Conflito entre Armênia e Azerbaijão torna-se cada vez mais religioso
O Azerbaijão bombardeou a Catedral de Sushi, símbolo do ressurgimento da Armênia há 30 anos.
Redação (09/10/2020 11:22, Gaudium Press) Há uma semana, mais precisamente desde 27 de setembro até hoje, as tropas do Azerbaijão combatem contra as da Armênia pelo controle do enclave de Nagorno Karabakh, terras originalmente localizadas no Território Azeri, mas, na verdade, sob a influência da Armênia, já que a maioria de seus habitantes é cristã, de origem armênia.
Desde a queda da União Soviética em 1989 e a proclamação das repúblicas da Armênia e do Azerbaijão, este enclave tem sido objeto de disputa entre os dois países, que se confrontaram repetidas vezes pelo seu controle. De fato, a disputa por este território remonta à queda do império russo em 1918. No entanto, o período soviético manteve o conflito abafado com mão de ferro.
Porém, há hoje um elemento que torna o panorama ainda mais difícil, a clara interferência da Turquia, enviando mercenários jihadistas, como tem sido denunciado por diversas fontes. Isso faz com que as diferenças religiosas entre os dois países (a Armênia é cristã e o Azerbaijão, muçulmano) ganhem cada vez mais relevância no conflito.
Declaração da Comunidade Armênia de Roma
Agora, a Comunidade Armênia de Roma emitiu uma declaração denunciando atos que constituiriam crimes de guerra, particularmente o bombardeio de uma catedral. O comunicado foi publicado no site de Marco Tosatti:
Não contente em bombardear os assentamentos civis da República de Artsakh [Nagorno Karabakh], disparando projéteis contra Stepanakert e outras cidades, forçando a população a viver em porões como aconteceu durante a guerra dos anos 90, agora o ditador Aliyev também ataca símbolos religiosos.
Esta manhã, a catedral de Ghazanchetsots (São Salvador) na cidade de Shushi foi alvo da artilharia, ficando muito danificada.
Para o “Conselho da Comunidade Armênia de Roma”, este é um ato muito grave e exige, mais uma vez, a atenção da Itália e da Europa e a condenação dessas ações bárbaras que afetam a fé das pessoas.
O Azerbaijão (talvez para agradar aos cruéis mercenários jihadistas que lutam por ele) procura levar o conflito ao nível de uma guerra religiosa. (…)
A Catedral de Shushi fica em um local bastante isolado, longe de qualquer edifício que possa ter um mínimo de interesse estratégico. Há trinta anos, após a guerra, [o edifício] foi considerado um símbolo do renascimento do povo armênio.
Agências internacionais informam que jornalistas russos e locais ficaram feridos no ataque à catedral.
É claro que, após os gestos como a re-islamização da Basílica de Santa Sofia em Istambul, apesar das pressões internacionais, o mundo inteiro tem uma sensibilidade especial por tudo o que Erdogan faz. Com efeito, ele já foi acusado por diversas fontes de enviar 4.000 milicianos jihadistas para esta guerra e de estar enviando mais.
Se é confirmado que o Azerbaijão – apoiado pela Turquia – escolheu edifícios religiosos e assentamentos puramente civis como alvos prediletos, provavelmente forçará uma maior intervenção da Europa no assunto. Seria o normal.
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