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Como chegar lá em cima?

Em questões como esta, melhor será recorrer a alguém que já passou pela mesma situação e venceu o desafio. O que fazer para nos alçarmos até o Céu?

Elevador do Palácio Postal - Cidade do México. Foto: reprodução

Elevador do Palácio Postal – Cidade do México. Foto: reprodução

Redação (25/10/2024 18:14, Gaudium Press) Estou certa de que, em muitas oportunidades na sua vida, você teve de subir escadas. Não me refiro, porém, a essas escadarias de apenas três ou quatro degraus, e sim àquelas cujo termo não se vislumbra logo… Quando crianças, atrevemo-nos a ostentar nossa energia diante dos mais velhos ao galgá-las; mas, passada certa idade – não precisa ser muita –, a situação começa a ficar diferente… Você concorda?

Voltemos com a imaginação a mais de um século atrás, quando nenhum outro modo de vencer tal obstáculo os homens possuíam, a não ser as próprias pernas… Chegar ao último andar de uma alta construção exigia esforço, e contemplar de cima um vasto panorama só era possível por meio do alpinismo, a menos que, antes, alguém tivesse se dedicado a construir… uma escadaria! Com as invenções industriais tudo mudou e hoje podemos, por exemplo, atingir alturas vertiginosas sem padecimento, entrando num simples elevador.

Mas, continuando o nosso diálogo, pergunto-lhe: de que adianta estar muitos metros acima do solo, enquanto a alma não é capaz de erguer-se aos páramos da virtude?

Você, leitor, me porá o problema: “Falar é fácil, difícil é praticar. A santidade não é tão simples! Exigem-se sofrimento, dedicação, perseverança…” Confesso que a presente questão também aflora em meu espírito. Como nenhum de nós pode respondê-la adequadamente, nada melhor do que recorrer a uma testemunha autorizada, alguém que já passou pela mesma situação e venceu o desafio, um doutor no assunto.

O século XIX foi palco de profundas mudanças na existência humana. Foi nesse período que os ascensores apareceram e, tendo-se difundido seu uso, paulatinamente se tornaram comuns. Sem embargo, outra e mais importante transformação se operava concomitantemente: uma nova via de santidade inaugurava-se com a jovem francesa Teresa Martin.

De viagem à Itália, ela se divertiu muito com sua irmã Celina nos elevadores de Roma. Esse passatempo, tão infantil e tão corriqueiro que muitos de nós também o desfrutamos, ficou guardado em sua memória e mais tarde serviria de lição para ela… e para nós!

Ouçamos suas palavras: “Agora, não se tem mais o trabalho de subir os degraus de uma escada: na casa dos ricos, um elevador a substitui vantajosamente. Quanto a mim, também desejei encontrar um elevador para subir até Jesus, pois sou muito pequena para subir a rude escada da perfeição”. O legado de Santa Teresinha do Menino Jesus à Igreja consistiu em abrir uma via na qual a conquista da virtude se faz não pelo temor, mas pela caridade, com que são embalsamados todos os pequenos atos da vida cotidiana.

Continua a eminente e singela Doutora da Igreja: “Fui procurar nos Livros Sagrados a indicação do elevador, objeto de meu desejo, e li estas palavras pronunciadas pela boca da Sabedoria Eterna: ‘Se alguém for pequenino, venha a mim’ (Pr 9, 4). Aproximei-me, pois, adivinhando que tinha descoberto aquilo que procurava. Querendo saber, oh, meu Deus, o que faríeis com o pequenino que correspondesse ao vosso apelo, continuei minhas buscas e eis o que encontrei: ‘Assim como uma mãe acaricia seu filhinho, assim Eu vos consolarei; aconchegar-vos-ei ao meu seio e acariciar-vos-ei sobre meus joelhos!’ (cf. Is 66, 13.12)”.3

Aqui fica a resposta à nossa dúvida: podemos, sem dúvida, chegar à mais alta santidade. As dificuldades permanecerão, porque é pela cruz que se chega à luz; mas elas serão amenizadas pelo unguento do amor, o qual só pode penetrar naquele que reconhece suas carências e confia inteiramente na ação divina.

Por isso conclui Santa Teresinha: “O elevador que deve fazer-me subir até o Céu são os vossos braços, Jesus! Por isso não preciso crescer; devo, pelo contrário, permanecer pequenina e tornar-me cada vez mais pequenina”.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n. 262, outubro 2023. Por Geovana Ignez Procópio dos Santos.

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