Descoberto jardim do Santo Sepulcro de Jesus, descrito no relato de São João
Foram examinadas camadas do solo e amostras de pólen que permaneceram preservadas por séculos sob o piso da igreja, revelando evidências de que oliveiras e videiras cresciam no local há cerca de 2.000 anos.
Redação (06/04/2025 16:17, Gaudium Press) As escavações lideradas pela professora Francesca Romana Stasolla – professora de arqueologia cristã e medieval da Universidade La Sapienza, em Roma – no Santo Sepulcro, em Jerusalém, revelaram uma descoberta importante, que pode estar intimamente ligada à figura de Cristo.
A equipe identificou o que se acredita ser o jardim mencionado no Evangelho de João, capítulo 19, versículos 40-42, que descreve o local onde Jesus foi sepultado. Nessa passagem, o evangelista relata:
“Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo”.
Essas escavações fazem parte de um extenso projeto de restauração e reabilitação do interior do templo, que começou em 2022 com a aprovação dos três principais guardiões: o Patriarcado Ortodoxo Grego, a Custódia da Terra Santa e o Patriarcado Armênio. Em meio a esse processo, a equipe de pesquisa encontrou vestígios de pólen e restos vegetais compatíveis com uma paisagem de oliveiras e videiras com aproximadamente 2.000 anos de idade, o que coincide tanto geográfica quanto cronologicamente com a descrição do jardim mencionado no Evangelho.
Além disso, a escavação encontrou uma base circular de mármore sob a edícula, o santuário que circunda o túmulo de Jesus. Acredita-se que esse achado seja parte da estrutura original construída pelo imperador Constantino, pois as primeiras representações da igreja, datadas dos séculos V e VI, descrevem-na como tendo esse formato circular.
Sem dúvida, esse local passou por transformações significativas ao longo dos séculos.
Na época de Jesus, a área era uma pedreira fora dos muros de Jerusalém. Com o tempo, tornou-se um cemitério com túmulos escavados na rocha, uma prática comum de sepultamento na antiga Israel. No século II d.C., o local foi incorporado às muralhas da cidade. Posteriormente, Constantino mandou construir a primeira igreja, que foi incendiada no século VII e, anos depois, destruída durante o período islâmico sob o comando do califa Al-Hakim, no século XI. A igreja que hoje se encontra no local tem suas origens no período das Cruzadas.
As descobertas revelam tentativas de criar uma área cultivada no mesmo local, o que é correspondente à descrição do Evangelho. “Foram erguidos muros baixos de pedra e o espaço entre eles foi preenchido com terra. As descobertas arqueobotânicas têm sido de particular interesse para nós à luz do que é mencionado no Evangelho de João, que é considerado como tendo sido escrito ou compilado por alguém familiarizado com Jerusalém na época. O Evangelho menciona uma área verde entre o Calvário e o túmulo, e nós identificamos esses campos de cultivo”, disse a especialista Francesca Romana Stasolla.
A equipe arqueológica não conseguiu escavar toda a área de uma só vez. Em vez disso, eles dividiram a área em seções, escavando uma a uma antes de cobri-las novamente. “Não podemos escavar tudo de uma vez”, explicou Stasolla ao Times of Israel. “Trabalhamos seção por seção, fechando cuidadosamente cada área para que os peregrinos ainda possam acessar a igreja, especialmente com a aproximação da Semana Santa.”
O projeto também prevê a criação de uma reconstrução multimídia dos achados e da estrutura original. “Embora não tenhamos conseguido ver toda a igreja escavada, as novas tecnologias nos permitem reconstruir o contexto geral em nossos laboratórios. No fim, teremos uma reconstrução multimídia completa de todo o quadro”, acrescentou Stasolla.
A permissão concedida aos arqueólogos para escavar no subsolo do templo é considerada um marco nas relações inter-religiosas, especialmente devido à proximidade dos dias santos. O progresso feito nessa pesquisa pode fornecer novas perspectivas sobre a história do local mais sagrado do cristianismo, enquanto os esforços de restauração e conservação continuam.
Com informações e imagem de Fundación Tierra Santa
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