filosofia e até à poesia (embora os analistas já apontem um certo inconveniente em solicitações como a do poeta comunista Neruda), razões que incentivam a escolha de uma união amorosa única e exclusiva.

O texto apresenta uma extensão incomum em notas doutrinais deste tipo, e um estilo que não é normativo, como comum é em documentos deste dicastério, mas sim uma abordagem mais pessoal e literária-poética. As recomendações não provêm apenas de fontes católicas, mas também incluem fontes externas, incluindo menções a tradições hindus, confirmando a predominância de um estilo mais magistral, de acordo com a tradição do que antes era chamado de Santo Ofício. (EPC)

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