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Dia da Ressurreição: ver e acreditar com Maria

A fé da Virgem Maria ilumina e fortalece os que a Ela se recomendam.

Foto: Francisco Lecaros

Foto: Francisco Lecaros

Redação (30/03/2024 15:50, Gaudium Press) A cruz proclamara o fracasso e a derrota de Jesus e de seus seguidores. Aparentemente, de que serviu-lhe curar cegos, leprosos e paralíticos para, no fim de tudo, ser recompensado com insultos, bofetões e cusparadas?

Enquanto a balbúrdia e os gritos da multidão furibunda ainda ecoavam nos ouvidos dos discípulos, estes pensamentos bem poderiam atordoar suas mentes vacilantes…

Com efeito, “ainda estava escuro”. Não simplesmente pelo fato de que o Sol ainda não tivesse nascido, mas porque a luz da fé fumegava timidamente nas almas dos bons.

Entretanto, inopinadamente, o temor é rompido: uma mulher, que contava ansiosamente os últimos instantes do cumprimento da lei sabática, partiu na primeira hora do dia seguinte. Maria Madalena, com as Santas Mulheres, enfrentaram as trevas da noite na tentativa de prestar alguma homenagem ao Corpo do Senhor. Chegando ao sepulcro, veem a pedra retirada, e a Madalena corre a avisar a Pedro e João que “tiraram o Senhor do túmulo”.

Ainda incapazes de enxergar os acontecimentos sob o prisma da fé, os dois Apóstolos são levados a crer que alguém poderia realmente ter roubado o Corpo de Jesus. Então eles se apressam para averiguar os fatos e saem correndo. São Gregório Magno observa nesta passagem que todo aquele que deseja penetrar nos mistérios de Deus deve, antes de tudo, sair de si mesmo e ir em busca do Senhor.[1]

Duas reações diferentes

Chegando primeiro ao túmulo, João viu as faixas estendidas no solo, mas não entrou. É de conhecimento geral que os parentes têm uma precedência natural sobre os corpos de seus falecidos. Porém, por mais que o Discípulo Amado gozasse desse privilégio, seu respeito à primazia de Pedro fez esperar o Chefe da Igreja.

Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.

A descrição do evangelista dispensa qualquer hipótese de roubo. Afinal, que ladrão se preocuparia em deixar minuciosamente dispostos os tecidos que envolviam o Corpo de Jesus?

Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.

Os dois entraram, os dois tiveram reações diferentes. O primeiro constatou que o Corpo estava ausente. O segundo acreditou que a Ressurreição era evidente. Ambos viram as mesmas coisas. Qual a diferença? Qual o fator pelo qual São João foi o primeiro a crer na Ressurreição – depois de Nossa Senhora –, mesmo antes de contemplar a Jesus com seus olhos?

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!” (Mt 5,8) “De fato, a condição de Apóstolo Virgem conferia a São João uma elevada visão da realidade e uma superior sabedoria”.[2]

A influência de Nossa Senhora e a sua fé inquebrantável

Além disso, ele, o único apóstolo que velava aos pés da cruz, recebeu do Senhor a graça inestimável de ouvir as palavras: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,27). A partir deste momento, foi criada uma nova relação de almas entre Maria e João.

Portanto, se João viu e acreditou, foi pela benéfica e eficaz influência de Maria.

A verdade é que, apesar das insuficiências dos Apóstolos, Nossa Senhora manteve a Igreja viva, pois a tocha de sua fé brilhava com tanto maior fulgor, quanto mais as aparências do fracasso pareciam desmentir as promessas de seu Divino Filho. Com efeito, a fé é a luz que fende as trevas, ultrapassa a consideração terrena da vida e faz com que os olhos do espírito contemplem a verdadeira realidade. Ao contrário, os que dela prescindem, vagueiam nas sombras da cegueira espiritual desviando-se da estrada da salvação.

A fé do católico, para ser pura e autêntica, deve ser provada a ferro e fogo. Logo, se Santa Igreja passa por dolorosas provas, não nos esqueçamos de que Maria é a Mater Ecclesiae: Ela a sustentou sozinha no momento em que os Apóstolos debandaram, Judas traiu e Pedro negou a Jesus.

Assim sendo, depositemos n’Ela nossa confiança, até o momento bendito em que, à semelhança de seu Divino Esposo, a Igreja possa brilhar triunfante e gloriosa, custodiada pela fé inabalável de Maria, à espera de novas efusões de graças.

Por Rodrigo Siqueira


[1] Cf. GREGÓRIO MAGNO. XL hom. in Evang., II, hom. 25, 2, (PL 76, 1190, C-D). In: TOMÁS DE AQUINO. Commentaire sur l”Évangile de Saint Jean. Trad. M. -D. Philippe. Paris: Cerf, 2006, v. 2, p. 410.

[2] CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano-São Paulo: LEV-Instituto Lumen Sapientiæ, 2014, v. 3, p. 278.

 

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