Declarações do Papa sobre a guerra na Ucrânia: Secretário de Estado do Vaticano intervém
As repercussões não se limitaram ao âmbito civil, mas também atingiram o religioso.
Redação (13/03/2024 09:13, Gaudium Press) Longe de diminuir, as reações às declarações do Papa na Rádio-Televisão Suíça, sugerindo que a “bandeira branca” deveria ser hasteada na Ucrânia, se intensificaram. Nas últimas horas, novas personalidades, possivelmente mais influentes, entraram em cena.
Em resumo, um porta-voz da Casa Branca afirmou que o Presidente Biden “respeita profundamente o Papa Francisco” e “se une a ele em oração pela paz na Ucrânia”, mas destacou que essa paz “poderá ser alcançada se a Rússia decidir encerrar esta guerra injusta e não provocada, e retirar suas tropas do território soberano da Ucrânia.” Um representante do Chanceler alemão Scholz, que recentemente visitou o Papa, declarou: “Como é de se esperar, o Chanceler não concorda com o Papa sobre este assunto. A Ucrânia está se defendendo de um agressor e Kiev tem um amplo apoio internacional”.
As repercussões não se limitaram ao âmbito civil, mas também atingiram o religioso. Enquanto o governo de Kiev convocou o núncio no país, Dom Kulbokas, e expressou sua desilusão com as palavras do Pontífice sobre a “bandeira branca”, a Igreja Ortodoxa Grega Ucraniana frisou que “os ucranianos não podem parar de se defender, pois a capitulação significaria a morte deles. As intenções de Putin e da Rússia são claras e óbvias”.
A inevitável enxurrada de reações tornou “necessária” a intervenção do Cardeal Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, o que de fato ocorreu em uma entrevista concedida ao Corriere della Sera.
O Cardeal Parolin afirmou que é óbvio que a principal condição para estabelecer um ambiente propício para negociações é a de pôr fim à agressão, e que esta responsabilidade não diz respeito apenas a uma das partes, mas sim a ambas.
“O apelo do Papa é que sejam criadas condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura. Nunca devemos esquecer o contexto e, neste caso, a pergunta que foi dirigida ao Papa, que, em resposta, falou de negociação e, em particular, da coragem da negociação, que nunca é uma rendição. A Santa Sé prossegue esta linha e continua a pedir um “cessar-fogo” – e cessar fogo deveriam fazer antes de tudo os agressores – e, portanto, a abertura de tratativas. O Santo Padre explica que negociar não é fraqueza, mas é força. Não é rendição, mas é coragem. E diz-nos que devemos ter uma maior consideração pela vida humana, pelas centenas de milhares de vidas humanas que foram sacrificadas nesta guerra no coração da Europa. Estas são palavras que se aplicam à Ucrânia, bem como à Terra Santa e a outros conflitos que estão ensanguentando o mundo”.
O Cardeal Parolin também manifestou a preocupação existente no Vaticano relativa a um potencial agravamento do conflito, ressaltando a constante possibilidade de se alcançar uma solução diplomática.
Além disso, abordou a questão da guerra em Gaza, afirmando que “as duas situações [Gaza e Ucrânia] têm certamente em comum o fato de se terem expandido perigosamente para além de qualquer limite aceitável, que não se consegue resolver, com reflexos em vários países e que não se encontra uma solução sem uma negociação séria. Preocupa-me o ódio que eles estão gerando. Quando poderão ser curadas essas feridas tão profundas?”
Esperemos que a entrevista do Secretário de Estado traga serenidade após esses tumultuados dias. (CCM)
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