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China: governo comunista prende cristãos durante festividades natalinas

Dias antes do Natal, a polícia chinesa invadiu igrejas na província de Zhejiang, prendendo centenas de cristãos numa tentativa de reprimir comunidades religiosas não registradas.

Foto: ziyousuiwo/ X

Foto: ziyousuiwo/ X

Redação (27/12/2025 11:06, Gaudium Press) Enquanto os cristãos ao redor do mundo se preparavam para celebrar o Natal, centenas de fiéis no leste da China enfrentavam uma realidade bem diferente: detenções, intimidações e a perspectiva iminente de passar as festividades natalinas atrás das grades.

De acordo com relatório divulgado pela ChinaAid, organização americana de direitos humanos cristã, as autoridades da cidade de Yayang, em Zhejiang, China, mobilizaram mais de mil policiais, unidades de forças especiais, tropas antidistúrbios e bombeiros desde 13 de dezembro, em uma operação de grande escala contra igrejas domésticas locais.

A operação, que durou vários dias, bloqueou estradas de acesso à igreja de Yayang, confiscou pertences de membros das congregações e impediu os cristãos de entrar em seus locais de culto. Nenhum comunicado oficial foi emitido sobre a ação, que se estendeu por quase cinco dias.

A ChinaAid informou que centenas de pessoas foram levadas para interrogatório apenas nos dois primeiros dias. Pelo menos quatro indivíduos foram detidos nos dias 16 e 17 de dezembro.

Dois cristãos locais — Lin Enzhao, de 58 anos, e Lin Enci, de 54 anos — foram apontados pelas autoridades como “principais suspeitos de organização criminosa”.

Em cartazes de procurados fixados nas ruas da região, são oferecidas recompensas entre 1.000 e 5.000 yuans. No entanto, só é citada a acusação genérica de “provocar brigas e tumultos”, sem detalhar qualquer ato ilegal específico. Outro cartaz apelava à população para que denunciasse “informações sobre suas atividades ilegais e criminosas”.

Os dois homens se destacaram nos últimos anos por resistir às tentativas do governo de demolir propriedades eclesiásticas, remover cruzes e substituir símbolos religiosos por propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo a bandeira nacional e exemplares da constituição do partido.

A província de Zhejiang há muito é um foco de tensões religiosas. Chen Yixin, atual diretor do Ministério de Segurança Estadual da China e natural da província, liderou em 2014 uma campanha para demolir cruzes e promover a instalação de bandeiras nacionais e valores socialistas centrais nas igrejas, avançando na “localização” e “politização” das atividades religiosas.

Os moradores de Yayang resistem a essas medidas há mais de uma década, organizando manifestações, protestos e, ocasionalmente, confrontos com a polícia.

Essas prisões fazem parte da “Eliminação dos seis males” – como designou a ChinaAid – que mobiliza a polícia de choque e forças especiais e antidistúrbios para “demonstrar poder, intimidar cristãos locais e criar um clima de medo”. Os oficiais apresentaram as investidas contra as igrejas como parte de uma “campanha contra o crime organizado”.

Veículos policiais foram posicionados em frente às residências daqueles que são cristãos, comunicações entre fiéis foram interrompidas e agentes realizaram visitas domiciliares para pressionar membros a denunciarem Lin Enzhao e Lin Enci.

Campanhas na mídia estatal disseminaram rumores que retratam os cristãos como “antipatriotas” ou membros de uma “seita”, alinhando-se a esforços nacionais mais amplos para criminalizar certas práticas religiosas.

Bob Fu, fundador da ChinaAid, condenou a operação em declarações ao The Washington Stand. “O ataque de grande porte às igrejas em Wenzhou antes do Natal é um lembrete assustador de que o Partido Comunista Chinês teme mais a luz de Cristo quando ela brilha com maior intensidade”, afirmou Fu. “Invadir igrejas dias antes do Natal não é apenas um ataque aos cristãos, é uma agressão à dignidade humana, à consciência e à esperança que a fé traz a um mundo ferido.”

Fu acrescentou que tentativas históricas de extinguir a fé por meio da perseguição sempre falharam, ressaltando que as investidas apenas fortalecem as igrejas domésticas não registradas na China, ao mesmo tempo em que expõem a “falência moral” do regime.

A repressão se enquadra em um padrão mais amplo documentado por observadores internacionais. A Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) tem destacado repetidamente prisões em massa, destruição de propriedades e “desprogramação” forçada de fiéis sob a política de “sinicização da religião” do presidente Xi Jinping.

Grupos religiosos não registrados e seus líderes frequentemente enfrentam prisão por se recusarem a se filiar a órgãos aprovados pelo Estado. No início deste ano, a USCIRF recomendou designar a China como um “país de preocupação especial” por violações sistemáticas da liberdade religiosa.

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