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Como considerar a fuga da Sagrada Família para o Egito?

“Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar”.

Fuga Egito

Redação (28/01/2022 10:46, Gaudium Press) São José recebeu essa ordem de seu Anjo em sonho para escapar de um risco iminente.

Ao acordar, São José poderia ter julgado que fora apenas um sonho e, movido por critérios materialistas, ter pensado no seu trabalho em Nazaré – parado havia quase dois meses – e na necessidade de atrasar por algum tempo o grande transtorno que significaria esse translado para o Egito.

Junto a si estava o Verbo Eterno, Deus todo-poderoso descido à terra… e seria obrigado a fugir com Ele? Quem, naquela situação, mesmo após um sonho tão claro, levantar-se-ia à noite, tomaria os seus e iniciaria uma viagem de duração indefinida? “Levanta-te e foge”… com Deus e sua Mãe!

E, se era para fugir, por que não seguir os Magos, que acabavam de abandonar Belém? Em vez de ir para o Egito, um país estrangeiro no qual não conheciam ninguém.

Mas, para São José, o importante era a voz de Deus. E ele preferiu obedecer, mesmo sabendo todos os riscos que correria indo para o Egito e que Jesus poderia ser morto a qualquer momento. Flexível à graça, “levantou-se durante a noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito” (Mt 2, 14).

Surgiram tantas dificuldades e problemas no trajeto, que São José pensou em mudar de destino; só não o fez por causa do mandato celeste e das profecias que anunciavam a passagem do Redentor pelo Egito.

Por que o Egito?

Havia uma razão de sabedoria divina nas duras vicissitudes dessa viagem. Como aponta Dr. Plinio, “na fuga para o Egito era a Santa Igreja que, sozinha, peregrinava pelo deserto”.

Estando ali as primícias do Cristianismo, Deus desejava que a Sagrada Família reparasse todas as infidelidades cometidas pelos hebreus ao saírem daquela nação.

Tais pecados, de fato, foram os que mais O ofenderam na História da salvação anterior ao deicídio, pois a luz primordial dos filhos de Abraão, ou seja, o aspecto do Criador que eram mais chamados a representar consistia na fé, no impossível e no irrealizável, em acreditar quando tudo parecesse perdido.

Os feitos de Abraão (cf. Gn 22, 10-12), Jacó (cf. Gn 27, 22-23), Ester (cf. Est 14, 1-19) ou dos três jovens na fornalha ardente (cf. Dn 3, 14-93), entre tantos outros, mostram bem que a virtude dos grandes Santos deste povo se alçava ao angélico quando eles se encontravam num quadro sem solução humana.

No caminho para a Terra Prometida o povo eleito pecou exatamente contra esse chamado, desgostando muito o Senhor. Não obstante, movido pelo entranhado amor por sua herança, quis Ele operar a reparação através de suas três criaturas mais diletas.

Assim, limpo dessa culpa diante da justiça divina, Israel poderia receber dignamente o Messias e a Redenção.

Com esse objetivo, ao longo de todo o percurso a Sagrada Família parou nos locais mais simbólicos da revolta do povo contra Deus, fazendo atos de desagravo.

Estiveram, por exemplo, junto à pedra de Meriba, onde houve a rebelião pela escassez de água (cf. Ex 17, 1-7; Nm 20, 1-13). Ali rezaram, muito recolhidos, com o intuito de reparar aquele pecado contra a fé.

E Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, pediu especialmente por Moisés, para que, por ocasião de sua morte, tivesse sua falta apagada, e esta não lhe fosse imputada no momento de entrar no Céu.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.

Extraído, com pequenas adaptações, de: São José: quem o conhece?… São Paulo: Lumen Sapientiæ, 2017.

 

 

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