“Davi é nobre porque reza. A oração nos dá nobreza”, diz Papa na Audiência Geral
Davi: preferido de Deus, Santo e pecador, perseguido e perseguidor, vítima e carnífice, poeta, nele a oração é uma voz que nunca se cala e porque reza tem nobreza.
Redação (24/06/2020 10:43, Gaudium Press) Nesta quarta-feira, 24/06, a Audiência Geral foi realizada Biblioteca do Palácio Apostólico.
Na catequese, o Pontífice continuou com a temática da Oração que ele vem desenvolvendo ultimamente tratando da “A oração de Davi”: “predileto de Deus desde menino, escolhido para uma missão única, que assumirá um papel central na história do povo de Deus e da nossa fé”.
Davi predileto de Deus, Jesus “Filho de Davi”
O Papa recordou que nos Evangelhos, Jesus é chamado várias vezes “filho de Davi” e, como ele, também nasceu em Belém.
Francisco lembrou também que, segundo as promessas, da descendência de Davi vem o Messias: “Um Rei totalmente segundo o coração de Deus, em perfeita obediência ao Pai, cuja ação cumpre fielmente o seu plano de salvação”.
A história de Davi, narra o Papa, se inicia nas colinas ao redor de Belém, onde apascenta o rebanho de seu pai, Jessé.
Era ainda um rapaz, o último de muitos irmãos, quando, por ordem de Deus, o Profeta Samuel vai em busca do novo rei.
Davi “Bom pastor”, como Jesus, oferece sua vida pelas ovelhas
Davi trabalhava ao ar livre e confortava a sua alma tocando harpa. “Nos longos dias de solidão gostava de tocar e cantar ao seu Deus”:
“Em primeiro lugar Davi é um pastor: um homem que cuida dos animais, que os defende quando surge o perigo, que lhes dá o sustento. Quando Davi, por vontade de Deus, tiver que se preocupar pelo povo, não realizará ações muito diferentes destas. É por isso que na Bíblia a imagem do pastor é muito recorrente. Também Jesus se define “o bom pastor”, o seu comportamento é diferente daquele do mercenário; oferece a sua vida pelas ovelhas, guia-as, sabe o nome de cada uma delas”, disse o Papa.
Davi, homem não vulgar, poeta que canta louvores a Deus
Francisco destacou um traço característico presente na vocação de Davi: o seu espírito de poeta:
“Desta pequena observação deduzimos que Davi não era um homem vulgar, como muitas vezes pode acontecer com indivíduos obrigados a viver por muito tempo isolados da sociedade. Ao contrário, é uma pessoa sensível, que gosta da música e do canto. A harpa o acompanhará sempre: para elevar um hino de alegria a Deus, para expressar um lamento, ou para confessar o próprio pecado. ”
Davi: poeta que reza, autor dos Salmos
Para o Pontífice, o mundo que se apresenta aos olhos de Davi, “não é uma cena silenciosa: o seu olhar capta, por detrás do desenrolar dos acontecimentos, um mistério maior.
A oração nasce precisamente dali: da convicção de que a vida não é algo que passa por nós, mas um mistério surpreendente, que em nós suscita a poesia, a música, a gratidão, o louvor, ou a lamentação e a súplica. ”
Para o Papa, “quando uma pessoa não tem essa dimensão poética, quando lhe falta a poesia, a sua alma manca. ”
“Davi, recorda o Papa, é o grande artífice da composição dos salmos. ”
Em Davi, a oração é uma voz que nunca se cala
“Davi tem um sonho: ser um bom pastor”, disse o Papa, que continuou sublinhando que ele, “Às vezes conseguirá estar à altura desta tarefa, outras vezes, não; mas o que importa, no contexto da história da salvação, é que ele representa a profecia de outro Rei, do qual é apenas anúncio e prefiguração”.
“Olhemos para Davi, pensemos em Davi. Santo e pecador, perseguido e perseguidor, vítima e carnífice também. É uma contradição. Davi era tudo isso, junto”, disse o Pontífice, ressaltando que “também nós, na nossa vida, temos traços frequentemente opostos. Na trama da vida, todos os homens pecam muitas vezes de incoerência. Na vida de Davi existe apenas um fio condutor que confere unidade a tudo o que acontece: a sua oração. Esta é a voz que nunca se apaga”.
“Davi Santo, reza. Davi pecador, reza. Davi perseguido, reza. Davi perseguidor, reza. Davi vítima, reza. Até Davi, carnífice, reza. Este é o fio condutor de sua vida. Um homem de oração. Essa é a voz que nunca se apaga: quer assuma os tons do júbilo, quer os da lamentação, é sempre a mesma oração, só muda a melodia.
Agindo assim, Davi nos ensina a deixar que tudo faça parte do diálogo com Deus: tanto a alegria como a culpa, o amor como o sofrimento, a amizade como a doença. Tudo pode tornar-se palavra dirigida ao “Tu” que nos ouve sempre”, salientou Francisco.
Davi é nobre porque reza em qualquer circunstância
“Davi, que conheceu a solidão, disse o Papa, na verdade, nunca esteve sozinho! ”
“E no fundo, –explica o Pontífice–, este é o poder da oração, em todos aqueles que lhe dão espaço na própria vida:
A oração lhe dá nobreza, e Davi é nobre porque reza. É um carnífice que reza, se arrepende e a nobreza retorna da oração.
A oração nos dá nobreza: ela é capaz de assegurar a relação com Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem, no meio das numerosas provações da vida, explica o Papa, para concluir sua catequese sobre a oração:
“Boas ou más, mas sempre a oração. Obrigado, Senhor. Tenho medo, Senhor. Ajuda-me, Senhor. Perdoa-me, Senhor.
A confiança de Davi é tão grande que, quando ele foi perseguido e teve que fugir, ele não deixou ninguém defendê-lo: “Se meu Deus me humilha assim, Ele sabe”, porque a nobreza da oração nos deixa nas mãos de Deus. Aquelas mãos chagadas de amor e as únicas mãos seguras que temos”. (JSG)
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